O que vale salientar é a fabulosa capacidade de desenvolvimento da Economia de Defesa em nosso país com o desenvolvimento de novas tecnologias de alto valor agregado, geração de empregos fixos, competitivos no mercado e sustentáveis, melhor e maior capacidade de arrecadação nas três esferas da administração pública.
O país só terá a ganhar se a sociedade abraçar a idéia da Economia de Defesa.
Além dos caças
Folha
Editorial
Ainda que de forma vagorosa, o Brasil começa a entrar no século 21 no que diz respeito a tecnologia de defesa e capacidade dissuasória adequadas a sua condição de potência regional e ator global.
Alguns avanços importantes foram conquistados em 2013. O mais vistoso, sem dúvida, foi o anúncio da compra dos caças suecos Gripen para a Força Aérea Brasileira (FAB) –aquisição que, de resto, traz um grande salto em termos de capacitação da indústria.
Mas caças não eram a principal deficiência no setor. A defesa antiaérea constituía a mais obsoleta face do sistema de proteção, e o governo deu passo significativo ao negociar com a Rússia a compra das primeiras baterias modernas da história do país.
Assim como no caso do Gripen, há a previsão de transferência tecnológica. No entanto, entraves diversos, da crítica ao equipamento a denúncias sobre a natureza obscura dos intermediários, sugerem que o negócio ainda se arrastará.
Em outra frente, o programa de submarinos da Marinha e a construção de um cargueiro pela Embraer foram incluídos nas regras do PAC e receberam fartos recursos federais em 2013.
Os submarinos, quatro unidades convencionais e uma nuclear a serem feitas no Rio de Janeiro, são a parte mais destacada do acordo Brasil-França de 2009.
É seleto o grupo das nações que dispõem de submarino nuclear –não por acaso, as mesmas que integram o Conselho de Segurança da ONU–, mas não se pode ignorar aspectos pouco transparentes do programa, como a bilionária construção de um estaleiro por uma empreiteira brasileira subcontratada livremente pelos franceses.
Já a fabricação do cargueiro KC-390 pela Embraer dará ao país maior autonomia não só para transportar tropas e equipamentos, mas também para reabastecer seus caças, algo vital dada a extensão do território brasileiro.
A despeito desses avanços, falta muito para o país contar com uma defesa coordenada e eficaz. Apenas engatinham, por exemplo, satélites e segurança cibernética, sem o que não há o elemento central para o uso de armas hoje em dia: inteligência em rede.
Como pensões e aposentadorias consomem quase todo o orçamento de defesa, presumem-se mais obstáculos à frente.
Pacifista por tradição e condições geográficas, o Brasil tem a seu favor o tempo. Suas riquezas, de aquíferos ao petróleo do pré-sal, não são facilmente apropriáveis por eventuais agressores. Mas tais vantagens não deveriam incentivar a procrastinação perene. O país não pode abrir mão de uma defesa enxuta, moderna e eficiente.
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