segunda-feira, 27 de março de 2023

O narcoestado se empoderou no Brasil


Percival Puggina



https://www.puggina.org/artigo/o-narcoestado-se-empoderou-no-brasil__17765

         Na onda do “empoderamento”, que parece ser a verdadeira força motriz das reivindicações identitárias destes dias tumultuados, mas pedagógicos, ganha espaço o empoderamento do narcoestado. Um poder sem regras que o reprimam tende a crescer como inço em jardim desmazelado. Em pouco tempo, acaba com o jardim e vira mato.

Certa vez, revisitando Nova Petrópolis, na Serra Gaúcha, depois de muitos anos sem por lá andar, encontrei a cidade transformada num jardim. Uma senhora que me reconheceu abordou-me e, após algumas palavras, perguntei a razão daquela transformação que me dava a sensação de estar em bem cuidada cidade alemã da Bavária. Ela me esclareceu, com forte sotaque regional: “Quando a chente passa por uma cassa mal cuidada, tiz pra tona: ‘A senhora é pem relaxada mesmo, non?’.”

Assim, na lata. No Brasil, protetores da criminalidade zelam pelo inço social! São os inimigos da ação policial, sempre prontos a criticar a polícia. Quando policiais e criminosos se defrontam numa operação, parecem querer um equilíbrio de forças que só se satisfaz se houver “equidade” no número de óbitos. Pedem políticas de desencarceramento. Afirmam que temos presos demais, como se os cidadãos, caminhando nas ruas ou navegando na internet, não fossem peças numa vitrine de frango assado à escolha da bandidagem. Dizem – na caradura – que roubar é um direito. Querem a liberação das drogas, como se o narcoestado, com livre comércio e consumo, fosse se transformar em alguma ONG benemerente. Odeiam as armas dos cidadãos de bem e têm contra eles palavras de repreensão jamais empregadas aos criminosos que veem como vítimas da sociedade e aos quais devotam cínico senso de humanidade.

Tudo se agrava quando: a) o STF proíbe o acesso da polícia a certos locais dominados pelo crime; b) quando o presidente da República entra choroso nesse discurso e constrói a imagem falsa de um “menino” preso e maltratado por roubar um celular; c) quando o ministro da Justiça ingressa no recinto privado e controlado pelo crime da favela da Maré para se reunir com uma ONG, em evento no qual não tratou de recadastramento de armas nem de desarmamento, mas de mortos em ações policiais”, segundo informação de um parlamentar.

O controle de estabelecimentos penais ou de inteiras galerias pelas facções do sindicato do crime; centenas de violentos ataques a unidades policiais, veículos estabelecimentos públicos e privados no Rio Grande do Norte; a ação planejada contra autoridades da República, entre as quais o senador Sérgio Moro e sua família, etc., são simples consequências do empoderamento que não encontra contenção e se propõe eliminar qualquer resíduo de resistência.

Não por acaso, à nossa volta, o narcoestado é uma realidade ou está em acelerada formação no Peru, na Bolívia, no Colômbia, na Venezuela e se você prestar atenção vai reconhecer parte expressiva dos países do Foro de São Paulo, da Pátria Grande etcétera e tal.

Tudo tem sua compensação. Não há um minuto sequer de leniência, tolerância, comiseração nem perdão para quem rezou e cantou na frente de um quartel.

Percival Puggina (78), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site Liberais e Conservadores (www.puggina.org), colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.

terça-feira, 2 de novembro de 2021

Carta de Murillo de Aragão

 

Tudo, tudo o abaixo relatado foi sistematicamente construído por parlamentares ELEITOS em uma "democracia consolidada" sob efusivos votos de um desinteressado e despreparado eleitor.
Não custa relembrar: o eleitor que SEMPRE ACHA que VOTOU certo RENOVOU em 49% os deputados federais e os senadores em DUAS VEZES 30%.
Como bem disse o finado senador Roberto Campos: "O Brasil NÃO CORRE O RISCO DE DAR CERTO!"
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MURILLO DE ARAGÃO

Política Veja.com.br 

“Carta ao futuro presidente

Nada mais pode ser feito só por vontade do chefe do Executivo

Por Murillo de Aragão

29 out 2021, 10h00 - Publicado em 31 out 2021, 08h00

Senhor futuro presidente, que não sei quem é. Afinal, ainda falta um ano para as eleições e, até lá, muita água vai passar por baixo da ponte eleitoral. Mas há uma coisa que o senhor, seja lá quem for, deveria saber. O superpresidente já não existe no Brasil, ainda que, no imaginário popular, seja ele quem manda.
No combate à pandemia, o atual presidente descobriu o federalismo e, com ele, a divisão de poderes entre estados e municípios. Na política de combustíveis, o poder federal é limitado, tanto pela governança da Petrobras quanto pela política tributária dos estados. Nada mais pode ser feito apenas por vontade do presidente. As soluções terão de ser construídas com os múltiplos interesses organizados.

Em 2023, senhor futuro presidente, a situação se acirrará e seu poder será ainda menor. Explico. Ao longo da década passada, o Judiciário aumentou o próprio poder, a ponto de não apenas validar todas as decisões relevantes do Congresso, como a reforma trabalhista, entre outras reformas. E mais: provocado por ações políticas, o Judiciário impediu a posse de ministros e de diretor da Polícia Federal, além de decretar o fim do financiamento empresarial de campanhas eleitorais, entre outros casos. A judicialização da política continuará mais forte do que nunca.
O Congresso aprovou o caráter impositivo das emendas orçamentárias dos parlamentares. E, como alguns sabem, a barganha da liberação das emendas — que era usada pelo governo para obter apoio a suas agendas no Congresso — perdeu sua eficácia. Desde o ano passado o relator do Orçamento passou a controlar parte da verba discricionária que sobrava para o presidente da República. E não para por aí.

“O próximo mandato terá um ambiente institucional muito diverso daquele encontrado por FHC ou Lula”

As medidas provisórias ganharam limitações que não existiam quando foram criadas. Outro fator crítico foi a retomada das votações de vetos presidenciais. Desde então, o atual presidente virou o recordista de vetos derrubados pelos parlamentares. Para reduzir ainda mais o poder do presidente, o Congresso aprovou a autonomia do Banco Central, cuja diretoria passa a ter mandato de quatro anos e independência para tocar as políticas monetária e cambial.

Por fim, não haverá governabilidade sem maioria no Congresso, e essa maioria será composta de vários partidos. Provavelmente, a sigla ou coalizão que apoiar sua candidatura não terá maioria. Com a fragmentação partidária, surge o segundo homem mais importante do seu futuro governo: o presidente da Câmara, aquele que tem o botão amarelo do impeachment e que organiza maiorias. Sem o apoio dele, sua vida, futuro presidente, será muito difícil.
Assim, senhor presidente, seu mandato será iniciado em um ambiente institucional bastante diverso daquele encontrado, por exemplo, por Fernando Henrique Cardoso em 1995 ou Luiz Inácio Lula da Silva em 2003. Como vimos nos últimos anos, o governo do Brasil não é exercido somente pelo presidente. No limite, a palavra final será sempre do Congresso e do Judiciário.
Por prudência, as circunstâncias que aponto aqui deverão ser levadas em consideração já em sua campanha eleitoral. Para que nem o senhor nem os brasileiros se iludam com o quadro institucional do Brasil em 2023.”

