sábado, 31 de janeiro de 2015

Existem 6 tipos de Países. Qual é o Brasil?




Existem 6 tipos de países.
Por Stephen Kanitz

Em qual deles, na sua opinião, o Brasil se enquadra? 

1. Aqueles que sequer conseguem identificar seus problemas prioritários.

2. Aqueles que conseguem identificar seus problemas, mas não descobrem as soluções para os problemas.

3. Aqueles que conseguem identificar problemas e criar soluções, mas são soluções desastradas que afundam ainda mais o país.

4. Aqueles que identificam seus problemas e acham as soluções corretas, mas não conseguem implantá-las por falta de competência administrativa, capacidade gerencial em administração de projetos, acompanhamento de métricas de sucesso, e mecanismos de feedback.

5. Aqueles que conseguem tudo isto, mas implantam de forma lenta demais para fazer efeito.

6. Aqueles que conseguem tudo isto, implantam as soluções rapidamente, sobrando tempo para se preparar e antecipar o problema seguinte.

E a sua resposta, qual é? 

E o termo “país” inclui professores acadêmicos, a elite intelectual brasileira, os escritores, os jornalistas, os políticos, os ministros, os indignados do FB e blogs, etc, etc.

Todos estes estão muito longe de apontar um planejamento estratégico de dez anos, tempo que levará para corrigir o estrago. Todos estão preocupados com as notícias do dia a dia.

E o mais assustador é que o que mais vejo é a solução simplória, “mais educação” sem sequer especificar se queremos educar mais economistas ou mais engenheiros, mais matemática ou mais Karl Marx?

São tantos os problemas acumulados, sem solução, que entramos num vortex que piora visivelmente a cada dia.

Em vez de perceber a grave situação, a elite intelectual acha que o problema é a corrupção do PT.

Ou dos espíritos animais dos políticos que só pensam em se reeleger, dos jornalistas desesperados para manter seus empregos, dos empresários só pensando em embelezar seus resultados para serem comprados por uma empresa europeia.

Com dois milhões de administradores formados, mas mal aproveitados, é um absurdo a competência de nossa classe pensante em manter o Brasil na categoria 1.

Para implantar ideias boas já temos gente suficiente. Vá entender.
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quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Crise o setor de petróleo e gás?



No eixo das abcissas em nossa tabela, Energia ocupa o sétimo lugar em meu ponto de vista. A situação é diretamente afetada por dois fatores do eixo das ordenadas, o Político e o Econômico.
Segue uma notícia na qual eu e mais quatro companheiros da lista vivenciamos diretamente ao longo de 2015 e como antevi a muitos, 2015 e 2016 serão muito críticos.


http://economia.estadao.com.br/noticias/geral,setor-de-petroleo-e-gas-tera-2015-desafiador-diz-moodys,1616065

"Agência de classificação de risco entende que serão empresas serão as primeiras a sentir os efeitos negativos da desvalorização; prestadoras de serviços sofrerão o impacto com a redução de gastos.
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Sobre a Grécia

O que vale a pena acompanhar na questão grega é a incapacidade de promover desenvolvimento devido a sua reduzidíssima capacidade de produção em todos os segmentos econômicos (devido a seu reduzido espaço e a sua topografia que dificulta a mobilidade). 

Os pendores socialistas em décadas produziram uma ascensão social baseada no consumo e  na dependência de investimentos externos, finitos e com pouca flexibilidade além do turismo. 

No momento que se encara a austeridade externa, dos donos dos dinheiros lá jogados o desequilíbrio social se acentua. Vale acompanhar:



http://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2015/01/1581455-editorial-calcanhar-de-aquiles.shtml
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Menos ideologia em nossa política externa.



É importante e urgente se reduzir o tônus ideológico que conduz nossa política externa. 
Somos um amplo e farto reservatório de commodities e recursos minerais para o mundo em demanda e precisamos saber usar tais competências ora desperdiçadas com países com baixíssima contrapartida. 
Relações e Comércio Exterior são geração de emprego e desenvolvimento.



http://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2015/01/1581419-roberto-abdenur-para-exportar-mais-mais-politica-externa.shtml

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terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Quando Evangivaldo caminhou sobre as águas


Por Jefferson Santos

Lessons Learned é o nome do jogo. As lições aprendidas, em toda e qualquer atividade do ser humano, não devem ser desqualificadas, muito menos ignoradas.

As lições aprendidas são fundamentais como fecho do processo da aquisição do conhecimento. Há o dado, já a informação é o uso dado em um contexto específico e definido. O conhecimento, por sua vez, é fruto da reflexão crítica deste binário com a experiência que você, e se você for esperto para acreditar e aproveitar, e outros já tiveram.

Os registros em manuais, livros de bordo, livros de manutenção e, na parte gerencial da empresa, as notas e relatórios de toda sorte, servem para o fim de registrar a experiência que alguém teve ao finalizar um voo ou um projeto.

Os manuais, normas e diretrizes via de regra são abrangentes e genéricos. Já as notas, adendos, memorandos e circulares tratam do conteúdo dos anteriores de forma mais amiúde. E aí caracteriza-se, muito bem, a capacidade dos viventes de uma determinada organização avolumarem o patrimônio do "Conhecimento organizacional".

Exemplos práticos são muitos e de toda sorte. Como exemplo tive, como piloto, experiências de seguir manuais e diretrizes elaborados de forma genérica em localidades onde pouco se tinha, naquelas brochuras, para se utilizar, sobretudo em situações críticas.

Cito os cuidados que se tem ao se preparar uma aeronave para pernoite em locais remotos. Os manuais são escritos em países e sociedades mais organizadas o que pressupõe que o elenco de experiências que os autores têm acerca de uma atividade específica é dado a partir do que ele vai encontrar em seu país. Assim, a título de exemplo, cuidados em proteger entrada de motores ou conjunto de trens de pouso contra aninhamentos de cobras ou animais em busca do calor remanescente da estrutura ou do motor da aeronave (o calor demora a se esvair, sobretudo se o corte dos motores é noturno) dificilmente são encontrados em manuais escritos em uma sociedade onde a expressiva maioria dos pátios de estacionamento e guarda de aeronaves tem infraestrutura que não facilita a existência daqueles exemplos. Talvez se nosso país se desenvolver bastante para criar uma fábrica ou montadora de aeronaves na região amazônica ou próximo ao pantanal tais exemplos passem a figurar o elenco de exemplos a serem registrados nos manuais de fábrica. Até lá o mais prudente é se valer do que há escrito por alguém que já passou dificuldades.

Levando as considerações para o lado gerencial em uma empresa, a vantagem de se acudir da experiência de outrem, que teve o cuidado de registrar já dá uma ótima dianteira em relação aos outros colegas se você for chamado para participar de um grupo de trabalho para um projeto inusitado... para os demais, até então. Você, prudente e cuidadoso, já teve o tino de amealhar-se do máximo de informações disponíveis e partir para a reunião de "brainstorming" de um projeto com muito mais informação que os demais.

