terça-feira, 31 de dezembro de 2013

Jogos de guerra na Ásia


As três maiores economias do mundo –EUA, China e Japão– estão envolvidas em preocupante agitação militar no leste da Ásia. O pretexto é um punhado de ilhotas no oceano Pacífico; o pano de fundo é o aumento calculado da agressividade de Pequim em suas disputas territoriais com os vizinhos.

A atual escalada começou há pouco mais de um mês, quando Pequim decretou que uma vasta porção do mar do Leste da China passaria a ser zona de defesa aérea. Pela resolução, quem quiser sobrevoar essa área precisa notificar as autoridades chinesas.

O perímetro estabelecido pela China, contudo, inclui uma área sob domínio sul-coreano e parte de um arquipélago em disputa com o Japão, atualmente administrado por Tóquio –as ilhas Diaoyu, ou Senkaku (para os japoneses).

Num desafio à China, os EUA, aliados do Japão, enviaram dois bombardeiros B-52 à região, no final de novembro. Dias depois, japoneses e sul-coreanos seguiram o exemplo. Não houve retaliação.

Mais recentemente, o governo japonês anunciou inédita estratégia de segurança nacional, com aumento de 5% de gastos nos próximos cinco anos, totalizando US$ 240 bilhões. Os recursos adicionais serão empregados sobretudo em melhorias na vigilância do arquipélago Diaoyu/Senkaku.

Houve, além disso, tensão no campo simbólico. Na semana passada, o premiê do Japão, Shinzo Abe, foi ao santuário Yasukuni, em Tóquio, dedicado a japoneses mortos em conflitos desde 1868.

A visita, a primeira do gênero desde 2006, gerou duros protestos na China e na Coreia do Sul, que consideram o local um símbolo do passado militarista japonês.

O endurecimento da China em disputas territoriais –houve episódios semelhantes com Filipinas e Vietnã– coincide com sua ascensão ao posto de segunda maior economia do mundo, o que se deu em 2010. Há, ademais, a percepção de que os EUA têm no leste da Ásia uma de suas prioridades militares a curto e médio prazo.

A fim de evitar confrontos, mecanismos internacionais de negociação sobre segurança e limites territoriais precisam ser aprimorados. Não interessa a ninguém um conflito militar envolvendo as maiores economias do mundo, duas das quais são potências nucleares.
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