Publicado em VEJA de 3 de novembro de 2021, edição nº 2762"
Mas para quem NUNCA GOSTOU de falar de política...tanto faz.

sexta-feira, 25 de junho de 2021

Círculos concêntricos de Poder




Esta perspectiva é uma concepção DIFERENTE da conceituação tradicional de CÍRCULOS de proteção física de castelos na idade medieval.

Suas ORIGENS advêm da adaptação conceitual para a realidade brasileira, dos ESTUDOS e “CONSELHOS” Filósofos e MENTORES dos reis e príncipes: Tais como Sun Tzu, Kautilya, Maquiavel, Erasmo de Roterdã, etc

TESE:
A “PENETRAÇÃO” E A DOMINAÇÃO  DE UMA SOCIEDADE SE DARÁ POR INTERMÉDIO DA CONQUISTA, DISSEMINAÇÃO E  “APREENSÃO” DA SENSAÇÃO DA SEGURANÇA e da ESTABILIDADE.

A SEQUÊNCIA METODOLÓGICA:

LEVAR A SOCIEDADE (E NÃO EXÉRCITOS ESTRANGEIROS) A DEPOR, A SUBSTITUIR SEUS GOVERNANTES por não servirem mais, por não serem mais queridos.

E de que forma isto ocorre?

Por intermédio da DISSEMINAÇÃO no seio da sociedade, da
·        INSEGURANÇA;
·        DÚVIDA;
·        DESCRÉDITO; e
·        MEDO;

Que levam a sociedade a promover a

·        DEPOSIÇÃO E A TROCA.

OUTRA FORMA MAIS SUTIL, MAIS “SOFT”: 
                        O CONTROLE DA DÍVIDA ou, então, o USO DA ESPADA.

A DESCRIÇÃO DOS CÍRCULOS:

·        TERRITÓRIO
Riquezas naturais, difícil circulação e mobilidade (Topografia: Serras, Amazônia e Pantanal)

·        SISTEMAS DE DEFESA
o   FFAA (coesas e incorruptíveis)
o   PM, Guardas Municipais e Polícia Civil

·        PRODUÇÃO :
- AGRÍCOLA, 7,6% de todo o território nacional, maior diversificação e exportação para o mundo.

- INDUSTRIAL
            Base industrial (Amazônia AMARELA)

- TECNOLÓGICA
Vale dos SINOS

- INTELECTUAL
Baixa e incipiente.

QUANDO OS INIMIGOS, por intermédio de habitantes da sociedade que querem conquistar, NÃO CONSEGUEM, POR COMPLETO, SEUS OBJETIVOS DE DOMINAÇÃO partem para o SUFOCAMENTO da sociedade por intermédio dos COLARES ou das Instituições mais próximas e que, no fim, são a REPRESENTATIVIDADE da SOCIEDADE.

·        INSTITUIÇÕES NACIONAIS (SATÉLITIES E COLARES) no processo de influência e SUFOCAMENTO utilizar-se-ão do:

o   GRAMSCISMO;
o   CONFUSÃO CONCEITUAL, INTELECTUAL E FILOSÓFICA;
o   DESCRÉDITO SOBRE AS INSTITUIÇÕES;
o   RUPTURA;
o   CONVULSÃO; e
o   Dominadores se apresentam como a SOLUÇÃO!!!.

INSTITUIÇÕES COLARES OU SATÉLITES que sofrem a COOPTAÇÃO, PENETRAÇÃO E CONTAMINAÇÃO:

- ACADEMIA
- IMPRENSA
- PARTIDOS POLÍTICOS
- SISTEMAS POLÍTICOS
- IGREJA
- SINDICATOS
- AGREMIAÇÕES E SOCIEDADES
- ONG

o   OBJETIVO: No círculo principal: A SOCIEDADE













                             
                                              Prof Jefferson W. Santos MsC

segunda-feira, 21 de junho de 2021

UM PERIGO RONDA O BRASIL

[...]Educação visceralmente avessa ao mercado e à preparação para o trabalho, com pés no chão e olhos postos num futuro que não seja o igualitarismo da miséria.[...]

Percival Puggina



 Há um humor paradoxal e trágico no fato de que a maior opressão incidente sobre a juventude brasileira provenha de um modo de ver a Educação que joga incenso e canoniza  em papers acadêmicos o autor da  Pedagogia do Oprimido. Em torno dele se desenvolveu uma fé religiosa que resiste a toda evidência em contrário, como se pudesse ser boa a árvore que dá tão maus frutos.


Não estou falando de futilidades, mas do dano que vem sendo causado a pelo menos duas gerações de brasileiros. Trato de algo que, presentemente e em números redondos, afeta 48 milhões de crianças e adolescentes brasileiros matriculados do ensino infantil ao médio. E, com talvez ainda maior intensidade, aos 9 milhões de estudantes matriculados no ensino superior. A principal riqueza potencial do Brasil – sua juventude – está submetida à influência de uma pedagogia marxista que começa com a dialética chã e elementar “oprimido x opressor” de Paulo Freire e ganha abrangência, entre outros, com Lukács, Foucault, Derrida, Laclau, Althusser. Enquanto o desastre ganha vulto, autores conservadores e liberais são velados em silêncio na voz de professores e cantos empoeirados das bibliotecas.


Referida ao sistema educacional brasileiro, qualidade deixa de ser um objetivo a alcançar para se converter num adjetivo despido de fundamento, para uso num ambiente cada vez mais fechado em si mesmo por mecanismo de autopreservação.


Resultado? Apenas duas das 198 universidades brasileiras estão entre as 300 melhores do mundo. Resultado? Segundo o último Pisa, as notas médias dos estudantes brasileiros, dentre os 80 países aferidos, conseguiram uma posição que fica entre 57º lugar em leitura e 74º em matemática. Nos países da OCDE, 15,7% dos alunos estão nos níveis máximos (5 e 6, em pelo menos uma disciplina), enquanto no Brasil, apenas 2,5% alcançam esse patamar.


Outro resultado alarmante chega-me num estudo elaborado pelo ManPower Group sobre o “Total WorkForce Index”, com dados sobre os recursos humanos para o trabalho em 76 mercados,  situa o Brasil em 61º lugar. Há sessenta, mais bem colocados! “A falta de habilidades técnicas é nosso grande desafio e o maior gargalo que existe no Brasil”, diz o presidente da organização em nosso país.


Sim, nós sabemos. Aliás, sabíamos. Melhor ainda, prevíamos. O marxismo e seus castelos de vento me levam à poesia quinhentista de Sá de Miranda (séc. XVI), quando deles conclui dizendo: “Quanto me prometestes; quanto me falecestes!”.


