domingo, 21 de setembro de 2014

O suplício de Sisyphus!


Queridos amigos, tenho evitado assistir aos debates presidenciáveis por não acreditar no que dizem. Primeiro, por acompanhar esse processo há muitos anos, já presenciei vááááárias oportunidades de políticos sendo punidos por votarem diferente do que o partido manda ou tendo que entrar na justiça para poder votar contra. O caso mais emblemático foi o de Heloísa Helena por ocasião do mensalão e do falecido presidente do PSDB que justificou seu voto errado por acidente, contrariando a decisão de sua bancada. Ou seja, se o eleitor "maduro" acha que aquele que receber seu voto fará o que lhe prometeu, nada, muito menos eu, pode ser feito ou fazer. Enfim...

Bem, toda vez que abro a internet ou ouço alguém me perguntar vem as declarações.
O que digo é o de sempre, será uma loteria, mais uma vez, uma lamentável e dolorosa vez. Por vários, vários e vários motivos já estampados, sobretudo nos últimos dias, lamentavelmente concordo com Michel Temmer, lamentavelmente, pois não gostaria que assim o fosse, mas é impossível eles não serem reeleitos.

Desculpe, mas quem tem alguma esperança, não levem a mal e podem, se quiser, me excluir -mas assim como na carreira militar e na vida, eu falo o que acho que tem que ser dito e não o que a pessoa gostaria de ouvir (e essa exacerbada preocupação em não ferir susceptibilidades ou coitadismo ou politicamente correto, para quem AINDA não percebeu, está afundando nosso país), enfim, quem nutre outras esperanças mediante vários sinais concretos de arrestamento, verdadeiro arrestamento de todas instituições (jurídico, executivo, legislativo, sociedade civil organizada) foi quem começou a prestar a atenção ao Brasil nos intervalos das novelas, campeonatos de futebol, Big Brothers, UFC, Ratinhos, Datenas, etc e lamentáveis platitudes similares. Enfim, aos amigos mais novos venho falando a mesma coisa aos amigos mais velhos há anos...e infelizmente pouquíssimo mudou, haja visto o que vivemos agora, exatamente agora.

Enfim, candidatos a imperador...desculpe, a presidente, estão prometendo, ou melhor, enganando, sobre coisas que não lhe pertencem cuja ação é comum em ditaduras e não em democracia, muito menos, muito menos, republicanas. 

Por que estresso o Republicana? Exatamente porque o Chefe do Executivo EXECUTA e não LEGISLA, em função de demandas apresentadas por 5 565 outros chefes de executivos municipais e 26 estaduais. Ponto, simples, legal e previsto na Constituição de 1988 ASSIM. Apesar de se ter absolutamente, todos os sintomas de Casa da Mãe Joana ainda é o que a CRFB 1988 prevê.

Então se o candidato diz que irá ou não mexer nos direitos trabalhistas isso, por si só já é um crime passível de impeachment, à vera, no duro. Pois isso quem decide É a sociedade civil organizada que, por intermédio de seus representantes, nas 5 565 Câmaras de Vereadores, 26 Assembléias Legislativas e Congresso, decidiram POR CONSENSO, CONSENSO, pois é isto, sobretudo, sobretudo, que caracteriza uma república que só pode existir em uma democracia.

QUALQUER coisa que o candidato prometer ele terá que conseguir por convencimento, para se ter o consenso, para que os DONOS da bola, legislativo, formalizem como LEI, aí o presidente EXECUTA!! Qualquer coisa diferente pediram dinheiro, espaço, influência, cargos, sobretudo cargos, daí, QUANTO MAIS RÍGIDO para "satisfazer" o eleitor "indignado no intervalo da novela ou do futebol" quiser, haverá cobranças, mais ministérios, mais organizações públicas de segundo, terceiro e quartos escalões para abrigar os "cabidaços" de emprego, mais escândalos de DNIT, Pasadena, Petrobrás e todas demais "brás", aliás, amigos, em nosso sorry country, "brás" poderia TAMBÉM significar "teta", ou "cabidaço" de cargos ou emprego (JAMAIS trabalho).

Enfim, querem entender o que está acontecendo? Leiam, leiam muito leitura de qualidade. Não poesias, não auto-ajuda, não esoterismo, não romances água com açúcar, etc, etc. Neste particular o que sempre, também, falo aos amigos mais velhos é que não adianta Bienais de Livros, Rio, SP, Brasília, etc terem records de vendagens pois os livros, em grande maioria, são de assuntos risíveis, leves e platitudes. Qual é a métrica que eu chego a tal conclusão? A qualidade de nosso eleitor e a profundíssima baixa qualidade e confusão de entendimento de realidade estampada em posts no Facebook, no Twetter e similares. Como os presidenciáveis só falam o que os avançadíssimos especialistas em marketing eleitoral captam da sociedade, este acaba sendo mais um sinal, mais uma métrica do quanto estamos distantes, muuuito distantes de uma sociedade capaz de exercer uma cidadania, uma governança social madura e eficiente. Caminhamos para mais uma loteria eleitoral.

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