Outra vantagem do registro das "lições aprendidas" é que evita, ao máximo, o retrabalho. Ademais, o hábito de buscar o máximo de experiências registradas possível dá uma sensação de medo do desconhecido substancialmente diminuído.

Ademais, como tive a oportunidade de pilotar mais de quinze tipos de aeronaves diferentes em minha carreira de piloto e ter participado e chefiado uma considerável quantidade de projetos, nos mais diversos níveis, inclusive em assessoria direta a ministros de Estado, posso lhes garantir que mais da metade do que você tem que usar de conhecimentos e experiência agregada você já a teve ao participar de um projeto, ou pilotando uma aeronave. O que lhe sobra são peculiaridades de um novo equipamento ou projeto, mas a essência e base executiva são, via de regra, muito semelhantes.

Muitas vezes deparei-me com colegas estressados com o advento de novos desafios. Eu brincava perguntando se ele era o "Evangivaldo". Este imaginário personagem adveio de uma antiga foto de um jovem fugindo de um touro enfurecido que, junto ao desesperado fugitivo, pulou um pequeno muro que dava sobre um rio. Alguém teve o tino de tirar uma foto e ficou para a "eternidade" com o título de "E Evangivaldo, como Jesus e Pedro, andou sobre as águas...".

Brincadeiras a parte, as "lições aprendidas" são fabulosos "caminho das pedras" sobre caudalosos rios na vida corporativa.

Então, sugiro que crie o hábito de consultar os "alfarrábios".

Boa sorte, bom voo!!
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quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

FORECAST


"O presente artigo trata de importância de se avaliar,  antecipadamente, o cenário no qual seu trabalho e organização estão inseridos. Permite estabelecer alternativas de ação e torna o processo decisório mais consistente e confiável."

Lidar com o desconhecido é uma preocupação latente em qualquer ser humano, em qualquer atividade na qual ele estiver inserido.

Quando nos encontramos no “olho do furacão” logo nos ocorre aquele desejo de ter, antecipadamente, previsto aquela situação para termos melhores e mais opções, melhores e mais acessíveis e seguros caminhos alternativos.

Na aviação, consultar um “Weather Forecast”, para pilotos é uma atividade imprescindível, posto que todo e qualquer vôo, por mais curto e breve que seja guarda, em si, o desconhecido, pois faz parte de sua natureza.

Mesmo em um curto vôo de helicóptero voando a baixo nível ou a mais de 35 000 pés de altitude, em um jato executivo, a oportunidade, segura e confiável, de se ter escolhas alternativas antecipadamente ocorre com o auxílio dos “forecast”.

“Weather Forecast” são previsões meteorológicas elaboradas por especialistas, também chamados de previsores (.stricto sensu).  Eles se encontram naquelas salas de aeroportos de médio e grande porte que é sinalizada por uma grande placa amarela, com uma enorme letra “C”, em azul. É um símbolo convencionado em todo mundo. Também encontramos tais especialistas nos CMA (Centros Meteorológicos de Área), também disponíveis, até por telefone, para pilotos em aeroportos de pequeno porte ou lugares remotos sem tais infraestrutura.
O papel de um previsor é estudar e interpretar as condições meteorológicas com base em comportamentos históricos. Eles se reptem com frequência determinada sobre cada quilômetro quadrado da superfície da Terra. Ou seja, fenômenos que surgem de tempos em tempos, ao longo das 24 horas, do afélio ao periélio (percurso da Terra ao redor do Sol). Apesar dessa relativa previsibilidade, alguns efeitos, para nós pilotos, variam substancialmente tornando-os incógnitas, o desconhecido. O pior deles, para mim, é a “windshear” ou a “tesoura de vento” (apelido atribuído ao fato de “cortar” a sustentação da aeronave, via de regra, na curta final para pouso).

Com relação ao uso dessas informações disponibilizadas pelo previsor e aliadas à experiências anteriores e muito estudo, gero um “conhecimento” sobre o fenômeno e procuro antecipar os resultados. Começo a planejar minha atividade gerencial: o vôo.

Para tanto, conhecia com profundidade o que tinha a fazer e as ferramentas com as quais daria conta da atribuição: a aeronave e seus diversos sistemas.

Quando havia uma programação de voo, um tipo de rotina, eu checava o “forecast” no dia anterior. Avaliava os comportamentos meteorológicos dos dias anteriores em busca de tendências para o dia seguinte. Se houvesse um pernoite fora da sede, ampliava a busca de informações para mais dois dias anteriores.

Já como gestor, subordinado ou liderando um setor ou organização, comportava-me da mesma forma. Todo e qualquer projeto ou simples atividade de rotina era antecedido de um estudo do “forecast”.

Uma tarefa ou projeto dificilmente é inédito em sua íntegra. Ainda que assim fosse, suas características gerenciais básicas muito se assemelhavam a tarefas ou projetos anteriores. Desta forma, recorria aos registros históricos escritos (“lessons learned” - lições aprendidas) ou conversava com quem já tinha tido experiência semelhante.

O Planejar (o “P” do PDCA- Plan, Do, Check and Act) tornava-se mais simples e a tarefa ou projeto, como um todo, menos complexo. O medo do desconhecido se esvaía.

As informações de meu “forecast” gerencial ou as obtinha junto a dois tipos de fontes. O primeiro grupo eram os memorandos e circulares que completavam orientações registradas em normas setoriais e diretrizes organizacionais. Avaliava as que diziam respeito ao meu setor e àqueles que me auxiliariam na consecução dos meus objetivos.

O segundo grupo advinha das notícias diárias. Jornais, rádios e, recentemente, o “twitter” auxiliavam-me, sobremaneira, nas previsões e análises sobre que decisões tomar e como melhor me preparar.

Por hábito adquirido nos planejamentos de voo, também avaliava notícias que viessem interferir nos setores que me apoiavam. Assim greves nos transportes, bloqueios em estradas, apagões de energia elétrica, greves no funcionalismo público, etc, faziam parte de um cenário mais abrangente que, da mesma forma que o vislumbrava a partir do “forecast”, ajudava-me a estabelecer rotas e soluções alternativas e, sempre, me permitiam tomar decisões mais acertadas e seguras. 

Minhas sugestões:

Conheça bem as ferramentas de seu trabalho; 

Conheça bem a missão que você tem que executar;

Conheça as possibilidades de apoio de sua rede de precedentes; 

Avalie o cenário de atuação como se fora a análise de um “forecast’;

Peça ajuda e pergunte aos que já fizeram ou passaram por situação semelhante;

Decida com segurança;

Realize;

Defina seu FCS (Fator Crítico de Sucesso);

Estabeleça seus pontos de controle; e, sobretudo

Registre suas experiências, sucessos e insucessos.