Este espectro ronda o Brasil. Compromete nossas perspectivas de desenvolvimento econômico e social. É uma Educação visceralmente avessa ao mercado e à preparação para o trabalho, com pés no chão e olhos postos num futuro que não seja o igualitarismo da miséria. É colheita segura do plantio marxista que se espalhou entre nós como praga de lavoura nos delicados e preciosos canteiros das salas de aula, estuantes de riqueza humana.


Percival Puggina (76), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.

quinta-feira, 17 de junho de 2021

PAULO FREIRE E A RUÍNA DA EDUCAÇÃO

 Percival Pugginav 

 


Tenho mencionado repetidas vezes em artigos, vídeos e palestras que, enquanto conservadores e liberais estão sempre dispersos e atomizados nacional e internacionalmente, os marxistas, comunistas, fabianos et alii,  formam e dispõem de uma quase secular rede de mútuo socorro em suas múltiplas organizações. O efeito disso se faz sentir ante qualquer necessidade em vários níveis da comunicação, da política dos povos e da política internacional, da cultura e das igrejas. Paulo Freire foi mercadoria bem iluminada nas vitrinas desses poderosos organismos.

Sua fama foi erguida sobre dois fundamentos: o livro “A pedagogia do oprimido” (1968) e a anterior experiência de Angicos (pequeno município potiguar), onde, com grande repercussão internacional, alfabetizou 300 pessoas em 40 horas (1963). Se você chutar uma pedra perto de um curso de pedagogia no Brasil, salta debaixo dela uma tese sobre Paulo Freire. Recentemente li uma. O texto revela o pouco interesse do mestrando pela alfabetização e o encanto que lhe suscitou a missão politizadora da educação. O paraíso desceria à terra porque a consciência daria forma à utopia.

Isso acontece na história dos povos. A “natureza” provê às sociedades indivíduos propensos às hecatombes, sempre com motivações palavrosas, aparentemente nobres. Tal é o trabalho de Freire e seus seguidores, muitos dos quais agem movidos pelo mimetismo comum no nosso meio acadêmico, sem uma real compreensão daquilo que fazem.

A geração de Paulo Freire é muito próxima à minha. Ele tinha 23 anos mais do que eu. Li a Pedagogia do oprimido com 25 anos e minha primeira constatação foi a de que se tratava de um livro muito mal escrito. A segunda: era um dos mais políticos que já lera. Voltando a ele, quase meio século mais tarde, para escrever um capítulo do livro “Desconstruindo Paulo Freire”, organizado pelo historiador Thomas Giulliano, confirmei inteiramente os dois conceitos então emitidos.

Parcela significativa da minha geração, politizada e ideologizada até a raiz dos cabelos por outras influências que não suas, quando chegou às cátedras passou a fritar o cérebro dos alunos em banha marxista. Foram esses professores, cujos mestres não eram ainda freireanos e, por isso aprenderam um pouco mais, que deram eco a Paulo Freire. Multidões abandonaram os conteúdos e partiram para a militância. Construíram a ignorância dos alunos, mas conseguiram seus objetivos políticos. Mentiram sobre história, abandonaram os clássicos, optaram pelas piores vertentes do pensamento e produziram uma geração onde só evoluíram aqueles que, voluntariamente, chutaram o balde e trataram de avançar por conta própria.

Hoje, essa orientação pedagógica cobra das novas gerações um preço descomunal. Muitos carregam o ônus da ignorância preservada, do talento contido na fonte e da futura mediocridade. Os números brasileiros do Pisa, entre 80 países, colocam-nos em lugares que variam entre 58º e 74º. Dois terços sabem menos do que o básico em matemática.

Nenhum desenvolvimento social sustentável pode advir da  degradação qualitativa de nossos recursos humanos. Somente o esforço conjunto de alunos, pais e bons mestres ainda remanescentes permite, a alguns, escapar das malhas da mediocridade. Eo resultado da "educação politizadora" se representa perfeitamente nos políticos que temos.

Percival Puggina (76), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.

segunda-feira, 14 de junho de 2021

A CENSURA E O PODER DAS REDES SOCIAIS

Percival Puggina            


Ninguém nega, hoje, que as redes sociais descortinaram imenso território para que a liberdade de opinião possa ser exercida. Abriram a porta para que milhões de “fotógrafos” e “cinegrafistas”, com suas câmeras, seus flagrantes e seus registros chegassem até o mais longínquo ponto de acesso proporcionado por um provedor de internet.


Os efeitos foram imensos! Novos atores surgiram na política dos povos em função de sua habilidade de operar tais recursos, com a vantagem de fazê-lo a custo irrisório. A liberdade de expressão ganhou seu mais amplo sentido. Novas celebridades surgem a cada dia.


Os grandes veículos, as grandes redes de comunicação sentiram de imediato a perda de influência junto à opinião pública. O que antes, de modo patrulhado e mesquinho, era representado pelo pequeno espaço das seções “Fale conosco” ou “Opinião do leitor”, foi substituído por milhões de vozes. Democratizou-se o direito de dar vida e palavra ao pensamento, ainda que, não raro, em modo caótico.


Não demorou muito para que os donos dessas plataformas, as chamadas Big Techs, cedessem à tentação de patrulhar essas opiniões. Afinal, aquilo não lhes pertencia? Por que aceitar que fossem usadas como espaço público se aconteciam em plataformas privadas? E começou a censura! Aliás, a tentação era inevitável. Afinal, quem ganhava o debate político nas redes sociais era majoritariamente avesso à linha “progressista”, à Nova Ordem Mundial e à reengenharia humana e social por elas pretendida.


Ganha destaque, então, a opinião do ministro Clarence Thomas da Suprema Corte dos Estados Unidos num processo entre Trump e o Twitter em abril deste ano. A opinião do ministro está inserida no processo, mas as características dessa ação não dão a ela uma amplitude geral de aplicação. Em síntese, porém, proporcionou um alerta ao Congresso, denunciando estarem as plataformas “patrulhando o que é dito em seus sites”, e informando “não ser direta a aplicação das antigas doutrinas às novas plataformas digitais”.


Eis um desafio aos legisladores. Há um entrevero entre o princípio da liberdade de expressão, do direito de propriedade e da liberdade de mercado. Talvez seja essa uma das mais complicadas tarefas para parlamentares e tribunais nestes novos tempos. Não há dúvida de que juntando o poder de comunicação nas plataformas com o direito de censura às opiniões gera-se um poder monstruoso, capaz de produzir grande estrago antes de o mercado resolver a encrenca criando alternativas com poder equivalente. Ou, na analogia utilizada pelo juiz Clarence para caracterizar tal dificuldade: pode-se atravessar um rio a nado ou por uma ponte...



https://www.puggina.org/artigo/a-censura-e-o-poder-das-redes-sociais__17420

domingo, 13 de junho de 2021

Cenário brasileiro para a Indústria 4.0



13/08/2018


4°Congresso do Centro Internacional Celso Furtado atrai público de 400 pessoas de todas as idades ao Clube de Engenharia para debater a indústria 4.0, o desenvolvimento e o futuro do Brasil. Foto: Isabela Kassow.


