Aproveito para fazer um breve comentário sobre nossa idiossincrasia latino-americana e, em particular, brasileira.
Duas imagens que diferenciam o Brasil dos EUA
Duas imagens recentes mostram como o Brasil e os Estados Unidos reverenciam o poder de formas diferentes. Ou como o poder gosta de se apresentar para a população.
A primeira, dos EUA, foi publicada pelos jornais em um domingo (11.out.2009). Mostra o presidente norte-americano, Barack Obama, reunido com sua equipe. É de autoria de Pete Souza, fotografo da Casa Branca, e pode ser vista parcialmente abaixo:
A outra imagem é de 16.out.2009, no sertão de Pernambuco. Mostra um tapete vermelho sendo estendido para a chegada do presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva. De autoria de Evelson de Freitas, a imagem está reproduzida parcialmente abaixo:
Qual é a diferença entre as duas fotos?
Na reunião do presidente dos EUA, várias pessoas - Obama inclusive - usam canetas esferográficas ordinárias. À mesa, garrafinhas de plástico com água. Algumas pessoas têm à sua frente aqueles indefectíveis copos de papelão tampados. Há assessores com latinhas de refrigerantes, sem copo. Em resumo, nada daqueles garçons com paletós brancos servindo cafezinho e água em louça personalizada como ocorre em toda a Esplanada dos Ministérios, em Brasília.
Na segunda foto, a imagem é autoexplicativa. A cena estapafúrdia parece ter saído de um livro de realismo fantástico escrito por Gabriel García Márquez. Um tapete vermelho para o presidente naquele ambiente.
Em resumo, a forma como o poder é tratado e se apresenta é um traço marcante do caráter e do estado de espírito de um país.
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Eu vejo de duas formas este fato.
Primeiro a formação social americana deriva de colono, sozinho no meio do nada sendo responsável pelo desenvolvimento daquele país, onde ele era obrigado a ter uma forte noção do público, da coisa pública. Ou ele participava de reuniões do tipo "condomínio" nas aldeias e vilarejos e ajudava a deliberar, via votação, a destinação dos recursos vindos da Inglaterra ou não recebia os seus recursos e financiamentos dificultando-o de sobreviver. Assim, ele é o ícone do povo americano e o trato de coisa pública e a noção do coletivo é muito forte naquela sociedade.
Primeiro a formação social americana deriva de colono, sozinho no meio do nada sendo responsável pelo desenvolvimento daquele país, onde ele era obrigado a ter uma forte noção do público, da coisa pública. Ou ele participava de reuniões do tipo "condomínio" nas aldeias e vilarejos e ajudava a deliberar, via votação, a destinação dos recursos vindos da Inglaterra ou não recebia os seus recursos e financiamentos dificultando-o de sobreviver. Assim, ele é o ícone do povo americano e o trato de coisa pública e a noção do coletivo é muito forte naquela sociedade.
Eu assisti algumas reuniões com autoridades em Washington e eles se portam desta forma que se apresenta na foto.
Segundo, o nosso herói era aquele que tinha ligações políticas com a Coroa Portuguesa e seus prepostos. Os eleitos, os "pêxes", os escolhidos ungidos pelos políticos representantes da coroa. Este era quem o cidadão brasileiro, em seu nascedouro, almejava ser. Assim, o individualismo prevalecia e prevalece no pensamento do cidadão. Da mesma forma, ao chegar ao poder quer ser tratado como autoridade. Não só o presidente, mas qualquer um de nós. O livro A cabeça do Brasileiro deixa isto muito bem claro, bem como os trabalhos do antropólogo Roberto DaMatta, que eu sugiro a leitura.
Com este tipo de pensamento, comum a muitos de nós, dificilmente chegaremos a ser a quinta economia mundial.
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