CULTURA DA MEDIOCRIDADE
Por William Fiori postagem no LinkedIn
Vivemos em uma era na qual a crítica se tornou um terreno minado. No ambiente de trabalho, qualquer tentativa de correção ou divergência de opinião corre o risco de ser interpretada como um ataque pessoal. É como se a capacidade de separar o método da pessoa tivesse se dissolvido na névoa do "não me toque". A situação piora quando percebemos que, muitas vezes, a discussão é apenas sobre caminhos diferentes para alcançar o mesmo objetivo, mas qualquer discordância vira motivo para melindres e ressentimentos.
Estudos indicam que esse fenômeno não é apenas impressão nossa. Segundo uma pesquisa da Harvard Business Review, cerca de 65% dos funcionários evitam dar feedback construtivo por medo de reações emocionais ou retaliação. Isso cria uma cultura de silêncio e mediocridade, onde o conflito, que deveria ser um motor para a inovação, é evitado como se fosse o próprio fim do mundo. Ao mesmo tempo, a American Psychological Association relatou que ambientes de trabalho onde o feedback honesto é suprimido tendem a ter uma queda de 28% na produtividade e 23% na satisfação dos colaboradores.
E o que isso significa para nós? Que estamos vivendo a ditadura do ego frágil. Não se pode mais discutir metodologias ou apresentar contrarrazões sem ferir a sensibilidade de alguém. O New York Times publicou recentemente um artigo onde apontou que a geração atual tem uma dificuldade crescente em receber críticas, o que leva ao chamado "paradoxo da feedback-fobia". Enquanto todos clamam por crescimento pessoal e profissional, ninguém quer ouvir que talvez, só talvez, seu método possa ser aprimorado.
Nosso espaço de trabalho transformou-se em uma espécie de grupo de apoio emocional, onde a prioridade é não desagradar ninguém, mesmo que isso signifique aceitar ideias ineficazes ou permanecer estagnado. E isso tudo em nome de uma harmonia que, no fundo, é superficial e frágil. Críticas construtivas, que sempre foram o alicerce para a evolução em qualquer campo, foram relegadas a meros sussurros tímidos, temerosos de ecoarem nas mentes sensíveis dos nossos colegas.
Mas, no final das contas, isso é produtivo? Quem realmente se beneficia quando o medo de magoar o outro nos impede de discutir abertamente a melhor forma de executar uma tarefa? Quando a sensibilidade emocional se sobrepõe à eficiência operacional, estamos todos condenados a viver em um looping de mediocridade, onde o melhor que podemos esperar é um tapinha nas costas e um "tudo bem" de quem, no fundo, preferiria nunca ter sido contrariado.
E então, resta a pergunta: será que estamos dispostos a sacrificar nosso próprio crescimento profissional e coletivo em nome dessa paz armada? Acredito que não, mas parece que estamos caminhando exatamente para isso.
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