O tema “Indústria e desenvolvimento: a nova onda da indústria 4.0 e o futuro do Brasil” atraiu um público de 400 pessoas de todas as idades ao Clube de Engenharia. Nos dias 9 e 10 de agosto em painéis organizados com nomes dos mais representativos no cenário político nacional, o Centro Internacional Celso Furtado cumpriu, de maneira brilhante, sua missão de pensar o Brasil e buscar soluções para um futuro mais justo. [...]


O foco das abordagens foi, em sua maioria, no momento de transição que vive o mundo, com a 4ª revolução industrial. Depois da transição do artesanato para a mecanização, da introdução da eletricidade nos processos produtivos nas linhas de montagem e da terceira revolução que veio com a eletrônica, telecomunicações e tecnologia da informação, a indústria se transforma conjugando as revoluções anteriores e promovendo a total automatização das fábricas. Máquinas ligadas a sistemas digitais são capazes de tomar decisões e cooperar entre si e com os trabalhadores, via internet das coisas. É tempo de fábricas inteligentes que dispensam a intervenção humana na maior parte de seus processos.


O tema do 4º Congresso do Centro Internacional Celso Furtado aborda mais que uma mudança na produção de bens de consumo. Com toda a polêmica que provoca no mundo do trabalho, o debate é condicional para que o Brasil avance em sua busca pelo desenvolvimento. Ficar para trás agora pode significar além de anos de atraso, a oficialização do país como exportador de insumos básicos, sem nenhuma relevância na construção social e econômica do planeta.


“Essa discussão é essencial para resolvermos que país queremos. Se é o voltado para fora, exportador de produtos primários, ou se é um Brasil industrializado, que possa oferecer ao seu povo a perspectiva de um futuro melhor. Desde a revolução de 30 esse debate é travado e Celso Furtado foi um dos que melhor formulou a proposta de desenvolvimento para o Brasil. Estamos em processo agudo porque em nenhum instante anterior esteve em risco o Estado Nação”, afirmou Pedro Celestino, presidente do Clube de Engenharia, ao abrir os trabalhos do Congresso.


Mudança inevitável

A responsabilidade da palestra magna coube ao professor Luciano Coutinho, um dos fundadores do Instituto de Economia da Unicamp e ex-presidente do BNDES, que reafirmou a tecnologia como questão central no debate sobre a indústria 4.0, registrando que os avanços acelerados de descobertas e a implementação de novas tecnologias nas últimas três décadas foram responsáveis por esse novo momento na história da produção humana.


“Há uma trajetória exponencial de ganhos de capacidade dos processadores e memórias de, em um curto período histórico, armazenar e processar massas de dados e informações a custos cada vez mais baixos. Esses avanços permitiram aprofundar a conectividade na sociedade”, destacou Luciano Coutinho.


Os números confirmam

  • em 2015 a população mundial era de 7.4 bilhões de habitantes, 3 bilhões estavam conectados à Internet, cerca de 40% da população global.
  • Em 2017, esse número cresceu e cerca de 50% já estavam conectados, graças aos smartphones. 
  • As projeções são de que, em 2030, quando a população global chegar a 8.5 bilhões de habitantes, 93% da população mundial esteja conectada à rede.


“A dominância desses sistemas é inexorável. Eles irão, nos próximos anos, abarcar toda a sociedade. É um desafio integrar massas hoje excluídas, mas há outros. Esse avanço abre a porta para o uso de algoritmos de inteligência artificial capazes de traçar o perfil das pessoas. São sistemas que saberão cada vez mais as preferências da sociedade e serão usados para a manipulação e controle dessas preferências e interesses. Daí a importância do debate sobre a propriedade de dados e a privacidade dos cidadãos”, destacou Coutinho.

Essa nova realidade impõe um arranjo de poderes diferente do qual estávamos acostumados. Segundo Coutinho, o Setor Público segue sendo o coração dos investimentos no setor de tecnologia e a configuração das políticas é de avanço mais focado em estratégias de longo prazo. Entre 70% e 99% dos avanços relevantes na pesquisa básica no mundo são feitas em universidades públicas ou laboratórios públicos avançados. No Japão, esse percentual é de 98%; nos EUA, 96%; na União Europeia, 83% e no Reino Unido, 71%.


“Essas transformações estão em curso. Ou bem a sociedade brasileira – e nós temos uma disjuntiva histórica fundamental nos próximos meses – compreenderá, ainda que por intuição, os desafios colocados ao seu futuro, ou o risco de projetos ignorantes, que desconhecem a profundidade e a envergadura das transformações que virão poderão nos arriscar a retrocessos irreversíveis para a nossa indústria. Uma sociedade urbana, complexa como a brasileira, não poderá melhorar a renda sem indústria, sem serviços sofisticados, sem estar engajada num processo de transformação em direção a esses paradigmas de maneira muito intensa”, alertou Luciano Coutinho.


Atraso nacional é projeto

Para o embaixador Samuel Pinheiro Guimarães, desde sempre, dois projetos distintos se digladiam pelo poder no país. Um deles é pensado para 210 milhões de habitantes. É um modelo industrial que organiza o mercado de trabalho e de capital, que cria estrutura de Estado, que quer a criação de um Brasil moderno. “O outro projeto", afirma Samuel, "é pensado para apenas 30 milhões de brasileiros. O restante, 180 milhões, têm como política social o encarceramento. Esse é o projeto que está no poder e já abriu todos os setores para o capital estrangeiro”.

João Eduardo de Moraes Pinto Furtado, professor da Universidade de São Paulo (USP), também apontou, no painel “Os trabalhadores e a indústria 4.0”, o enfrentamento entre dois modelos, mas por uma perspectiva diferente, que coloca a própria sociedade como parte de um protagonismo incômodo no processo. O professor destacou que, junto com os hardwares que importamos, vem um software que, de certa forma, determina uma dependência de ideias e da forma de funcionamento das novas tecnologias. Esse material inominável e intangível, segundo ele, está em todo lugar e deve ser levado em conta para entender o lugar que o Brasil ocupa hoje no que diz respeito à tecnologia.


Em 1930 tínhamos um país semi-industrial que se industrializou muito rapidamente. Em 1980, o Brasil tinha o mesmo grau de semelhança entre a sua estrutura industrial e de países desenvolvidos, mas ainda assim, não era industrializado. Isso porque indústria não é apenas um processo de fabricação, mas uma dinâmica comandada por um processo tecnológico. Ela é a correia transmissora do processo tecnológico, não só uma produtora de bens. Na década de 1980, as maiores empresas do país, mesmo as em posição dominante, não tinham um departamento de engenharia”, lembrou o professor João Eduardo de Moraes Pinto Furtado.

