quinta-feira, 5 de novembro de 2009

O Parque Dona Lindú


Brigadeiro é um doce muito gostoso, todos sabem, contudo poucos sabem a origem do nome. É uma homenagem a um homem público muito altruísta. Este homem público marchou, ao lado de outros revolucionários, em direção ao Forte Copacabana, no episódio histórico denominado os Dezoito do Forte. Sobreviveu e chegou a se candidatar à presidência da República.

 Enquanto mais novo, no posto de Coronel, como Comandante da Base do Recife (é “do” mesmo, pois o nome oficial da cidade é “O Recife” – é errado e “anti-pernanbucanidade” se  falar “de” Recife J) este altruísta homem público comprou, às próprias expensas, uma extensa faixa litorânea que se estendia da praça de Boa Viagem até onde hoje é a Igreja de Piedade. Reverteu os terrenos para a União a fim de que fossem construídos o Hospital de Aeronáutica de Recife, as Vilas Militares, os Clubes e outras pequenas células organizacionais. Usou, com o tempo, terrenos sem uso para permuta junto à Prefeitura do Recife e Governo de Pernambuco. Um achado econômico, um ótimo negócio para a FAB.


 Houve, contudo, um problema criado por pessoas de confiança. Um engenheiro civil que chefiava o setor de Patrimônio colocou um outro civil para morar em um barraco de obras no terreno então denominado de Coréia (o nome desconheço o motivo). Este civil fez alvenaria, irregular, e até uma criação de animais. Virou taifeiro. Sempre o motivo era tomar conta do terreno Coréia, contra invasões. A Aeronática, principalmente depois da Constituição de 1988, foi perdendo o controle contra os netos do civil-taifeiro, já morto, que tinham como base de apoio jurídico os advogados da família Tavares Correia, que queriam, depois de comprar como pechincha, o terreno para um risort da cadeia dos Hotéis do Sol – Tavares Correia.


 Quem fazia pressão em Brasília eram a deputada Cristina Tavares – caso não recordem foi a deputada pernambucana que, próxima a morte por câncer, fez um belo e emocionado discurso na Câmara para aprovarem a anexação de Fernando de Noronha a Pernambuco que, por uma questão de lógica geográfica e logística deveria pertencer ao Rio Grande do Norte. O outro era o deputado cassado pelo Mensalão, Pedro Correia, do PPS, presidente da CPI da VASP usou de suas prerrogativas regimentais para acelerar o engavetamento daquela investigação. Também alguns políticos ligados ao falecido Arraes –motivo carro-chefe para a anexação de Noronha a Pernambuco – Noronha era o presídio onde Arraes ficou preso durante a Revolução/Ditadura. Dá, então, para se sentir o nível do embate jurídico.


 Este terreno passou a ser a principal dor de cabeça dos Comandantes do COMAR 2. Era invadido, a família que o ocupava ampliava a alvenaria, queria instalar comércio etc etc. Aí, com o tempo, a FAB conseguiu ceder, via permuta, para o município do Recife com um prefeito do PT. Houve, dentro de sua acessória, uma sugestão até louvável, de se fazer um parque. Mas nas mãos e cabeça de entes do PT tinha que rolar o perfil “popular e inédito” na equação. Aí, amigos, saiu isto o que vcs vêem nas no PPS rolando na internet (La Belle Lindu).


 Eu, além de ter vivido o imbróglio jurídico, como um dos secretários do CMT do COMAR  também passo diariamente, em uma sacrificante caminhada matinal –sacrificante porque o barulho das ondas e o sol quente é lasca!!!-, em frente ao Dona Lindú. Vejam, estou obedecendo ordem expressa do Diário Oficial da União que determinou que eu cumprisse expediente nas Organizações SóAres Marinho, o que venho seguindo à risca, claro!!




 Enfim, amigos, este é mais um exemplo de como atitudes e obras magnânimas redundam em desastres. Não diria desastre agora, pois os auditórios além de serem fora da idiossincrasia nordestina, serão quentes e dependentes de ar-condicionado, sem falar que as cercanias não têm espaço para se estacionar carros com vagas suficientes para o público projetado. Sem falar no desenho do arquiteto que, provavelmente, deva ter depositado alguma módica contribuição no partido que se lembrou de homenageá-lo.


Há, para não ser injusto: Não tem, de fato, bambus, mas já há algumas plantinhas e grama rasteira em volta.

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