O sinal amarelo de alerta passou de "steady" para piscar com frequência baixa, mas piscando...em aviação o próximo passo é o vermelho (ainda mais se for o indicador de combustível remanescente) e você se aproxima, noturno, na terminal SP com destino à Congonhas vindo do Rio, significa dizer que do litoral até lá pouco se tem de espaço horizontal, sem obstáculos, para um pouso, ainda mais chovendo e, pior, noturno no entorno das 18:00hs. Enfim, o amarelo faz você relembrar e recitar orações compulsórias para lograr a primeira comunhão...
Amarelo porque já é o terceiro artigo no qual Gabeira (ex-PT e ex-guerrilheiro, convertido à razão dos fatos) começa a alfinetar, com mais profundidade e frequência em um mesmo artigo, o governo Bolsonaro que, logo após a vitória em segundo turno foi um dos raríssimos jornalistas (ainda mais escrevendo pelo O Globo e com programa na Globo News). Esse foi o primeiro elemento de análise.
O segundo é que ele, com seus 70 anos e mais de quarenta só como jornalista, está caindo no "canto" da desinformação. Para ele é ruim porque abre mão da coerência e do bom senso e prefere se render "à galera midiática".
Amarelo porque já é o terceiro artigo no qual Gabeira (ex-PT e ex-guerrilheiro, convertido à razão dos fatos) começa a alfinetar, com mais profundidade e frequência em um mesmo artigo, o governo Bolsonaro que, logo após a vitória em segundo turno foi um dos raríssimos jornalistas (ainda mais escrevendo pelo O Globo e com programa na Globo News). Esse foi o primeiro elemento de análise.
O segundo é que ele, com seus 70 anos e mais de quarenta só como jornalista, está caindo no "canto" da desinformação. Para ele é ruim porque abre mão da coerência e do bom senso e prefere se render "à galera midiática".
Questionar uma fala de um ministro ANTES do desastre de Brumadinho foi, literalmente, um desastre...que suprimindo meio parágrafo, poderia ser evitado.
Só em defesa de Mourão, controle de documentos sensíveis descentralizados diminui SOBREMANEIRA, a burocracia e as amarras cartoriais SEM COMPROMETER a inteligência. Um exemplo antigo mas ilustrativo: Resultado de inspeções de saúde acusando câncer ou doença degenerativa grave recebia a classificação de SECRETO e para involuir para CONFIDENCIAL controlado dava trabalho e desgaste para os militares e familiares envolvidos...apenas para ficar nesse de uma verdadeira miríade de detalhes nessa seara...
De sorte que neste artigo que merece leitura com "epochée" Gabeira "viajou". O problema é a influência e credibilidade que ele imprimiu em seus leitores, inclusos bolsonaristas, nos últimos meses.
Conforme antevi, a luta será difícil...
Só em defesa de Mourão, controle de documentos sensíveis descentralizados diminui SOBREMANEIRA, a burocracia e as amarras cartoriais SEM COMPROMETER a inteligência. Um exemplo antigo mas ilustrativo: Resultado de inspeções de saúde acusando câncer ou doença degenerativa grave recebia a classificação de SECRETO e para involuir para CONFIDENCIAL controlado dava trabalho e desgaste para os militares e familiares envolvidos...apenas para ficar nesse de uma verdadeira miríade de detalhes nessa seara...
De sorte que neste artigo que merece leitura com "epochée" Gabeira "viajou". O problema é a influência e credibilidade que ele imprimiu em seus leitores, inclusos bolsonaristas, nos últimos meses.
Conforme antevi, a luta será difícil...
Procure lembrar
Fernando Gabeira: - O Globo
Estou muito velho para ficar desapontado, reclamando de governos. Mas nem tanto para iniciar um leve combate
‘Tente esquecer em que ano estamos.”