A pressa para se industrializar acabou não deixando o conceito da produção de lucro através da transformação permanente dos processos produtivos se solidificar. “Há uma empresa farmacêutica famosa que, em 1990, tinha três mil representantes de vendas e nenhum cientista. A empresa é dona de um hotel e de um campo de golfe, mas não tem um departamento de pesquisa e desenvolvimento”, alertou Furtado.

“O capitalismo brasileiro não absorveu o conceito necessário para o capitalismo industrial. Não há a noção de que, às vezes, temos que esperar para ter direito a um consumo que seja para todos. O primado do consumo imediatista nos coloca em contradição: dizemos que queremos o desenvolvimento do país, mas escolhemos sempre pelo consumo imediatista. Isso nos impede de construir as competências necessárias para esse novo momento”, lamenta o professor João Eduardo de Moraes Pinto Furtado.


Diagnóstico e solução

O painel "Diagnósticos dos problemas da indústria nacional" levantou a questão da desindustrialização do país considerando fatores como a priorização das importações, não valorização do setor de serviços e a falta de política pública orientada para a qualidade de vida da população. Antonio Corrêa de Lacerda, economista e professor da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), ao falar da importância de se traçar um diagnóstico, citou dois importantes indicadores da crise; desemprego e queda do investimento na indústria nacional.


"O PIB hoje está 7% abaixo de 2014, a indústria está cerca de 10% abaixo e o investimento cerca de 30% abaixo", expôs. Por outro lado, foi fortalecido o mercado internacional: as importações passaram a abastecer o consumo.


“O Brasil necessita de uma ação em três frentes: políticas macroeconômicas, especificamente fiscal, monetária e cambial; políticas de competitividade, valorizando indústria, tecnologia, infraestrutura, educação e políticas regulatórias; e, em microescala, atuação empresarial nos campos de inovação, gestão, produtividade, qualificação e treinamento”, defende Antonio Corrêa de Lacerda.


A necessidade de uma orientação clara para o desenvolvimento do país também foi abordada por Clélio Campolina, professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e ex-Ministro de Ciência, Tecnologia e Inovação. Para ele, é preciso parar de acreditar que a indústria vai desenvolver o Brasil sozinha, desligada de demais dimensões macro-setoriais. É necessário haver política pública e planejamento, visando o desenvolvimento da população.


"É um mito continuar pensando que desenvolvimento é crescimento econômico, é industrialização, é progresso técnico, é competição, sem que isso seja orientado para um objetivo social", afirmou Clélio Campolina.


Para evitar a desindustrialização pela qual o país vem passando faltaram investimentos em serviços necessários para a informática, eletrônica e automação, na visão de Marcelo Arend, professor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Segundo ele, o Brasil mal entrou na terceira revolução industrial, marcada pela mecânica, eletrônica e automação, e não deu atenção a serviços intensivos em conhecimento, que são essenciais para o desenvolvimento.


O professor Marcelo Arend defendeu que não é a indústria o único motor do país, mas também os serviços. A quarta revolução industrial trata, justamente, da simbiose entre serviços e tecnologia: Internet das Coisas, Big Data e Computação em Nuvem são inovações que provêm do setor de serviços e causam impacto profundo no setor industrial. Mas para se inserir nesse contexto, o país precisa de uma estratégia nacional de reindustrialização: intensa automação junto com autonomização do processo produtivo. É uma forma de restabelecer a industrialização e juntar consumo com produção.


Desenvolvimento nacional


O painel "Perspectivas de desenvolvimento industrial” reuniu dados fundamentais para a compreensão da queda no investimento e desempenho da indústria na última década e lançou um olhar sobre a intrínseca relação entre desenvolvimento econômico e desenvolvimento nacional.


Carmem Feijó, docente da Universidade Federal Fluminense (UFF), apresentou dados sobre o desempenho da indústria brasileira antes e depois da crise financeira internacional. A avaliação é de que o ciclo de investimento ocorrido na economia, entre 2007 e 2015 aproximadamente, ocorreu acentuadamente em setores intensivos em recursos naturais, as commodities, não dando base para a agregação de valor na indústria.


Fragilizadas no início dos anos 2010, as empresas industriais perderam capacidade de financiar seus investimentos com recursos próprios, enquanto políticas de estímulo focaram mais na oferta do que na demanda, ainda sem valorizar os setores com tecnologia mais qualificada. Com a brusca mudança da direção política econômica em 2015, a economia mergulhou em grande recessão.


Para Esther Dweck, professora da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), é urgente deslocar o olhar do desenvolvimento do país para a redução das desigualdades sociais. Não basta estar no sistema capitalista para alcançar o desenvolvimento industrial, pois o capital busca a solução mais rentável. O que se precisa é de estratégia: "Pensar o Estado como quem vai dar o motor do desenvolvimento, e ele tem que ser voltado para nossas grandes demandas sociais. Se conseguirmos pensar uma estratégia onde o objetivo seja redução de desigualdades e puxar a indústria para atuar nesse sentido, temos chances maiores de ter uma mudança estrutural mais intensiva".


O caminho, para Dweck, seria reativar dois canais para aumentar a demanda perante a indústria: o mercado consumidor e o investimento público. Isso seria feito com distribuição de renda e oferta pública de bens e serviços, tendo uma população com maior poder de compra.


José Eduardo Cassiolato, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), também acredita que a política industrial tem que olhar para o desafio nacional principal que é da pobreza, das desigualdades sociais. Não mais ter um pensamento "setorizado" como foi no passado quando se privilegiou, por exemplo, o setor automobilístico. Para ele, o caso é grave, uma vez que avanços conquistados em 14 anos, a partir do início dos anos 2000, foram perdidos em apenas dois anos, mais recentemente.


4º congresso centro celso furtado em 09 de agosto 2018

Painel “Perspectivas de desenvolvimento industrial”. Da esquerda para a direita: Esther Dweck, Carmem Feijó, Helena Lastres e José Eduardo Cassiolato. Foto: Isabela Kassow


Vocações do país


André Furtado, docente da Unicamp, caracterizou a indústria de petróleo e gás natural como uma vocação desperdiçada. O enorme investimento feito no setor, por parte do Estado, teve como um dos principais focos de demanda o modal rodoviário.


"Ciência e tecnologia têm um papel importante no desenvolvimento brasileiro". Toda a abundância conquistada permitiu ao país reduzir sua dependência externa, cenário que mudou drasticamente com a adoção de novas estratégias da Petrobras nos últimos anos, afirmou André Furtado.


Ainda no campo da energia, o conselheiro do Clube e engenheiro Paulo Metri abordou a vocação nuclear do país. Segundo ele, o Brasil possui 309 mil toneladas de urânio somente em um terço de seu território, o que coloca o país na sexta posição do ranking mundial. A utilização desse recurso na energia é da maior importância, principalmente no combate aos efeitos do aquecimento global, uma vez que 85% do consumo mundial de energia hoje é de combustíveis fósseis.


