Esta
é uma breve reflexão sobre nossa condição social e econômica. Ela correlaciona
a pobreza nas ruas das grandes cidades com a falta de oportunidades que furta
do cidadão o acesso à educação e á formação técnica que lhe permitiriam
trabalho regular e uma vida digna para si e seus familiares.
Quando
nos deparamos com pessoas perambulando, por vezes tarde da noite sob o “luar de
Curupira”, entre os carros parados na rua aguardando a luz verde no semáforo querendo
limpar o para-brisas do carro, uma sensação de desconforto precede a de
apreensão: Em plena luz do dia e nos sentimos potenciais vítimas da violência
urbana.
Por
que, então existe a violência urbana? Ou melhor: Por que, então, eles estão ali?
Porque a maioria não consegue estar ocupada por um emprego regular. E por que
isto acontece? Dentre muitos motivos é que toda e qualquer cidade tem uma
capacidade máxima de ocupação de postos de trabalho em função de mercado.
Por
que, então, não se amplia este mercado? Um dos motivos é a carga tributária, ou
seja, os impostos retirados das transações financeiras que, no caso da maioria
das cidades brasileiras, é muito alta.
Por
que, então, saem os impostos desta forma? Porque o Estado perdeu a capacidade
de investir na produção e nos meios que possibilitam a produção: a
infraestrutura crítica. Por que isto acontece? Porque, nas três últimas décadas,
o Estado tem investido demais em bem-estar social e consumo e muito menos no
incentivo à produção. Esta redução mais um considerável elenco de impostos nas
três esferas do poder (municipal, estadual e federal) diminui o dinheiro
circulante.
Aqueles
recursos restritos impede uma melhor capacidade de compra de bens e serviços diminuindo,
assim, a oferta de empregos, de criação de postos de trabalho, o que arremessa
o homem a andar pelas ruas a fim de conseguir dinheiro para levar para casa e
alimentar sua família.
Olhando
por outro lado, este homem desocupado, via de regra veio de uma cidade do
interior. Por que ele saiu de lá? Porque lá ele também não tinha qualquer
condição de conseguir um trabalho.
Quais
são os motivos comuns para esta emigração de suas raízes geográficas e
concentração e “sufocamento” demográfico nas grandes cidades e capitais? Ele
não consegue trabalho porque não consegue se educar. Isto pode ocorrer porque
ele não conseguiu ter uma boa nutrição ao longo de sua vida, ou porque não
conseguiu ter um bom acompanhamento de sua saúde, ou mesmo porque não teve a
oportunidade de ter um bom ensino. E por que isto acontece? Porque até mesmo
seus eventuais professores, profissionais de saúde e outros não tiveram uma
chance de se capacitar de forma adequada pelos mesmos motivos acima.
O
que, então, é necessário para que eles tenham tudo isto e não venham a
abandonar suas regiões e se fixarem nos bolsões marginais das grandes cidades
ficando desempregados e, eventualmente, ameaçando as pessoas?
Duas
são as causas básicas.
Se
houver o fornecimento de energia elétrica regular e de qualidade as escolas
funcionam, os hospitais podem fornecer um tratamento de saúde adequado e se a
energia elétrica for confiável, até cirurgias complexas podem ser realizadas
sem remover o indivíduo para uma grande cidade. A energia também permite um
expressivo aumento de produção de bens e de serviços que podem gerar postos de
trabalho e reter o homem em sua região evitando que ele imigre para regiões
mais pobres dos grandes centros.
Mas
a energia elétrica, estável e de qualidade requer meios e vias de circulação
sustentáveis inclusive em tempos de seca e de chuva. Assim, estradas,
ferrovias, pontes, eclusas e todos os meios de circulação permitem a circulação
de cargas e serviços em carretas, caminhões, ônibus e trens. Enfim, promove e
permite uma segura e confiável mobilidade urbana e rural.
E
porque não temos isto? Por causa dos modelos de desenvolvimento escolhidos após
o governo ao longo das três últimas décadas. Ocorre que não é só culpa dos
presidentes da República mas, também, todos os 26 governadores e 5565
prefeitos. Também, fundamentalmente, por causa dos movimentos e ONG, nacionais
e internacionais em favor da preservação do meio-ambiente.
Assim,
energia elétrica depende de meios de circulação, que juntos possibilitam a
construção de casas e a geração de empregos. Todavia, energia, estradas e
moradias, infelizmente, são construídos retirando-se seus insumos do
meio-ambiente.
Desta
forma, esta simples digressão é um convite à reflexão.
Olhando-se
o mapa de concentração demográfica, obtida em apresentações de órgãos
governamentais, vê-se que a atividade econômica se viabiliza próximo ao
litoral. Quanto mais se desloca para o interior do país aumentam os índices de dificuldade
à produção de bens e de serviços que poderiam promover o desenvolvimento por
intermédio da criação regular e sustentável de postos de trabalho elevando a
capacidade produtiva das famílias ao mesmo tempo que amplia a disponibilidade
arrecadatória das prefeituras.
Assim,
de forma muito pragmática, quase matemática, digo que não seremos a quinta
economia em 2022, sequer reduziremos a pobreza aos níveis do primeiro mundo até
2025. Acordos celebrados por governos anteriores comprometeram-se, em nome da
sociedade brasileira, baixou um decreto reduzindo as emissões de CO2 em 38% até
2020. Ou se preocupa com a segurança, promoção de emprego e com o
desenvolvimento ou com o meio-ambiente.
Assim
quando vocês se depararem com um desempregado, tarde da noite, sob o luar de Curupira tentando "defender o
dele" ao aproximando de seu carro em uma esquina. pensem nisto tudo.
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