Todo liberal é cético com o poder e muito raramente se empolga com um político. Claro, há exceções, e podemos pensar em Reagan e Thatcher despertando grandes esperanças. Mas, via de regra, o liberal vota descrente, no menos pior. É como naquele jogo “resta um”, em que vamos eliminando todas as peças até sobrar apenas uma.
Façamos, então, esse “concurso de feiura” no caso das próximas eleições. Qual a prioridade aqui? A resposta, do ponto de vista liberal, parece evidente: impedir a volta da esquerda ao poder. Seria simplesmente catastrófico seguir na rota venezuelana. A esquerda pariu a desgraça em que o Brasil se encontra hoje.
Portanto, eis a meta: derrotar o esquerdismo. A pergunta que surge é quem tem mais chances disso. Alguns tentam pregar o voto útil no Alckmin, pois teria menos rejeição num segundo turno. Há dois problemas básicos aqui: um, ele é parte dessa esquerda, ainda que menos radical; dois, ele é um besouro incapaz de alçar voo, estagnado perto dos 10% das intenções de voto.
Os demais nomes, como Álvaro Dias, Meirelles e João Amoedo, podem ser melhores do que Alckmin em ideologia, mas possuem ainda menos chances. O candidato do Novo, do ponto de vista técnico, seria o mais alinhado. Mas tem circulado pelas redes sociais uma frase ácida, porém verdadeira: “Votar em Amoedo hoje é como parar para ajeitar o cabelo com o prédio em chamas”.
A analogia que faço é diferente, não só por conta da falta de chances do novato, como por seu perfil: Amoedo é um bom arquiteto, mas no momento a casa está pegando fogo, com risco de desabar. É hora de chamar o bombeiro. Precisamos de alguém que vá combater com firmeza o esquerdismo.
E aí vem a questão da qual os liberais não podem mais fugir: Jair Bolsonaro está praticamente garantido no segundo turno, se houver um. E, ao que tudo indica, seu concorrente será Lula, disfarçado de Haddad. A eleição, então, caminha para uma espécie de plebiscito do lulopetismo, e só há uma postura aceitável no caso: derrotar a quadrilha que destruiu o Brasil de vez e pretende nos transformar numa Venezuela.
Entendo as várias ressalvas dos liberais com Bolsonaro. Seu passado o condena, apesar de Paulo Guedes como selo de qualidade da mudança confessada. Há uma ala partidária um tanto bizarra também, com atitudes intolerantes que remetem ao próprio petismo. Mas a escolha, pelo visto, afunilou para essa: a volta do PT ou uma aventura à direita, com um ministro liberal cuidando da área econômica. Não parece tão difícil assim, parece?
Eu votaria até no Capeta contra Lula. Votar num ex-capitão honesto, ao que tudo indica, que tem coragem de comprar brigas necessárias contra o esquerdismo, que adotou uma pauta liberal na economia e conservadora nos costumes, parece moleza.
Rodrigo Constantino
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