"Se nós queremos chegar ao ano de 2100 com acréscimo de somente 2 graus à temperatura da Terra, relacionado a antes da industrialização, isso vai ser muito difícil com 85% de combustíveis fósseis", afirmou Paulo Metri, que defendeu a urgência de o programa nuclear ser considerado um programa de Estado, como uma demanda da população, para que possa ser priorizada pelos governantes para além de seus quatro anos de gestão.


Marcio Nobre Migon, do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), abordou a indústria aeroespacial, que concentra 838 bilhões de dólares por ano em todo o mundo, sendo que o Brasil detém cerca de 1%. É uma área de difícil inserção e que precisa ter um olhar global, sem se ater à demanda doméstica. Nesse contexto, o Brasil atua como um parceiro, fornecedor de produtos para outros países também emergentes. Sinais de crescimento são visíveis: o Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) inaugurou um curso de engenharia aeroespacial recentemente, e surgem no país cada vez mais cursos de engenharia aeronáutica.


No que se refere ao futuro da área de Defesa, é fundamental, na visão de Marcio Nobre Migon, que o país supere a contenção de gastos: "Não é possível imaginar um fomento e desenvolvimento de uma cadeia produtiva de defesa e aeronáutica dependendo das compras públicas enquanto a nossa legislação de orçamento geral da União for de orçamento anual, com planos plurianuais que não são seguidos e ainda estão sujeitos a contingenciamentos".


Oportunidades e gargalos


O painel “Políticas de Inovação para a indústria 4.0” foi marcado por números e estudos acadêmicos que apontaram gargalos e oportunidades para o Brasil nesse momento de mudança de paradigmas. David Kupfer, do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (IE/UFRJ); Eduardo Motta Albuquerque (CEDEPLAR/UFMG) e Jorge Saba Arbache Filho, da Universidade Federal de Brasília e Secretaria de Assuntos Internacionais – Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão, apontaram problemas e possíveis posturas que se traduziriam em soluções na busca de uma agenda possível.


As transformações estão por todo lugar e entendê-las é fundamental para pensar o futuro. O consumo está mudando, voltado para o consumo de bens intangíveis ou produtos industriais com alto valor intangível agregado, como os aparelhos de smartphone.


“Cada vez mais a fonte de geração de riqueza é menos formação bruta de capital fixo e mais bits e neurônios”, destaca o professor Jorge Saba. Segundo ele, temos um processo de desenvolvimento industrial em três momentos. Inicia-se de forma rudimentar: têxteis, ferro, aço, cimento etc, gerando um aumento na participação da indústria no PIB. “Há uma dinâmica própria que diz que mais do mesmo não funciona. À medida que você vai sofisticando essa economia, você vai se enriquecendo e vai demandando coisas mais sofisticadas, inclusive coisas que valorizam o processo e o produto industrial. O ponto crítico é quando vemos que há um processo em que mais indústria não é fonte fundamental de geração de densidade industrial que é o que importa. Há uma aparente diminuição da importância da indústria no PIB, quando, na verdade, o que se tem é uma mudança da natureza do produto industrial, que se torna uma amalgama de tangíveis e intangíveis para criar valor”, explicou. O Brasil, ainda no início desse processo, precisa de políticas de inovação que o coloquem minimamente em contato com o mundo que avança nas tecnologias. Jorge aponta a necessidade de ações que alimentem a co-criação e compartilhamento, que capacitem o Brasil como desenvolvedor, gestor e distribuidor de tecnologia e políticas que acelerem os saltos em determinados setores vocacionais do país.


 “O que vemos, por enquanto, são políticas que visam aumentar o nosso uso sobre as novas tecnologias, mas precisamos nos tornar gestores e desenvolvedores delas. É o que de fato vai fazer diferença no século XXI”, alertou o professor Jorge Saba Arbache Filho.


Para Eduardo da Motta Albuquerque, o país precisa de foco para aproveitar as suas vocações e direcionar políticas públicas para o desenvolvimento desses setores, considerando sempre a possibilidade de leapfrogging (quando se salta uma tecnologia intermediária não dominada e se domina diretamente a tecnologia que vem depois dela, mais atual e moderna). “Podemos pular para a revolução tecnológica que está emergindo. Há oportunidades. Para aproveitá-las, articulado com a história do Brasil, temos que investir em biotecnologia porque somos bons de saúde; nanotecnologia porque somos bons em materiais em geral; e investir em Big Data porque com o SUS podemos ter uma poderosa máquina de inovação na área de saúde”, destacou Albuquerque.


“Precisamos combinar sistema de bem estar social com sistema de inovação em um quadro de aprofundamento de democracia”, aponta Eduardo da Motta Albuquerque.


O economista David Kupfer fechou o painel trazendo dados positivos dentro de uma realidade bastante complicada para a indústria nacional. “Estamos vendo um novo Big Bang e estamos vendo a banda passar. No Brasil, os debates sobre a tecnologia 4.0 começaram há dois anos. Estávamos em momento político caótico do qual nem saímos ainda. O assunto começou a percorrer os meios de estudiosos, mas existia uma percepção de desconhecimento do que se estava falando. Hoje o assunto é popular, mas não conseguimos ainda avançar”. Após a disseminação do termo, lembra Kupfer, planos e estudos nasceram com o objetivo de apontar caminhos para o país atravessar essa revolução com êxito. No entanto, nenhum deles, de acordo com o economista, tem de fato um contexto suficientemente robusto pra guiar a tomada de decisão necessária”. A indústria vive momento delicado, de crise multidimensional, com elementos conjunturais, estruturais, institucionais. Precisamos construir uma linha de ação para que a nossa indústria, já tão capenga, não venha a fenecer como algo que já amadureceu, passou do ponto, não consegue se revitalizar e vai perdendo suas capacidades em uma situação muito grave”, alertou.


Ao abordar o caminho de introdução do novo paradigma, Kupfer apontou um cenário mundial que ainda se adapta ao novo momento com empresas brasileiras dispostas a participar desse movimento. De acordo com pesquisa de campo sobre a indústria 4.0 no país, com a participação de 725 empresas com 100 ou mais funcionários, cerca de 70% das nossas empresas entendem que a indústria 4.0 estará difundida efetivamente no Brasil em 10 anos, destacou David Kupfer.


Um Brasil ativo e altivo


http://portalclubedeengenharia.org.br/2018/08/13/cenario-brasileiro-para-a-industria-4-0/


sábado, 12 de junho de 2021

O lobby da vacina quer cassar a sua cidadania

Guilherme Fiuza  12/06/2021 


Vários projetos de “passaportes de vacina” preveem diversas restrições a quem não se vacinar.|


O Senado Federal aprovou a cidadania de segunda classe no Brasil. Por unanimidade (entre os presentes – 72 votos) os senadores aprovaram o projeto do “Certificado de Imunização e Segurança Sanitária”. É uma espécie de passaporte para estabelecer áreas e atividades que só poderão ser acessadas por quem tenha sido vacinado contra Covid-19. Isto é um escândalo – e pode vir a se configurar como crime contra a saúde pública.