De vez em quando, ouço Luiz Melodia, que sempre me apoiou nas campanhas claramente perdidas, antes mesmo do começo. O verso foi escrito num contexto amoroso, no qual os amantes se esquecem do mundo. Infelizmente, não posso seguir o amigo, nesse verso de “Pérola negra”.
Minha tarefa é exatamente procurar lembrar em que ano estamos. Não é fácil. Para quem viveu longamente, muitos anos disputam o lugar de modelo, referência para compreender o que se passa. Pouco servem diante da singularidade de 2019.
A chegada de um novo grupo ao poder trouxe consequências imprevistas. O novo chanceler Ernesto Araújo escrever que o aquecimento global é uma invenção do marxismo global.
Não conheci Osvaldo Aranha, embora tenha visitado seu túmulo no Sul. Entrevistei, ainda jovem, Augusto Frederico Schmidt, leio constantemente sobre a trajetória de Afonso Arinos, San Tiago Dantas. E há ainda os grandes diplomatas de carreira. Nenhum desses homens, creio, seria capaz de se antepor tão ousadamente às evidências científicas colhidas pela humanidade.
Araújo é um intelectual. Fiquei até agradecido por aconselhar a leitura de Clarice Lispector. Não sei bem o que ela estava fazendo no seu discurso. Mas é sinal de bom gosto. A própria Clarice ficaria perplexa como se estivesse diante de um búfalo ou de uma galinha.
Realmente, tenho de me esforçar muito para entender a política ambiental de Bolsonaro. Antes de partir para Davos, aprovou para o Serviço de Florestas um homem que quer liberar a caça de animais silvestres no Brasil.
Esforço-me por entender o universo ético da família do presidente. Flávio Bolsonaro apegou-se ao foro privilegiado para enfrentar denúncias de movimentação financeira atípica. Em seguida, soube-se que ele empregou em seu gabinete a mulher e a mãe de um matador ligado às milícias.
Sua posição sobre as milícias admite que são vantajosas porque expulsam os bandidos. Isso só pode ser entendido na linha do tempo.
A defesa das milícias nos dias de hoje não pode ignorar que controlam o gás, parte do comércio imobiliário, do transporte coletivo e até do tráfico de drogas. E matam muito.
O tempo torna mais aceitável a posição de Flávio. O desconcertante é que a mulher e a mãe do bandido trabalharam até 2018 no seu gabinete. E isso num período em que ele já estava na cadeia.
Minha perplexidade aumentou com o decreto de Mourão autorizando funcionários de segundo escalão a classificar os documentos como secretos. O projeto deles, com apoio da maioria, era o de combater a corrupção. O decreto enfraquece precisamente a melhor arma contra esse crime: a transparência.
Qualquer movimento de volta à opacidade serve apenas para levantar suspeitas de concentração de poder. Ou de riqueza. A história recente no Brasil deixou nas mãos da sociedade escaldada pelo menos um instrumento de defesa, que é a transparência.
O fato de haver muitos militares no governo para mim não tem conotação negativa. Considero-os uma força moderadora. Mas qualquer recuo na transparência fica parecendo um enfoque militarizado do governo.
Mourão afirmou que o decreto já estava pronto no governo Temer. Levamos anos discutindo essa Lei de Acesso. Se o decreto tinha mesmo uma justificava racional, por que não discuti-lo?
Estou muito velho para ficar desapontado, reclamando de governos. Mas nem tanto para iniciar um leve combate agora que estou com a carteira praticamente vencida.
Por que conciliar com a ignorância humana que pode arruinar nossos recursos naturais? Por que aceitar um recuo na lei da transparência que ajudei a construir na Câmara?
Espero que os eleitores de Bolsonaro não fiquem muito zangados. Nada contra eles. O que penso sobre milícias, transparência e aquecimento global não depende tanto de eleições. A ideia não é conhecer a verdade e se libertar através dela? A minha é essa: milicianos são criminosos, o planeta está se aquecendo, e não há nada mais suspeito do que golpear a transparência.