sexta-feira, 28 de agosto de 2020

O alinhamento ideológico do Twitter no Brasil

 J.R. Guzzo - Gazeta do Povo 


Twitter resiste à ordem judicial que mandou apontar os responsáveis pela página Sleeping Giants no Brasil.

O Twitter aprendeu depressa como são as coisas no Brasil; está sempre do lado certo da contradição social. Uma juíza do Rio Grande do Sul, por solicitação de um órgão de imprensa, determinou uns dias atrás que a rede informasse a identidade e outros dados cadastrais da página "Sleeping Giants”, que se dedica a denunciar o que considera “fake news” entre os seus usuários. Determinou, também, a exclusão desse perfil.

"Fake news"? O que os responsáveis pela página realmente fazem é pressionar para que empresas que anunciam em sites considerados por ela como sendo de “direita” retirem seus anúncios dali; chamam a isso de “desmonetização”, ou seja, querem privar de suas fontes de renda os denunciados em sua lista negra. O Twitter disse que não vai cumprir a determinação judicial. Está recorrendo à instância superior.

Por que será? O Twitter vive na porta do fórum se oferecendo para banir perfis que carimba como “fascistas”. Precisa de alguma coisa, meritíssimo? É só pedir – e muitas vezes nem é preciso pedir nada. Mas quando se trata de perfis “de esquerda”, ou “antifascistas”, ou de “resistência”, a rede faz o exato contrário. Ela age assim porque não é boba.

Quando olha para os galhos que estão na parte de cima do Judiciário, o Twitter vê o ministro Alexandre Moraes, do STF, tocando há um ano e meio um inquérito 100% ilegal contra quem ele acha que está espalhando “fake news” nas redes sociais; tudo gente de “direita”, “extremista” e contra a “democracia”, exatamente a turma de quem o “Sleeping Giants” não gosta.

Também vê, sentada num galho ao lado, a ministra Cármen Lúcia, recém-chegada ao ”campo progressista”, proibindo o Ministério da Justiça de buscar informações sobre funcionários públicos suspeitos de praticar atos de bandidagem de “esquerda”. O Twitter soma dois com dois e tira as suas conclusões.

O mesmo STF mandou desfazer a ação em torno de um jornalista que escreveu há pouco o seguinte: “Eu quero que o presidente Jair Bolsonaro morra”. Tudo bem, porque é questão de ponto de vista; cabe aos leitores, e não à Justiça, julgar o que ele fez. Pela lógica, então, o STF, o “Sleeping Giants” e o Twitter deveriam deixar em paz quem pensa na direção contrária. Mas não é assim que funciona, não é mesmo? No Brasil de hoje quem não é “antifascista” não é ninguém.


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