O projeto vai a votação na Câmara dos Deputados. Se prevalecer lá o mesmo nível de irresponsabilidade dos senadores, poderá virar lei – dependendo de sanção presidencial.


Todas as vacinas em aplicação no mundo são EXPERIMENTAIS. Níveis de eficácia e segurança alegados inicialmente decorrem de ciclos de estudos de desenvolvimento que giram em torno de seis meses de duração. Isso nunca aconteceu na história das vacinas – e não há qualquer explicação científica até o momento para tal condensação do tempo de verificação dos efeitos no ser humano, em termos do estudo necessário para aplicação segura e eficaz em larga escala. É um EXPERIMENTO.


Nenhuma das vacinas contra Covid-19 que estão no mercado tem aprovação definitiva das autoridades sanitárias. Para se ter uma ideia, a mais “conceituada” delas – aquela que já provoca até turismo vacinal – tem compromisso para confirmação efetiva de eficácia e segurança na União Europeia apenas em dezembro de 2023.


Os grupos restritos de voluntários para o desenvolvimento laboratorial de imunizantes foram “substituídos”, na etapa atual de estudos, pela totalidade da população – ou quase totalidade, mas as proposições para que se vacine até os bebês já estão aí. E agora? Teremos “voluntários obrigatórios”? Quem tiver efeitos adversos graves ainda não relatados reclama com quem? Com o Papa? Quem vai pagar por essa inconsequência?


Quem vai pagar pela morte de Thais Possati de Souza e seu bebê de 5 meses ainda em gestação? Na noite de 10 de maio de 2021, dia da morte por AVC hemorrágico de Thais (uma promotora de Justiça saudável de 36 anos), a Agência Nacional de Vigilância Sanitária emitiu nota técnica vetando a aplicação da vacina tomada por Thais em gestantes. Tarde demais para Thais. Ela foi levada por essa desinformação criminosa que se disseminou inclusive por veículos tradicionais de comunicação, propagando, de forma grosseira, que era melhor tomar vacina do que correr o risco de pegar Covid. Desinformação que envolve também autoridades – tanto que a Anvisa considerou necessário emitir uma nota técnica com o veto.


Quantas outras grávidas estão desinformadas? Quantos pacientes de outros grupos populacionais podem estar sofrendo reações importantes por conta dos efeitos coagulantes que provavelmente levaram Thais e seu bebê à morte?


Você não sabe – e não saberá. Pelo simples fato de que os relatos espontâneos de efeitos adversos e casos de infecção após a vacina são historicamente muito baixos. A diferença é que dessa vez a real aferição dos imunizantes depende dos relatos espontâneos, porque o mundo resolveu compactuar com essa aventura de vacinação em massa com vacinas experimentais – abrindo mão dos anos de estudos que precederam a liberação de todos os imunizantes que a humanidade já conheceu.


Você acha que tem o direito de não ser cobaia? Pois o Senado brasileiro quer te obrigar a ser.


Exagero? Então veja: a vacina que Thais Possati tomou, vindo a falecer em seguida e motivando o veto da Anvisa, tem compromisso de confirmação de sua segurança e eficácia perante a União Europeia em março de 2024. Repetindo: MARÇO DE 2024. Entendeu por que é EXPERIMENTAL? Agora leia esse trecho do documento que Thais teve de assinar antes de se vacinar:


“Ainda não foram feitos estudos em gestantes/lactantes que assegurem seu uso, ou seja, não foi verificada evidência científica de segurança e eficácia para sua administração”.


Como você se sente ao ler isso, sabendo que Thais Possati morreu depois de duas semanas de sofrimento atroz? Se estiver se sentindo num cassino macabro ninguém poderá te culpar por isso. Por todos os lados você vê gente gritando vacina ou morte. Aí você vê vacina e morte. Tenta se esconder debaixo da mesa de apostas, mas vem uma blitzkrieg do Senado Federal te arrancar de lá para te botar em cima da mesa. Vai ter que apostar também – se não quiser sumir do mapa.


Beleza. Vamos perguntar aos doutores senadores brasileiros em seus jalecos cinzentos: como estão os estudos sobre ocorrência de miocardite em vacinados com a tecnologia do RNA mensageiro? Não sabem?! Não é possível. Para obrigar a população inteira a se vacinar, suas excelências devem saber todas as conclusões sobre o número expressivo de casos de inflamação cardíaca pós-vacina relatados ao VAERS – Vaccine Adverse Event Reporting System dos EUA. Lá eles ainda não sabem, mas em Brasília os estudos devem estar concluídos.


Não estão? Esperem aí: então isso é cassino mesmo? Cala a boca, toma vacina e se tiver problema cardiovascular agora ou no futuro deu azar? Como se diz num subdialeto da língua de Shakespeare: que porra é essa?


Foi mais ou menos o que disse – com mais classe – o astro Eric Clapton ao perder os movimentos das mãos após se vacinar contra Covid. Você pode imaginar como se sentiu um dos maiores guitarristas da história ao sentir seus dedos ardendo, depois dormentes, depois imóveis – levando-o ao desespero por duas semanas até começar a recuperar parcialmente os movimentos. “Fui um rebelde a minha vida inteira contra tiranias e é isso o que temos agora”, desabafou Eric após a reação “desastrosa” (palavra dele) à vacina, referindo-se ao que virou essa suposta política de saúde na Inglaterra e no mundo.


Você ouviu a denúncia de Eric Clapton? Possivelmente não. Esse tipo de informação, nos dias de hoje, some. Entendeu por que o genial Eric fala em tirania? Entendeu o que está se passando no Brasil com a ação diligente fantasiada de empatia dos vassalos do lobby?


Você já notou que não estamos citando aqui os nomes das vacinas. Naturalmente, não é para não desagradar os vassalos do lobby. É só para ficar claro que não existe AQUELA cuja segurança e eficácia estão consolidadas. Vamos repetir: TODAS são EXPERIMENTAIS. No Brasil está sendo aplicada tanto aquela que a União Europeia e os EUA não deixam entrar, quanto aquela que Thais Possati e Eric Clapton tomaram, quanto aquela que chegou depois, “de primeiro mundo”, à qual estão associados os relatos de miocardite ainda em avaliação.


Essa vacina traz a tecnologia inovadora do RNA mensageiro – que ensejou controvérsias nos meios médicos sobre a falta de estudos por tempo suficiente em humanos. Prêmio Nobel de Medicina, o virologista francês Luc Montagnier declarou sua preocupação com a vacinação em massa durante uma pandemia, especialmente pelo potencial de efeitos adversos desconhecidos dessa técnica a longo prazo. No curtíssimo prazo, está sendo avaliada a presença de nanopartículas lipídicas, provenientes da introdução do mRNA, disseminada pelos órgãos vitais de vacinados – mas não há conclusões sobre isso.


Como se vê, há muitas dúvidas sobre as vacinas – e estamos aqui exercendo a responsabilidade de aponta-las. Menos no Senado brasileiro – que aparentemente resolveu mimetizar iniciativas fascistoides do mesmo tipo em outros países.


