domingo, 15 de novembro de 2009

O hábito faz o leitor




Bem, já usei e ainda tenho o e-reader da Sony e, de fato, ocorre o que esta pesquisadora diz.
Como gosto de fazer anotações, discutir com o texto e sublinhar passagens e partes importantes para refletir, fica difícil fazê-lo em um e-reader.
Da mesma forma fica também difícil manter a página, consultar a referência bibliográfica ou notas de fim de livro ou gráficos e tabelas que estejam em páginas diferentes.
O que vi nos EUA era que a maioria das pessoas liam romances ou coisas leves.


O hábito faz o leitor

A americana Maryanne Wolf é uma das maiores especialistas na área da neurociência que estuda os efeitos da leitura no cérebro, tema sobre o qual já escreveu mais de uma dezena de livros. Hoje, ela se dedica a entender, cientificamente, como as pessoas assimilam conhecimento por meio de novas tecnologias, como o e-book. De Boston, onde comanda um centro de pesquisas na Universidade Tufts, Maryanne falou à repórter Renata Betti.
Suas pesquisas indicam que ler um livro digital não é o mesmo que no papel. Por quê? 
A observação sistemática mostra que, 
com o e-book, as pessoas tendem a acelerar o ritmo de leitura e a absorver menos conteúdo. Isso porque a tela remete à ideia de que é preciso vencer etapas a cada instante, antes que a bateria termine ou que se perca a conexão. Ainda faltam, no entanto, evidências baseadas na neurociência, como as que já existem sobre a internet.
O que já se sabe sobre a leitura na rede? 
Ela é mais superficial, segundo revelam as imagens dos neurônios quando alguém está diante do computador. As fotos mostram, com nitidez, que o circuito formado entre as áreas do cérebro envolvidas na leitura não chega, nesse caso, àquela região em que ela seria processada de maneira mais analítica.
Por que isso acontece? 
A internet provê um excesso de estímulos que acabam atrapalhando. Enquanto você lê Shakespeare, não param de aparecer na tela pop-ups e e-mails. É naturalmente difícil manter a concentração e fazer uma leitura de padrão mais elevado, que abra espaço para um alto grau de processamento de ideias. A habilidade para ler deve ser treinada.
Como, exatamente? 
Simples: lendo todo dia. 
Não existe no cérebro nada como uma estrutura previamente concebida para a leitura – é preciso construí-la e aprimorá-la. Funciona como no esporte: quanto mais se pratica, melhor é o resultado.
Como a neurociência explica a formação de tal estrutura no cérebro?
A repetição da leitura faz o cérebro desenvolver um circuito que passa a conectar, em questão de milésimos de segundo, três áreas distintas: a da visão, a da linguagem e uma que se encarrega de dar significado às palavras. Esse mesmo roteiro pode levar até 100 vezes mais tempo, caso a pessoa não tenha o hábito de ler. Seu cérebro fica tomado com a tarefa básica de decodificar o texto – e não consegue ir muito além disso.
Como alcançar um avançado estágio de leitura por meio das novas tecnologias? 
É preciso enfatizar à atual geração multitarefas que leitura demanda altíssima atenção e não é conciliável com nenhuma outra atividade. Feita a ponderação, novas tecnologias, como o e-book, são mais do que bem-vindas. Elas têm ajudado, afinal, a despertar o interesse pelos livros num momento em que isso nunca foi tão difícil.

Um comentário:

  1. Muito oportuno o comentário. Esse final de semana notei que estou há mais de 1 ano tentando ler um e-book (Os 7 hábitos das pessoas altamente eficazes) e não consigo, me distraio ao pesquisar alguma passagem do livro na internet etc. Acredito também fielmente que trata-se de adaptação e disciplina. Estamos acostumados a ter o livro fisicamente em mãos, usar o marcador de página, enfim... Se eu tiver algum avanço, conto à vocês. Abraços
    Kelly Fantini

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