Dá certo. Vai na fé!!
Boa sorte, bons voos!!
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sábado, 17 de janeiro de 2015

Compliance


É um termo bem assertivo e muito forte. "Comply with" significa que a pessoa entendeu, perfeitamente, o que lhe foi dito, instruído ou orientado. Agirá de acordo com uma regra, uma instrução interna, um comando ou um pedido. A partir de então, o emissor, a pessoa que verbalizou a instrução ou orientação, assume que o receptor entendeu, clara e cristalinamente, o que foi dito e fará conforme o "acordado" ou "in accordance to". "You may proceed in accordance to complied..." ("Prossiga de acordo com o confirmado") seriam as palavras do controlador de tráfego aéreo mundo afora.

No Brasil, em aeronáutica, usamos o termo “cotejar” com exatamente o mesmo propósito. O previsor meteorológico, o controlador de tráfego aéreo, esteja ele no “controle de solo”, na torre ou no “controle de aproximação ou decolagem”, ambo setores distintos, transmitem suas instruções a ao fim determinam: “Coteje!” ou “Comply!”; Um acordo subliminar, porém com força até judicial ali é selado. Caso o piloto não repita de acordo com o dito, aqueles controladores repetem, à exaustão, até se convencerem. Contudo, nem sempre o tempo permite tal oportunidade.

Para haver o “compliance” ambos, transmissor e receptor precisam possuir um nível mínimo de instrução e de formação intelectual para atender àquela atividade específica.

Ressalta-se de todo o que foi, até agora, dito a capacidade de ler, entender e se expressar.
Uma gama considerável de acidentes aeronáuticos e de trabalho (ocupacionais) tem como causador de fundo o fator humano: O homem por detrás do erro.

Dos eventos que, ao longo da minha carreira como especialista em prevenção e investigação de acidentes aeronáuticos e de trabalho, lidei ou pesquisei para concluir uma investigação daqueles, denunciaram erros de interpretação de normas e de orientações escritas por forma errada, incompleta, vaga ou inconclusiva.

O cidadão brasileiro já não tem o hábito da leitura. Dificilmente lê, ou segue completamente, um manual de instruções de equipamentos eletroeletrônicos domésticos. O cenário e oportunidade para o erro e o consequente acidente são amplos e profusos. Os riscos evidenciam-se na incapacidade de se expressar, de ler e entender diretivas técnicas. Ademais, a capacidade de se mitigar tal constatação esbarra nos altos custos de capacitação pós-formação nas organizações, ainda mais que as empresas não têm recursos sobrando para complementar o que o Estado deixou de promover.

Nota-se que o raciocínio ultrapassa os limites da atividade aérea, penetrando, incólume, nos redutos dos lares e paredes das organizações.

A pergunta é: Haverá solução no futuro? Parece-me que não, infelizmente não. Neste propósito, o que esperar dos resultados do ENEM 2014?

Ademais, não obstante profusos e emocionados discursos políticos e acadêmicos, o recente resultado denuncia nossa peculiar idiossincrasia. De sorte que a sociedade precisa encarar os fatos e assumir a falência da atual Educação no país. Não bastam os históricos fracassos representados por baixíssimos índices de aprovação nos exames da OAB ao longo do território nacional mas o constante, e quase motivo de piadas, resultados do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Programme for International Student Assessment - PISA ).

O fracasso estampado na assustadora quantidade de notas "zero" obtidas por candidatos aspirantes ao ingresso nas universidades (centros históricos de produção de conhecimento em todos países do mundo), apenas representa, como o ápice de um enorme e desconhecido iceberg, as condições estruturais e, vergonhosamente, conjunturais que nossa sociedade, ao terceirizar sua responsabilidade direta a políticos e intelectuais, permitiu que a educação nacional chegasse. Daí conjuntural e vergonhosa.

O problema maior é que mais de quinhentos mil candidatos com notas zero significa dizer que a qualidade dos profissionais e cidadãos que irão gerenciar a sociedade daqui a vinte anos já está, inexoravelmente, comprometida, sobretudo em capacidade de enxergar, discernir e lidar com os crescentes desafios a nós colocados pela constante e irreversível interação e integração pela globalização.

Quando verificamos o percentual inacreditavelmente baixo da destinação orçamentária pela Lei do Orçamento Anual (LOA), que nos últimos quinze anos gira no entorno de apenas três por cento (3%) há que se considerar que a sociedade não está assumindo seu papel em uma madura e responsável governança social, posto que tais percentuais são avaliados e aprovados por políticos democraticamente eleitos, cujos trabalhos ou ausências são ignorados, pelo eleitor e cidadão, no dia seguinte a colocação de seu voto na urna.

Apagão de mão de obra, analfabetismo funcional, queda na produtividade industrial e, principalmente, queda da qualidade da produtividade individual do trabalhador brasileiro -medido por levantamento do Banco Mundial em 2014- fazem parte de nosso cotidiano que, de tão constantes, já não causam qualquer sobressalto no cidadão, tampouco os impele a cobrar dos políticos eleitos e dos Conselhos de Ensino espalhados nos 26 estados da federação.

Quanto à competitividade internacional de nossos produtos, os elevados custos dos encargos trabalhistas e a baixa qualidade geral dos bens e serviços aqui produzidos não estão estimulando investidores estrangeiros, instituições e países, a projetarem nossa produção ao mundo. Diante de tais quadros ainda é mais barato e seguro investir em países em desenvolvimento na Ásia e África do que em nós, não obstante às melhores qualidades de nosso clima, recursos naturais e estabilidade de nossa idiossincrasia social. Clima tropical, poucos acidentes geográficos significativos e não existirem, entre nós, conflitos étnicos ou sociais nos tornam verdadeiro nirvana para investimentos consistentes e perenes.

Se quisermos se um país que, de fato, quer reduzir a desigualdade social e ampliar sua capacidade de competitividade mundial, a Educação levada a sério é o primeiro e fundamental item de uma extensiva pauta de correções e ajustas urgentes. Basta a sociedade acordar, amadurecer e querer.
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O que esperar dos resultados do ENEM 2014?

A sociedade precisa encarar os fatos e assumir a falência da atual Educação no país. Não bastam os históricos fracassos representados por baixíssimos índices de aprovação nos exames da OAB ao longo do território nacional mas o constante, e quase motivo de piadas, resultados dos exames internacionais de conhecimentos em ciências exatas.

O fracasso da enorme e assustadora quantidade de notas "zero" obtidas por candidatos aspirantes ao ingresso nas universidades, centros históricos de produção de conhecimento em todos países do mundo, apenas representa, como o ápice de um enorme e desconhecido iceberg, as condições estruturais e, vergonhosamente, conjunturais que nossa sociedade, ao terceirizar sua responsabilidade direta a políticos e intelectuais, permitiu que chegasse.

O problema maior é que mais de quinhentos mil candidatos com notas zero significa dizer que a qualidade dos profissionais e cidadãos que irão gerenciar a sociedade daqui a vinte anos já está, inexoravelemente, comprometida, sobretudo em capacidade de enxergar, discernir e lidar com os crescentes desafios nos colocados pela constante e irreversível interação e integração pela globalização.