A ocorrência de miocardite é encontrada entre jovens vacinados numa proporção e com grau de nocividade que o CDC – o centro de controle de doenças dos EUA – ainda terá que dimensionar. Que tipo de efeitos adversos no sistema cardiovascular em cada faixa etária as vacinas contra covid poderão acarretar? Só o tempo e os estudos dirão. Mas o folclórico Dr. Fauci – cujos e-mails divulgados transbordam contradições inclusive quanto à eficácia das vacinas – usa seu cargo de assessor de saúde da Casa Branca para advogar a vacinação de crianças.


Onde está a ciência nesse tipo de proposição? Pode procurar à vontade que não vai achar. Com quase um ano e meio de pandemia não há um único estudo indicando que a ocorrência de Covid-19 em crianças – tanto em número de casos, quanto em gravidade e em potencial transmissor – indique a necessidade de vacinação dessa faixa etária. Você não acha que isso se parece um pouco com a premissa obscura da criação de uma cidadania de vacinados, aprovada pelos senadores brasileiros?


Com a quantidade de dúvidas contidas nessas substâncias EXPERIMENTAIS, esse passaporte carnavalesco fantasiado de segurança sanitária não criará cidadania alguma – ao contrário, cassará a cidadania dos indivíduos livres e saudáveis. A não ser que você se levante daí e lute pela sua dignidade.


Vacinas incipientes são a porta de saída segura da pandemia? Estranho. Então o que está acontecendo no Chile? Era um dos países com melhores resultados no enfrentamento do novo coronavírus. Começou a vacinar em massa e hoje é o mais vacinado do continente, com cerca de 45% da população tendo recebido as duas doses – e está fechando tudo por conta da explosão de casos de Covid-19.


O que aconteceu na Índia? País com elevada taxa de população vacinada – sendo inclusive produtor de vacina – mergulhou no seu pior momento em toda a pandemia no auge da vacinação. A taxa média de óbitos em maio de 2021 na Índia chegou a ser três vezes superior à do pico da primeira onda. Por que o mesmo fenômeno aconteceu no Uruguai, um dos países com maior percentual de população vacinada na América do Sul? Aliás, por que os primeiros seis meses de vacinação no mundo coincidem com um agravamento dramático e generalizado da pandemia?


Ninguém sabe ao certo. Mas quem pode afirmar, no contexto acima descrito, que vacinas são a salvação certeira contra a pandemia – a ponto de se criar OBRIGATORIEDADE de vacinação (fantasiada de “passaporte”, “certificado” e outras espertezas do lobby)?


Vamos repetir: estamos diante de um ESCÂNDALO ÉTICO.


A autoridade sanitária brasileira, aquela que emitiu a nota tardia sobre o perigo LETAL da vacina que Thais Possati tomou, é considerada pelos vassalos do lobby como um entrave. Ameaças vieram de todos os lados – inclusive do Congresso e do STF – arbitrando prazos exíguos para a Anvisa liberar vacinas, sob pena da decretação de “autorização tácita”, isto é, da revogação da autoridade sanitária. Isso é muito grave – e não foi papo de “esquerda” ou “direita”. Veio de todos os lados, inclusive de um líder do governo na Câmara, que disparou publicamente contra a agência em linguajar de campo de várzea – “estão pensando que a gente é trouxa” e coisas assim.


O nome desse vassalo do lobby não está sendo citado aqui só para não emporcalhar o texto – mas se for o caso poderemos citá-lo tranquilamente, assim como ao senador que elaborou o projeto mais absurdo de atropelo da autoridade sanitária (esse tem linguajar bem educado), o ministro do STF que tentou constranger a Anvisa de forma mais acintosa e por aí vai. De todo modo, são facilmente reconhecíveis – assim como são os nomes dos 72 senadores que perpetraram esse atentado à sua saúde abrindo caminho legal para que te obriguem, na prática, a inocular no seu corpo uma substância cujas ações e consequências completas só serão conhecidas daqui a vários anos.



Mesmo sendo considerada um entrave pelos abutres da Covid S.A. a Anvisa sentiu a pressão e tomou decisões no mínimo controversas. As vacinas aprovadas em caráter emergencial no Brasil foram liberadas com estudos faltantes, como consta do laudo de liberação – onde se lê que para grupos de idosos os estudos não foram suficientes para comprovar a eficácia, nem mesmo a segurança dessas vacinas. Considerando-se que idosos são o grupo populacional mais vulnerável à Covid-19, constata-se a liberação emergencial de vacinas impróprias para a maioria dos que estão em situação de emergência. Paradoxal? Pois saiba que isso sequer foi objeto de contestação. Saíram vacinando e fim de papo.


Mas o papo não acabou – embora o lobby queira que ele acabe, perseguindo os que querem discutir o assunto fora do cassino. E a continuação desse papo leva a mais uma pergunta bem simples: quantas pessoas você conhece que atravessaram bem um ano de pandemia e adoeceram ou faleceram depois de se vacinar? Todos conhecemos muitas. O que furou na suposta proteção imunizante? Qual a probabilidade infecciosa dos vírus supostamente inativados? Qual o inventário das reações adversas? A propensão à geração de coágulos e trombose afetou quantos vacinados e com que gravidade? Essas estatísticas estão sendo apresentadas a você?


Claro que não. Elas nem existem. Só poderiam ser feitas com o rigor necessário dentro de grupos controlados no processo de desenvolvimento das vacinas pelos laboratórios, conforme ocorreu com TODOS os imunizantes produzidos até hoje. Mas dessa vez a ciência ganhou uma licença poética – e vacina virou questão de fé. “Levo fé na Sputnik”, “não levo fé na Sputnik”, etc. Contando ninguém acredita.


A aplicação em massa de vacinas incipientes no transcorrer de uma pandemia pode favorecer o surgimento de variantes mais infecciosas? O efeito do “escape imunológico”, conforme alerta de virologistas experientes, pode estar acontecendo? Não sabemos. O que sabemos é que a vacinação em massa coincidiu com o surgimento de variantes mais infecciosas. Onde está a refutação científica da hipótese de que isso estaria sendo provocado pela própria vacinação?


Você não viu refutação científica alguma. Esse negócio de ciência já era. O que você vê são manchetes com “especialistas” dizendo que está tudo bem, porque “vacinas aumentam a imunidade”. Dizer que vacinas aumentam imunidade é tão cientificamente certeiro como dizer que senadores defendem o povo.

Vamos ver agora os deputados. E depois o presidente da República. Quem assinar embaixo desse “Certificado de Imunização” que não certifica nada e amarra o cidadão numa coleira tão lucrativa quanto hedionda, está emitindo o seu próprio atestado: ou é um irresponsável, ou é um vendido. Pelo menos você fica sabendo quem é quem nessa guerra dissimulada, cheia de chupa-sangues dizendo querer o seu bem.


Leia mais em: https://www.gazetadopovo.com.br/vozes/guilherme-fiuza/o-lobby-da-vacina-quer-cassar-a-sua-cidadania/ 

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