domingo, 2 de fevereiro de 2014

Falta de educação

PAULO SARDINHA
O GLOBO 

Levantamento indica que 38% dos nossos universitários são analfabetos funcionais


Entre os desafios atuais da gestão com pessoas está o de contribuir para o aumento da produtividade das organizações. Como produzir melhor é uma questão urgente, ainda mais quando pesquisas como a do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV) apontam que somente com uma alta média de 3% ao ano na produtividade do trabalho será possível a economia brasileira crescer na casa de 4% ao ano. Para piorar esse cenário, há estudos que colocam o país entre os últimos na América Latina neste quesito.

Para as empresas, o dilema é visto do seguinte ângulo: como implementar uma cultura de alto desempenho? Desafios assim exigem rapidez de resposta das organizações, principalmente para aquelas que querem aproveitar as oportunidades que surgem com a Copa e as Olimpíadas. Entretanto, a mudança cultural passa necessariamente pelo sucesso do engajamento das pessoas.

Não há como negar que o desempenho da empresa está diretamente relacionado ao comprometimento dos funcionários. Fazer com que as pessoas deem o melhor de si — porque são estimuladas pelos objetivos da empresa, facilitando, assim, o trabalho no regime de colaboração e integração — é vital para alcançar os resultados desejados.

Entretanto, a produtividade não depende apenas de engajamento, mas também da capacidade de cada profissional. Por mais que as empresas invistam em ferramentas e programas que valorizem os colaboradores, a falta de mão de obra qualificada tornou-se um dos principais empecilhos para o aumento da produtividade.

Há iniciativas para tentar minimizar esse cenário. As próprias empresas vêm, cada vez mais, investindo em qualificação, seja financiando a graduação ou pós-graduação de funcionários, a concretização de parcerias com faculdades, a criação de suas universidades corporativas, além da realização periódica de cursos de atualização profissional.

Infelizmente, as deficiências são ainda mais básicas em um país que tem, segundo o IBGE, 13,2 milhões de analfabetos. E levantamento do Instituto Paulo Montenegro e da ONG Ação Educativa indica que 38% de nossos estudantes universitários são analfabetos funcionais. São pessoas que entram no mercado de trabalho com dificuldade para realizar tarefas simples como a leitura e compreensão de um texto ou um cálculo matemático.

Por maior que seja o comprometimento dos setores de RH com os resultados que as empresas devem alcançar — e esse será justamente um dos pontos do RH Rio, em maio —, as ações terão resultados limitados enquanto a educação persistir como um dos principais problemas no país. Enquanto nossos índices continuarem próximos dos de países subdesenvolvidos, não haverá engajamento suficiente que impulsione o crescimento das organizações.
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