Quando verificamos o percentual vergonhosamente baixo da destinação orçamentária pela Lei do Orçamento Anual (LOA), que nos últimos quinze anos gira no entorno de apenas três por cento (3%) há que se considerar que a sociedade não está assumindo seu papel de uma madura e responsável governança social, posto que tais percentuais são avaliados e aprovados por políticos democraticamente eleitos.

Apagão de mão de obra, analfabetismo funcional, queda na produtividade industrial e, principalmente, queda da qualidade da produtividade individual do trabalhador brasileiro -medido por levantamento do Banco Mundial em 2014- fazem parte de nosso cotidiano que, de tão constantes, já não causam qualquer sobressalto no cidadão tampouco os impele a cobrar dos políticos eleitos e dos Conselhos de Ensino espalhados nos 26 estados da federação.

Se quisermos se um país que, de fato, quer reduzir a desigualdade social e ampliar sua capacidade de competitividade mundial a Educação levada a sério é o primeiro e fundamental item de uma extensiva pauta de correções e ajustas urgentes.
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sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

Checklist



Em uma tradução livre, adequada para este contexto, seria uma “lista de verificações”.

Um checklist retrata um sequenciamento lógico quando ações adequadas, praticadas em momentos oportunos e em uma sequência cronológica são realizados, de forma concatenada em uma “hierarquia” de fluidez e de funcionalidade.

É, também, uma lista em hierarquia de importância de atos a serem realizados, um APÓS outro, JAMAIS simultâneos. Em uma cabine de vôo, sobretudo sob severas condições meteorológicas e de baixa visibilidade adiante, ainda que em período diurno, o “checklist” permite que o outro piloto confira (check!) ou realize os itens ao serem enunciado. Ao fim de cada etapa anunciam o “compliance” após concordarem e aceitarem a sequência como correta e adequada.

Em minha experiência como piloto voei mais de quinze aeronaves de categorias diferentes, entre aviões e helicópteros, mono e bi-motores e a doutrina intelectual de seguir, criteriosamente, os “checklists” sempre deu-me a garantia de um vôo seguro e consolidou aos demais a imagem de um profissional sério, dedicado, previsível e seguro. Enfim, um portfólio confiável e consistente.

Já em minha vida funcional e organizacional, chefiei mais de vinte setores e organizações distintas em natureza, porte e localidade. Os “checklists” que sempre me deram tranquilidade confiança para enfrentar todo e qualquer desafio, mesmo os intempestivos e inusitados.

Nas organizações, e também na atividade aérea, os “checklists” são estruturados na forma de diretrizes, manuais, normas e atualizados por circulares. A vantagem dos “checklists” é que não são engessados. Muito pelo contrário, são constantemente atualizados por intermédio de “lessons learned” ou lições aprendidas onde mudanças de contextos socioeconômicos são considerados. Novos conceitos e passos a serem seguidos são incorporados ou substituem os já sem pertinência ou validade.

Quanto às diretrizes, tais coletâneas enxergam e interpretam o cenário e orientam a interação mais adequada e oportuna, de toda organização, com o cenário do macroambiente e mercado onde a empresa está inserida. 
Devem ser encaradas como uma lista de experiências anteriores de sucesso e insucesso refletidos e depurados, sempre em busca da eficiência, colocados no papel e assinados.

No âmbito interno organizacional servem como “bíblias” ou “teclas SAP” através das quais todo elenco de normas e circulares servem para traduzir as melhores práticas, as “best practices” 

Dessa forma agregam valor e conhecimento ao incorporar experiências exitosas vivenciadas por outros anteriormente. Elas estabelecem o “modus operandi” através do qual o mercado vê, entende e aceita sua organização e a credibilidade do elenco de integrantes da empesa por intermédio da qualidade do bem ou serviço por ela produzidos.

Representam, também, uma sequência coerente e eficiente de atos que são entendidos e aceitos após certificados pela experiência funcional e vivencial de cada indivíduo ou setores envolvidos, diretamente, no processo.

Da mesma forma, garantem segurança até mesmo aos colaboradores recentes ou novos na empresa mesmo que estejam no dia anterior a uma grande e importante auditoria. Tive, como fato, recente experiência na empresa onde trabalhava cujos diversos setores enfrentaram vários problemas com auditorias externas por não serem seguidos passos elementares de suas próprias diretrizes e normas. Como resultado recebiam notificações com “não-conformidade” (com os próprios procedimentos estabelecidos em suas diretrizes organizacionais), fato que um “checklist” bem praticado certamente não dá espaço para tal acontecer.

Enfim, o que posso lhes dizer, por experiência de mais de trinta e cinco anos como PILOTO E GERENTE,  é que “Sigam os checklists”, pois são os “caminhos das pedras” para a eficiência, segurança, consistência, confiança e sucesso.

Bons Vôos, sucesso em seus projetos.
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domingo, 11 de janeiro de 2015

Sobre arautos e jabutis.

Breves considerações sobre mudanças organizacionais

O ano de 2015 nos reservará muitas surpresas. A desconstrução da relativa solidez de nossa economia esgotou-a ou , ao menos, vem dando visíveis sinais de exaustão frente ao aumento do ritmo do consumo - escolha de decisões adotadas para aquecer a economia sem o necessário investimento na infraestrutura.

Haverá restrições ao consumo, ao acesso ao crédito e não há sinais  ou consenso nos três principais segmentos econômicos (indústria, comércio e serviços) sobre recursos para auto-investimento. Se não houver folga a sobrevivência no limiar do "azul" deverá ser o cenário ao final dos exercícios financeiros.

Este cenário se reverberará com se fora uma onda circular que brota no cair da pedra no plano e imóvel lago. Alcançará e imergirá, indistintamente, todas empresas e organizações ao longo da cadeia produtiva.

Expectativas, desconforto e, eventualmente, desespero serão comuns e, infelizmente, familiares se comparados aos dias anteriores à conquista da estabilidade da moeda, há mais de vinte anos.

A consequente sensação de desorientação e sobressaltos começará a tomar corpo no setores, divisões e corredores. Os boatos começam a fervilhar nos intervalos dos cafezinhos e as "verdades absolutas" a ganhar forma. 

Surgem, então, os arautos incautos. O nome pode sugerir um tipo de papagaio ou ave diferente na fauna brasileira, Contudo, essa figura, comum na Europa medieval, era o soldado responsável pela vigília nos muros que rodeavam os castelos e anunciava a situação de calma ou de ataques. Os incautos atualizavam a situação favorável sem se darem ao trabalho, e obrigação pela qual eram remunerados, de caminhar toda a longa extensão dos muros dos castelos dando, assim, oportunidade que vilões e bandidos encobertos nas sombras, escalassem os muros e, mais adiante, dominassem toda a guarda tomando o castelo. Nas organizações os arautos incautos começam a clamar por mudanças.

