Benjamin Steinbruch
Mais algumas horas e estaremos todos comemorando com familiares e amigos a passagem do Ano-Novo. Em momentos como esse, não há razão nem clima para falar de problemas, abordar polêmicas ou fazer críticas.
O dia do Ano-Novo, por tradição, deve ser voltado para pensamentos positivos e para esperanças de realizações no período que se inicia. Assim, enumero aqui minha singela lista de desejos para o Brasil e os brasileiros neste 2014 que começa logo mais sob chuvas de fogos em todo o país.
Imaginemos, então, que tudo vai dar certo para o Brasil e os brasileiros no novo ano. Claro que, como não há milagres nessa matéria, o país continuará sendo um emergente, nome pomposo pelo qual há algumas décadas passou-se a rotular os países com grande potencial e nível médio de desenvolvimento econômico e social. Mas muita coisa boa pode acontecer.
Em minha lista aparecem em primeiro lugar o emprego e a renda. Que o país continue a criar vagas de trabalho e que a renda média do brasileiro se mantenha em alta. O trabalho digno, além de prover recursos financeiros, realiza o ser humano. Não existe nada mais triste e desagregador para as famílias do que o desemprego.
Para que haja sempre mais trabalho, é preciso expandir a atividade produtiva. Que venha, então, o crédito sem juros exorbitantes tanto para investimentos quanto para o consumo. Que as autoridades tenham bom-senso para manter as taxas em níveis civilizados e procurem aliviar a carga tributária da sociedade como um todo.
A expansão da atividade produtiva depende também do mercado internacional. Então, que a economia mundial volte a crescer de forma sustentável, que a China retome o ritmo chinês, que os EUA mantenham sua recuperação, com a manutenção da política monetária não conservadora, e que a União Europeia saia da enrascada em que se meteu.
Por aqui, que o câmbio seja favorável ao exportador para melhorar a competitividade do produto manufaturado brasileiro, mas sem ultrapassar limites que possam causar impacto
inflacionário.
A eficiência dos serviços públicos aumenta quando o governo divide essa responsabilidade com o setor privado. Por isso, que as concessões tenham continuidade e que a fórmula encontrada para rodovias e aeroportos, que deu resultado, possa ser adotada em outras áreas, como a de ferrovias e hidrovias.
Para transformar o Brasil e os brasileiros, o país precisa de políticas públicas vigorosas nas áreas de educação, saúde e sociais em geral. Que elas tenham seguimento para que melhorem os índices de desenvolvimento humano, mortalidade infantil e distribuição de renda. E também para que todas os jovens brasileiros, dos 5 aos 21 anos, pelo menos, possam ter a oportunidade de frequentar uma escola.
Que tenham sequência as reivindicações sadias nas áreas sociais, para a melhor distribuição de gastos públicos, para o combate à corrupção e à burocracia, para a melhoria da mobilidade urbana, para que haja mais segurança nos grandes centros urbanos e para outras causas. E que sejam respeitados os direitos de manifestação e opinião, desde que sem agressões a pessoas ou atos de violência contra o patrimônio público ou privado.
Se caminhar por aí, o país estará num bom caminho. Ter esperança pode parecer pieguice ou ingenuidade para alguns. Ao olhar para trás, porém, é possível ver quanto já avançamos nas últimas décadas. A despeito das dificuldades, o Brasil é hoje indiscutivelmente melhor do que aquele dos anos 1980. Nada teria mudado no país se não houvesse democracia e se os brasileiros não tivessem desejos, planos e esperança.
Por fim, que o Brasil ganhe a Copa do Mundo. Vença dentro do campo, num ambiente de paz, alegria e fair play. E também fora do campo, com boa organização e a conclusão a tempo dos projetos de estádios, hotelaria e infraestrutura urbana.
Depois disso, que se abra um debate amplo sobre os problemas nacionais, de forma que os brasileiros sejam bem informados para votar com consciência e responsabilidade para a Presidência da República e para os demais cargos públicos nas eleições de outubro. Paz e felicidade no Ano Novo!
Benjamin Steinbruch é empresário, diretor-presidente da Companhia Siderúrgica Nacional, presidente do conselho de administração e 1º vice-presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo). Escreve às terças, a cada duas semanas, no caderno 'Mercado'.
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