domingo, 29 de abril de 2018

Socialismo e intervencionismo

HUMBERTO ALENCAR

Não passe mais vergonha! Entenda porque o socialismo nunca deu certo! E o intervencionismo vai na mesma linha.

Ao contrário do que pode parecer numa análise superficial, a possibilidade de obtenção de lucros numa economia é tão ou mais importante para quem consome produtos e serviços, do que mesmo para os empreendedores e empresários que os ofertam no mercado. Quando alguém compra por exemplo uma roupa numa loja o valor pago não fica totalmente com o proprietário. O valor é usado para pagar funcionários, aluguel, impostos e apenas uma parte fica com o dono do estabelecimento. Esse valor é a remuneração pelo seu tempo, dinheiro e risco do negócio. Sem a possibilidade de lucro, porque alguém se preocuparia em ofertar roupas no mercado?
É graças à possibilidade de lucro que os indivíduos trabalham duro para si mesmos, de forma essencialmente egoístas, mas acabam melhorando a vida de quem consome seus produtos e serviços. Por que alguém trabalharia horas, investiria seu dinheiro e assumiria todos os riscos se não houvesse a possibilidade de lucros? O fato é que ninguém faria. E quanto maior for a possibilidade de lucrar numa economia, mais haverá produtos e serviços à disposição dos consumidores a custos menores. 
O que leva a existir clínicas veterinárias operando 24 horas por dia? Seria porque alguns veterinários sentem insônia e querem trabalhar durante as madrugadas? Ou porque esses, pensando em si mesmos, enxergam uma possibilidade de lucros maiores do que trabalhar durante o dia? O mesmo vale para chaveiros que funcionam na madrugada, que “salvam” muitas pessoas, mas cobram mais caro do que um serviço diurno. Ambos, o veterinário e o chaveiro só estão pensando em si mesmos, e em obter mais lucro. No entanto, é a possibilidade de lucros que faz com que pessoas totalmente estranhas, quem vende determinado produto ou serviço e quem consome, possam fazer trocas vantajosas entre si. 
Quando chegamos num supermercado e encontramos aquela variedade imensa de produtos, alguns raros como frutas importadas, cervejas especiais, carnes nobres, vinhos diferenciados etc. Toda essa mágica, só é possível graças a uma palavra: lucros. E quanto menos interferência do Estado houver nesta questão, maior serão os benefícios dos consumidores. A problemática da interferência do Estado na economia faz com que a possibilidade de lucro fique difícil de estimar. Isso porque qualquer intervenção ataca o centro da tomada de decisões que é o preço. O preço numa economia livre é o bem mais precioso. É a informação pura. 
No Brasil por exemplo, foi implantada a desastrosa política chamada “carteirinha de estudante”. Por mais bem-intencionada que seja, a sua concepção já é um desastre em si porque ataca o preço de mercado, que é a informação mais importante para os agentes tomarem decisões. Assim, como os empreendedores do meio artístico irão calcular a possibilidade de lucros ao ofertar um determinado serviço? E quem garante ao formulador da política que não piorou a situação dos estudantes ao invés de melhorar? A intervenção tende a diminuir os empreendedores que queiram gastar seu tempo, trabalho e capital, num ambiente de negócios incerto, em que seja mais difícil estimar a possibilidade de lucros. A diminuição de oferta por si só já afeta os estudantes, diminui as opções de consumo, bem como o próprio preço geral dos serviços. 
Em casos extremos de intervenção na economia como o modelo socialista, o próprio cálculo econômico fica impossibilitado já que para que exista é necessário haver propriedade privada dos produtos, ter liberdade para comercializar todos bens e serviços e consequentemente formar um preço de mercado. O elemento básico do cálculo econômico é o preço. É o preço que condensa todas informações de um produto ou serviço. Graças ao preço podemos saber qual é a utilidade atribuída aos bens pelos indivíduos, qual é o estoque e qual é a disponibilidade do que vai ser consumido. É graças ao preço que é possível ter um histórico de produção, quanto custou os insumos utilizados, o valor da mão de obra, o capital e a tecnologia empregada. Tudo está refletido no preço.
O trabalho do empreendedor é antecipar quais serão os preços no futuro com base no custo de produção, que é possível graças a todos os preços dos insumos. No início do século XX, Mises explicou que sem o preço não existe planejamento racional na economia, o que tornaria inviável o modelo socialista. Na prática a experiência da União Soviética de socialismo para sobreviver a isso, usava preços ocidentais para seus produtos, mas que eram distorções já que não entrava no preço fatores como a escassez e as especificidades locais. 
Se os benefícios dos consumidores são melhor atendidos numa economia onde haja a maior possibilidade de lucros, o que dizer do modelo socialista que restringe totalmente a possibilidade de lucros? A tendência obviamente é a escassez de produtos e a falta de opções ao consumidor, além da total falta de incentivos à inovação empresarial. 
Uma economia estatizada como num modelo socialista, os bens não são mais privados, e sendo públicos não há mais trocas voluntárias entre os indivíduos. E sem as trocas voluntárias não existe mais o conceito de preço. E sem preço não é possível realizar qualquer cálculo econômico. Antes de tudo, preço é informação. E como alocar racionalmente os recursos da economia se não existe a base essencial de informação que é o preço?
Quanto mais possível seja obter lucros numa economia, maior tende a ser o benefício dos consumidores. No modelo socialista o benefício de quem consome produtos e serviços é o menor, já que como ninguém pode lucrar, não há incentivos para a atender qualquer demanda de quem quer consumir. E sendo as necessidades humanas ilimitadas, o sistema socialista restringe a população ao menor grau possível de satisfação.

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