Mudanças, incontestáveis e visíveis, quase nos mordendo de tão óbvias. Mas mudar o quê? O quê, exatamente, está errado? O que precisa de mudanças? Correções de procedimentos ou adaptações nos processos ou fluxos de trabalho não seriam mais coerentes e adequados? Assim os custos e impactos seriam menores que nas mudanças mais expressivas ou radicais. Sobretudo em cenários de fortes e profundas restrições econômicas.

Nosso cotidiano é repleto de "sinais inexoráveis" de mudanças. Queremos mudar o síndico quando algo que não nos cheira bem está dando e impressão de estar errado. Mas poucos querem conhecer com mais profundidade os problemas da administração do condomínio onde mora, como mero exemplo, os eternos problemas com mão-de-obra pouco qualificada e com uma vertiginosa rotatividade dos funcionários que encarece, sobremaneira, os parcos recursos amealhados nos pagamentos que o síndico, para o bem de sua integridade física, não ousa aumentar.

Da mesma forma também queremos que o técnico de nosso time seja substituído quando há uma sequência de empates ou derrotas. Mas pouquíssimos querem se interessar em saber da danosa influência dos patrocinadores e mídia no trabalho do técnico ou o como exigem a presença física dos atletas nos momentos que lhes são reservados para o merecido descanso, deixando de correlacionar estas interferência ao desgaste físico e psicológico dos atletas.

Também queremos que o presidente ou prefeito mudem sem nos darmos ao trabalho de acompanhar, muito amiúde, a gestão do orçamento público sob pressão de uma infinidade de interesses  corporativos com lobbies e greves de toda sorte em todos os segmentos da economia brasileira. Enfim, todos querem mudanças sem terem condições, sequer, de apontar de forma cristalina e convincente, o que precisa ser mudado e por qual motivo.

Para mudar primeiro há que se ter prudência. Há que se conhecer, profundamente, o negócio no qual está inserido e as pressões naturais do mercado e do macro-ambiente. Para tanto, o conhecimento profundo das diretrizes, normas e procedimentos escritos e histórico de circulares é de fundamental importância apesar de frequentemente negligenciados. Nossa idiossincrasia brasileira não nos estimula a "debrifing" de projetos ou registrar o que deu certo ou errado para termos as 'lições aprendidas". Tais relatórios são de fundamental importância para se aprofundar o conhecimento de causa, salutar antes de pensar em propor mudanças.

Há que se ter a sensatez de aceitar que as propostas de mudanças requerem constatação e profunda reflexão, sobre as condições e possibilidades que os fornecedores, parceiros, setores precedentes poderão dar de sustentação ao seu projeto e, também, o impacto nos planejamentos dos clientes internos e finalísticos. Há que se considerar que todos estes atores já tem seus planos de metas estabelecidos para o ano em curso e sua proposta de mudança, se baseada em um conhecimento superficial e incompleto (o que, infelizmente, é o que mais ocorre), irá impactar, talvez de forma profunda e irreversível, o desempenho orçamentário de todos em anos de crise e severas restrições de toda sorte.

Quando deparava-me em situações semelhantes conclamava os amigos e parceiros a refletirmos sobre as reais necessidades de mudanças. Via de regra estava remando contra a corrente mas insistia no ponto de vista e nas dúvidas até serem absolutamente sanadas. As análises eram criteriosas e capilarizadas em profundidade até onde podíamos investigar. Ainda assim demonstrava desconforto e ficava incerto. O que dizia aos parceiros e colaboradores ávidos por mudanças ou algo de novo que pudesse lhes dar a oportunidade de "imprimir suas assinaturas" que aquele procedimento ou equipamento ou lay out estava ali já antes de nossa chegada e conviria pesquisar, mais amiúde, o motivo pelo qual ali estava. Afinal, descobrir o que está errado é difícil e, raramente, ocorre em um consenso obtido em curto espaço de tempo. Perguntava que se não tínhamos absoluta certeza sobre o que estava errado como é que queríamos a mudança? Parecia-me coerente, líquido e certo...ledo engano, ledo engano.

Por fim, valia-me de um velho adágio popular aprendido nas ruas de Mesquita, RJ, dos aposentados mais velhos diante do olhar concentrado no tabuleiro de damas cujas pedras eram chapinhas de garrafas de cerveja: "Você já viu algum jabuti subir em árvores? Se não viu há dois motivos para ele lá estar, ou foi boiando em enchente ou porque alguém ali o colocou. Então, "fio", deixa ele lá, deixa quieto, não mexe!!"

Era a postura  mais prudente, afinal a única mudança que poderíamos obter era a página de dispensa na carteira de trabalho carimbada e preenchida. Isso, claro, ninguém queria.
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sábado, 10 de janeiro de 2015

Prudência e canja de galinha

Que 2015 será um ano desconfortável e cheio de sobressaltos todos sentimos, todavia tornar isto mais claro ainda não aparece na mídia com a profusão que se faz necessária. 

Contudo, o Professor Ari Lopes escreveu um breve porém muitíssimo oportuno artigo acerca da necessidade de se enfatizar a importância de se rever e, criteriosamente, seguir os planejamentos orçamentário para 2015. Seu artigo Replanejando 2015 (link) vale a pena ser lido.

As empresas que se anteciparam por certo fizeram seus planejamentos para 2015 com cenários pouco entusiastas, sobretudo porque não há qualquer sinal no horizonte sobre uma séria realização de uma antiquíssimo promessa de campanha presidencial: Reformas Fiscal e Tributária.

A produtividade individual tem se mostrado modesta e negativa na última década (não obstante a explosão de consultorias e coaching) em dados coletados e processados tanto pelo Banco Mundial como o próprio IPEA (quando não obrigado a fazer levantamentos-relâmpagos sobre "sobre o que o brasileiro pensa dos encochamentos" no metro paulista).

O fato é que o acesso ao financiamento, sobretudo para capital de giro ou investimentos, além de mais restrito será temerário com as taxas de juros que deverão manter-se em elevados patamares.

O que vejo como de extrema e importante ação a ser adotada por líderes organizacionais é, constantemente, repassar informações e conhecimentos (em uma genuína "gestão do conhecimento") para todos os níveis e segmentos da organização, fornecedores e parceiros pois quando o clima começa a pesar, assim como ter a esperança de que "a troca de técnico faz torna o time vencedor fazendo-o dar a volta por cima" a pressão por "mudanças" entrará na pauta de reivindicações e fará eco em todo e qualquer corredor, pausa para cafezinhos e "happy hours".

Acontece que mudanças, sobretudo no cenário que se avizinha, não só são temerárias como, principalmente, requerem dinheiro que andará difícil no mercado.

