I-Juca Pirama, ruas, efemérides e História
Breves considerações sobre um cárcere, que sem saber, nos furtou o futuro
Quando jovem estudante tive a sorte de ter uma professora excepcional, Dona Emília, isto mesmo, "dona". Ninguém a chamava pelo primeiro nome e todos levantávamos quando ela entrava em sala. Isso na mui modesta Escola VII I XXII Paraíba. Da estação de Anchieta, olhando-se a leste, no alto da colina vê-se a velha, imponente e majestosa escola que me acolheu na primeira infância e deu-me bases para uma vida adulta profícua e enriquecedora.
Seu pai um velho e modesto dono de botequim, logo abaixo do velho sobrado onde moravam.
Ela inovou ao colocar seu pequeno e velho radinho de pilhas everedy no meio da mesa e obrigar-nos ao silêncio de ouvir o Repórter Esso, edição das oito da manhã. Ao fim comentava todas as notícias que éramos, em tenra idade, capazes de absorver. Estávamos nos preparando para o exame de admissão ao ginasial, onde, sem cursinho, logrei êxito ao ser aprovado no saudos Colégio Pedro II no Engenho Novo.
O que mais me facinava eram suas aulas de História do Brasil, onde ela fazia questão de pesquisar efemérides a partir de nomes de ruas, praças, pontes e vias no Rio de Janeiro. Facinado todos os dias com algum evento histórico marcante, ansioso por passear, quando maior e "mais independente" por tais locais para tentar "sentir" a História.
Ela também nos introduziu a detalhes da vida pública, tais como funções de um vereador, prefeito, deputado, senador, ainda que de forma genérica.
Também comentava alguns personagens do Sítio do Pica-Pau Amarelo, de Monteiro Lobato, hoje patrulhado pelo estúpido sentimento do "politicamente correto".
Não perdi o hábito até hoje. Quando tenho tempo, passo por uma rua e ao pressentir ter um peso, procuro no google e volto aos meus mais difícieis tempos de buscar no Arquivo Nacional ou em alguma biblioteca mais modesta. Aliás, boas bibliotecas foram os locais mais difíceis de achar na Baixada Flumense onde me criei, notadamente em Mesquita. Tinha que encarar o trem para tanto. Agora templo e banca de jogo do bicho, em quase todas esquinas, o que me leva a uma leve suspeição de patinarmos, eternamente, no subdesenvolvimento.
Essas breves linhas dizem respeito ao contumaz movimento politicamente correto do atual governo de mudar nomes de escolas, ruas, praças por pessoas que marcaram a História da região onde estão inseridos por nomes de guerrilheiros que mataram pessoas, tudo em nome de uma "democracia" que eles diziam defender. Atônito, li quase todos os artigos com meias-verdades sobre o movimento iniciado em 1964 e o inexorável furto da verdade isenta, que nos desprepara para o futuro e nos deixa a mercê de sermos governados por ex-guerrilheiros hoje tão corruptos e opressores quanto àqueles que diziam nos livrar do jugo. Não há o que fazer, lá estão por vontade democrática do povo por intermédio do voto popular.
Talvez Antonio Gramsci, o covarde anarquista italiano esteja regogizando em júbilo em suas cinzas, afinal, somos o único país de vulto a adotar, quase que na íntegra, sua torpe ideologia nos mais altos escalões do governo sob a cochilante e omissa atenção de nossa sociedade.
Seus escritos, de própria lavra, em mais de duas mil páginas, denominado memórias do cárcera, trazem um perfeito endoutrinamento para se extinguir a sociedade formalmente estruturadas por intermédio da cultura, via peças teatrais, poesias, livros, mostras culturais, etc. Irá demorar até a sociedade se dar conta dos prejuízos do politicamente correto e não-opressivo ensino, notadamente a mote e batuta do Paulo Freire, que produziu um verdadeiro exército de educadores e professores preocupados em não oprimir, mas, no fim, condenando jovens estudantes e o futuro da sociedade ao ensino como prática e necessidades diretas da sociedade ao qual pretendiam-se servir com o fruto do ensino amealhado. Ao contrário, vemos exclusão em postos de trabalho de qualidade, um enorme e desesperado intento em ombrear as folhas de pagamento do Estado por concurso público e matando, aos poucos, o empreendedorismo e a liberdade econômica no futuro, isto sem falar na agressão física gratuita em salas de aula e nos logradouros a qualquer hora.
Vejo, com tristeza e desesperança, sermos, lenta e charmosamente, abraçados pelo socialismo irresponsável que alimenta a desigualdade social ao invés de solucioná-la. Vejo referenciais e ícones sendo varridos da memória, vejo várias pessoas absolutamente perdidas sem a menor noção de, ao menos, olhar para o lado certo, em busca de uma bússola, uma liderança, uma luz, ou mesmo um túnel para afunilar seus desesperos, desconfortos e angústias.
Lembro-me da poesia troncha de Gonçalves Dias, sobre o Velho Guerreiro, I-Juca Pirama, da tribo Tupi, ao falar dos erros e cochilos de seus ancentrais que quase os levara a derrocada, educando os jovens para a dureza da vida, nem um pouco preocupado com a opressão educativa, afinal, da dureza dependeria a sobrevivência de sua tribo:
"Assim o Timbira, coberto de glória
guardava a memória
Do moço guerreiro, do velho Tupi
E à noite nas tabas, se alguém duvidava
Do que ele contava
Tornava prudente: "Meninos, eu vi!"
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Quanto ao socialismo...o que dizer?
ResponderExcluirTalvez a melhor e mais pragmática definição veio de um falecido Primeiro Ministro Ingles..."O socialismo é a melhor maneira de dividir a pobreza"