Todos os colaboradores tem a obrigação de estarem cientes do cenário sócio-econômico no entorna da organização e segmento de mercado e, sobretudo, coesos com os esforços dos líderes organizacionais. Ademais prudência e canja de galinha não fazem mal a ninguém. Eficiência e poucos recursos e serão os mantras da hora em 2015. 
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Luz, câmeras e mortes

 Luz, câmeras e mortes

Fabricio Rebelo Mídia@Mais


Isolados em sua árdua tarefa os policias acabam se tornando mais frágeis diante de qualquer ataque, pois não há a quem se socorrerem, a não ser seus próprios colegas de farda, e isso muitas vezes é insuficiente. Os policiais de Paris vitimados no ataque dessa quarta-feira mostram isso de maneira trágica.


Em Paris, a cidade luz, terminou sombria a manhã dessa quarta-feira, quando um grupo de extremistas religiosos – se é que possível achar algum tipo de fé na barbárie – invadiu a sede da revista Charlie Hebdo e matou 10 jornalistas que ali trabalhavam, além de dois policiais que estavam nas imediações do prédio. O ato teria sido resposta à irreverência editorial das charges publicadas pela revista, que constantemente zombava de segmentos religiosos, dentre os quais o Islã, ao qual estariam ligados os autores do massacre.

A cobertura do ataque pela mídia tem sido rica na divulgação de vídeos da ação dos terroristas. Várias filmagens foram feitas por testemunhas, inclusive uma impactante, da execução covarde de um policial já caído. Havia câmeras a postos para registrar o passo-a-passo dos extremistas, mas, infelizmente, nada mais que pudesse ser utilizado para impedir seus atos. As filmagens foram a expressão de uma população em pânico, impotente ao testemunhar assassinatos com inegável toque de crueldade.

A França é um dos países do mundo em que a posse de armas de fogo pela população civil é proibida, exceção feita às de caça e esportivas. Não havia para os terroristas, portanto, nenhum receio de se expor, como fizeram, em vias públicas, justamente o que permitiu fossem amplamente filmados, pois seus únicos potenciais oponentes eram os policiais, previamente dominados e executados. Caso a realidade fosse outra, e além de câmeras os parisienses pudessem contar com algum meio eficaz de autodefesa, o desfecho poderia ser diferente. É uma suposição, obviamente, mas longe de ser fantasiosa, carente de fundamento ou mesmo inédita.

Pouco mais de um mês antes do ataque de Paris, um outro atentado com conotação religiosa ocorreu em Israel, numa sinagoga de Jerusalém. Na ocasião, dois palestinos mataram quatro israelenses e feriram outros oito. Imediatamente após o ataque, junto à condenação da ação dos fundamentalistas, foram anunciadas pelas autoridades israelenses medidas para que a população pudesse ter o acesso a armas de fogo facilitado, ampliando sua possibilidade de defesa. O anúncio não foi sequer questionado, ficando clara a compreensão de que as forças policiais, em qualquer país que seja, não se mostram suficientes a promover a integral segurança dos cidadãos.

Em verdade, isolados na árdua tarefa de promover a segurança social, os policias acabam se tornando mais frágeis diante de qualquer ataque, pois não há a quem se socorrerem, a não ser seus próprios colegas de farda, e isso muitas vezes é insuficiente. Os policiais de Paris vitimados no ataque dessa quarta-feira bem exemplificam isso, de forma emblematicamente trágica.

O exemplo de Israel precisa ser ao menos compreendido. Segurança pública, seja diante de crimes comuns, seja contra ataques terroristas, não é uma operação matemática básica, resumida a dois fatores (polícia e bandidos), é uma equação complexa, com diversos componentes contrapondo-se constantemente em busca de equilíbrio. A possibilidade de reação, das vítimas ou de testemunhas de um ataque, é um dos mais fundamentais desses elementos e jamais pode ser desprezado, como se faz ao instituir indistintamente políticas de desarmamento social. Afinal, como tristemente se viu em Paris, câmeras não impedem mortes.

quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

A bola tá contigo!!

A bola tá contigo!!

Jefferson W. Santos(*)

Breves considerações sobre um manual para pegar "panes a baixa altura".

Sabe aquela sensação que dá um enorme aperto no coração e um verdadeiro pavor? Aquela do pênalti aos 44 min do segundo tempo em uma final de campeonato de futebol com estádio abarrotado? Ou aquela maravilhosa e redondíssima levantada do outro lado da quadra para você cortar quando o jogo já está na prorrogação e o placar 20 a 20, com os braços dos dois times pesando toneladas doidos para hibernar no vestiário? Pois é..."A bola tá contigo!!" "Vai que é tua...só tua!!"

Passei algumas vezes por tais situações. Era novo, muito novo e se tivesse a experiência de mais de trinta e cinco anos de vida corporativa (sonho de todo cabelo de prata) as pernas não teriam tremido. Mas tremeram, eram para tremer, estava no manual não escrito da vida humana, aliás, da comédia humana, muitíssimo longe de ser divina mas, ainda assim, uma comédia.

Pois então, diferente nos campos e quadras, essa bola nas organizações é dada para os novatos. Sim, aqueles incautos aspirantes a qualquer coisa além da insignificância incial dos mais velhos, prontos para lhe jogar no derradeiro vale das lágrimas e lamûrias até ter uma alma caridosa para lhe estender a mão. Um segredinho: Isso é bom, muito bom, aliás. 

Então, imagine-se no "worst case scenario" ou cenário das piores alternativas: Você iniciando sua vida alegre e produtiva em uma organização. Aliás eu acredito que pelo menos um terço de nossas vidas deve ser bem vividos, aliás, sempre gostei de sair de casa para o trabalho e nunca fiquei desesperado por feriados e fins de semana. Eu fazia o meu clima no trabalho. "Como dizia Eleanor Roosvelt, viúva de Franklin Delano Roosvelt, o único a presidir os EUA por três vezes, "Ninguém o faz menor SEM O SEU CONSENTIMENTO!!").

Dizem haver uma inscrição no topo do átrio de uma veneranda universidade portuguesa onde se lê: "Se tiver dúvidas, pergunte!" Que maravilha de verdade universal absoluta. Pergunte mas reflita na resposta. Busque a solução com os mais experientes mas TAMBÉM leia os manuais, as circulares, as normas de conduta e, sobretudo e jamais ignoradas, as Diretrizes. E fuja do "corta, copia e cola" pois para o líder mais sensato meticuloso, acredite ou não, ele lerá na íntegra e irá lhe questinar exatamente onde você escreveu algo que não fez ou não conhece. É batata!  É infalível!

Segue um breve checklist que a experiência e o tempo me ajudaram a coletar e delinear. (Tenham paciência, sou piloto, voei mais de dezesseis tipos de aeronaves, asa fixa e helicópteros diferentes, se estas linhas saem agora é porque estou na superfície e não sete palmos abaixo dela. Cá estou por ler manuais e diretrizes e, sobretudo, por seguir checklists.)

Depois dos simpáticos sorrisos (vamos assim pensar que é) dos seus introdutores, seus avatares organizacionais, seus coachs, pergunte os 5W2H do setor, da repartição e do departamento. Será necessário e essencial, mais adiante, para entender os macro-objetivos de sua organização.

Neste setor, o que tem a ser feito? Por que tem que ser feito? Onde será feito? Quem, além de mim, é o responsável por fazer (começa onde, passa por onde e termina onde)? Quais os prazos de cada atividade (inclusive os prazos de cada setor cliente)? Como é feito? E, sobretudo, quanto custa? Pronto, sete letrinhas venerandas, funcionaram nas duas maiores economias do planeta por décadas: EUA e Japão. (Os livros sobre o Eng Deming, sobre a Toyota e do brasileiro Vicente Falconi são essencias para sua carreira). Ao fazer estas perguntas para seu introdutor você causará uma excelente impressão inicial, acredite.

A não ser que você queira ser o quarto a andar sobre as águas, depois de Jesus, Pedro e Evangivaldo (aquele que o touro ultrapassou a mureta em direção ao rio, atrás do incauto que, por sorte, teve alguém que fotografou...), encare diretrizes e normas como devem ser encaradas: manuais ou roteiros de quem, muito antes de você, ou "alguéns" que se deram mal em fazer na tentativa e erro e acabou por sentar, escrever, discutir, corrigir e alguém acima de ambos, com mais sabedoria e visão de futuro, resolveu adotar como norma escrita. Não serão os primeiros tampouco os últimos, obras bíblicas e tweeters estão repletos de exemplos semelhantes. 

Depois de ler e perguntar acerca de suas atividades e responsabilidades procure mapear de quais setores seu trabalho depende e quem serão seus clientes internos e externos. Para ficar ficar bem na foto. Aliás, muito de seu progresso na empresa depende desse detalhe. Já neste momento procure cultivar certo grau de autonomia. Seus antecedentes e dependentes terão uma ótima imagem de você se esse método lhe for uma prática usual. Gera, sobretudo, credibilidade.

Devido a nosso conturbado cenário econômico, via de regra algo feito antes precisou ser adaptado, corrigido ou criado. Assim procure, sempre lendo e tirando suas conclusões -lembre-se de sua valiosa autonomia para estimular boas decisões futuras- identificar as diferenças entre o que se espera de seu trabalho e o que vem sendo entregue. Chamam de "gap" que passará a ser sua meta de atividade.

Trate cada meta com atenção e carinho. Cada uma como se fora uma filha. Como você não trabalhará nela só, dependerá de outros, sempre, procure planejar a forma com a qual você a conduzirá e elabore argumentos consistentes. Leve em consideração alguns fatores essenciais para suas sugestões serem aceitas.

Para realizá-la (documentos formais chamam de consecução de metas) procure fazer um honesto diagnóstico. Cuidado, não se iluda nem iluda os outros. Faça uma análise também antiga, decana, chamada SWOT (FOFA) Procure ajuda dos mais antigos para identificar o que você disporá de melhor, de excelência na empresa, serão suas Forças, olhe para os setores que irão lhe ajudar, os clientes internos e externos e o mundo fora de seu iphone e sala e identifique as Ameaças. Seja honesto em identificar as Fraquezas para negociar as oportunidades. Acredite ou não, Oportunidades há em volta de vocês aos montes. Via de regra alguns setores públicos e ONG oferecem algum tipo de luz para capacitação ou terceirização de apoio logístico mais acessível. Cuidado com quem vai perguntar, pois quando a ação ultrapassa os limites físicos de sua sala e empresa dois fatores são incluídos na equação: O medo em se comprometer lhe ajudando ou o risco de alguém mais esperto que você, que conhece melhor as mumunhas usar suas idéias e adotá-las como se deles fosse. Acontece demais, infelizmente.

Linhas de ação são termos técnicos adotados como se fora um idioma por todos entendido, por intermédio da qual a alta direção da empresa aceita, adota e autoriza você a cumprir sua meta. Claro que custo e credibilidade da empresa como um todo estão em jogo. Assim, alguns cuidados.

Antes de "vender" sua idéia pergunte a sua cadeia de apoio, sobretudo os setores financeiro e logístico, como podem e a forma com a qual podem lhe apoiar. Lembre-se, você não é a estrela na  empresa, cada setor tem seu cronograma físico-financeiro, ou seja, também tem suas responsabilidades e metas, via de regra com recursos limitados. JAMAIS venda uma idéia sem avisar o setor que será afetado, seja para lhe ajudar ou seja para sofrer o impacto de sua idéia adotada pela alta direção. Vai na fé, acredite de olhos fechados. Se assim não o fizer sua vida na organização será coalhada de campos minados. Sugiro a leitura de um clássico de cabeceira, velhinho velhinho, talvez achado somente em sebos "O jogo de poder nas empresas" de Michael Korda do Círculo do Livro (já não existe esta editora há décadas).

Se alguém lhe impuser o medo de auditoria ou fiscalização celebre, pois será sua imperdível chance de fazer errado (lembre-se que você tem o benefício de ser um(a) neófito(a) e a lei trabalhista lhe dá 90 dias para a empresa lhe assegurar. Quem começa não tem JAMAIS a obrigação de acertar. Se seu líder não for sensato e prudente para reconhecer isto e lhe orientar, paciência, essa empresa não lhe pertence. Assim, auditorias são a melhor oportunidade de se saber como os órgãos reguladores externos ou a alta direção quer que algo funcione. Aproveite para mostrar-se sem medo de errar, pois você demonstrará maturidade, comprometimento e, sobretudo, honestidade de propósitos. Mostrou a cara para levar tapas. Tal postura é valiosíssima, acredite.

Bem, essas foram minhas breves fórmulas de sucesso que lhes repasso. Tive uma carreira muito profícua e sem sobressaltos e tinha uma preocupação adicional enfatizada ao longo dos anos: Coisa de piloto, o debrifing, ou seja, uma crítica honesta sobre o que deu certo para ser mantido e o que precisava ser corrigido, como motivos consistentes e ponderados. A alta direção em sua sabedoria tomará duas atitudes: Incorporará suas sugestões modificando ou atualizando diretrizes e normas, caso assim seja pertinente e...
 JAMAIS ABRIRÁ MÃO DE UM PROFISSIONAL COMO VOCÊ!!


Boa sorte, o pênalti virou gol e a cortada encerrou o jogo e os braços puderam relaxar no vestiário, rs rs.

(*) Administrador CRA 10.106/PE 
Mestre em Ciências Aeroespaciais - Univ da Força Aérea - RJ e Mestre em Segurança e Defesa Hemisféricas Interamerican Defense College - Washington USA; MBA Gestão Estratégica de RH - FGV DF.
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terça-feira, 6 de janeiro de 2015

Competências para o líder brasileiro em 2015.

Competências para o líder brasileiro em 2015.
JEFFERSON W. SANTOS (*)

Eficiência é a palavra de ordem. Os recursos e o acesso ao crédito serão substancialmente reduzidos. As empresas deverão perseguir a eficiência reduzindo, ao máximo, o retrabalho e atrasando a obsolescência programada em seus "assets".

Com os ajustes na economia acredito que os juros irão se manter altos, se não subirem, e o inevitável retorno da inflação (sem se esquecer que já se prevê o dólar a R$ 3,2o) farão com que a capacidade de gasto, além do que seja necessário para a manutenção do negócio se evidenciará. Assim, penso que os espaços para a criatividade e inovação serão muitíssimos curtos e discretos. O risco não será aceito com facilidade e isso deve ser uma constante em todos os segmentos da economia.

O líder para este cenário deverá empregar competências adormecidas em épocas de acesso ao crédito facilitado que permitia clientes em profusão em quase todos os ramos de nossa atraente economia.

Portanto ser eficiente, com parcos recursos adicionais disponíveis além daqueles para a sobrevivência do negócio e a prudente contenção do ímpeto inovativo estarão no elenco de humores do líder em muitas e variadas organizações no solo pátrio.

De sorte que minha experiência na gestão pública com recursos pingados a conta-gotas nas tais frações duodecimais (nem sempre nas datas prometidas pela administração central, ressalte-se), levaram-me a elaborar o breve "check list" a seguir:

1) Enxergar o entorno: O líder deverá desenvolver em si, e estimular em sua equipe, a capacidade de enxergar o cenário do macro-ambiente, o como os agentes intervenientes (atores, fatores e eventos) irão interferir na empresa, nos parceiros e na cadeia de valor;

2) Afinal, o que está errado?: O líder também deverá desenvolver, em si e na equipe, a capacidade de prescrutar o macro e micro ambientes e definir, com objetividade (tempo é requisito de eficiência) e clareza o que está errado, qual é o "gap" entre o que deveria ser o "output" e o que de diferente foi oferecido como serviço ou produto;

3) Os mesmos olhares: A partir da segura e, por todos, reconhecida causa do "gap" liderar ações intersetoriais, sistêmicas e integradas para iniciar os planos de ação setoriais e orquestrá-los para uma consecução que gere resultados de forma eficiente. A capacidade de comunicação intersetorial flúida torna-se essencial.
Uma vez definido o problema (gap) liderar a equipe para, juntos, contemplar o cenário no entorno da organização (macro-ambiente e mercado). A análise PEST (Avaliação dos cenários Político, Econômico, Sócio-Cultural e Tecnológico -não descuidar da análise dos impactos ambientais da avaliação-) torna-se a ferramenta ideal para a ocasião;

4) Sun Tzu na real: Hora de uma honesta e coerente análise SWOT (FOFA). Forças contrapostas às ameaças e Fraquezas sendo compensadas por oportunidades deverão ser exaustivamente debatidas entre os membros da equipe para produzir argumentos sólidos para a próxima fase;

5) Seja um Maestro: Em função do cenário macro-econômico as ameaças externas certamente engolirão os incautos em suas fraquezas. Assim, apesar de lhe ser dada a incumbência de resolver um problema e cobrir um "gap" JAMAIS proponha qualquer linha de ação antes de perguntar até onde e como seus precedentes (sobretudo o setor financeiro e o logístico) podem lhe apoiar. Também JAMAIS se esqueça que os setores que irão lhe apoiar tem suas agendas, seus cronogramas físico-financeiro. Respeite os limites de seus precedentes, afinal sem eles todo seu esforço será em vão e você corre o risco de perder a credibilidade;

6) Vender a idéia: Todos falando a mesma língua e percebendo, da mesma forma, o cenário e as possibilidades, elaborar a argumentação que servirá de base para das linhas de ação que a alta direção da organização irá adotar. Consistência e credibilidade são as palavras de ordem para embasar uma argumentação imbatível. A análise SMART é recomendável e mostrou-se, para mim, infalível todas as vezes que dela lancei mão;

7) Os termômetros e as métricas: Antes de prosseguir o líder deve obter, de forma clara e incontestável, quais são os parâmetros e limites que a alta direção quer na solução do problema, os chamdos critérios críticos. Quanto ao Fator Crítico de Sucesso a qualidade do produto ou serviço final é a forma mais sensata e aceitável por todos os setores envolvidos;

8) Deming, eternamente: Bem, o Plano de Ação precisa de um idioma, uma metodologia aceita e praticada diariamente, ainda que assim não percebida por todos. Entra em cena o salvador do Japão pós-guerra: o engenheiro Deming e o seu inexorável e infalível 5W2H. Ao longo dos anos, cartesiano e pragmático, desconheço check list ou receita do bolo mais infalível que tais letrinhas. Caminho das pedras, mapa do tesouro: Quem (Who) deve fazer o Quê (What), por qual motivo (Why), onde (Where), quando (When), o como será feito (How) e, finalmente e jamais menos importante (eficiência também requer menor custo) o quanto irá custar (How Much);

9) Aceitar os "outsiders": Sempre encarei auditorias como excelentes formas de se perseguir a eficiência de acordo com as regras estabelecidas, sobretudo pelos agentes intervenientes (órgãos reguladores que, no caso do gestor público são o TCU e MPU). Evita, sobretudo, na reta final, ter que refazer procedimentos por "não estar conforme", não ter atingido a conformidade; e

10) As Lições Aprendidas: Como brasileiros, latinos, não somos muito afetos a escrever e registrar como os metódicos europeus. Todavia para não se trabalhar de graça ou ter retrabalho para se cobrir um "gap" no futuro, especialmente se os membros da equipe forem substituídos e, com eles, a memória do "on post job", convém escrever, registrar e com isso, até sugestões para se atualizar procedimentos, normas e diretrizes. Os ganhos com o registro e o "debrifing" são substanciais para todos.

A capacidade de se processar adequadamente, e em tempo oportuno, as informações providas pelo "entorno organizacional" (o macro-ambiente e o mercado) e a capacidade de mobilizar a equipe para se obter resultados sustentáveis de forma eficiente será o grande diferencial do líder no futuro diante da complexidade da economia brasileira.

(*) Administrador CRA 10.106/PE 
Mestre em Ciências Aeroespaciais - Univ da Força Aérea - RJ e Mestre em Segurança e Defesa Hemisféricas Interamerican Defense College - Washington USA; MBA Gestão Estratégica de RH - FGV DF
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sábado, 3 de janeiro de 2015

Baixa eficiência no trabalho (World Bank)

O índice de eficiência no trabalho d0 brasileiro vem decaindo DESDE a década de oitenta (dados do World Bank e OCDE e OIT). Note-se que a Índia, com mais de quatrocentos dialetos diferentes, com mais de oitocentos milhões de habitantes e com muito menos infraestrutura do que a nossa, o índice de eficiência no trabalho (Labor Efficiency) vem crescendo ano após ano.

Por que eles, em piores condições que nós podem que nós, em melhores condições, não podemos?

Uma profunda e ótima reflexão.
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