terça-feira, 14 de julho de 2009

Pandemia e incentivos farmacêuticos

A história do menino infectado no município de La Gloria, no interior do México, como vetor deflagrador dessa, quase, pandemia é um argumento interessante. Todavia há de se ressaltar que o perfil econômico da região, há muitos anos, é o mesmo: criação de porcos.
Como surge um vírus em uma região cujo comportamento social, sanitário e produtivo é o mesmo há anos? A região sempre, também, foi um tipo de "hub" de estradas e pequenas vias que conectavam viajantes com outras regiões. Nada, então, de novo no potencial de disseminação do vírus.
Já perguntei a amigos e alguns médicos e não tive uma resposta que me satisfizesse.
O que houve de tão diferente, substancialmente, que viesse a proliferar um vírus, até então, sem incidência tão forte?
O movimento originado por empresas multinacionais para captação de recursos para produção, em larga escala, em época de crise econômica – ainda que a recuperação esteja se iniciando - induz-me a se inferir acerca do surgimento natural de tal moléstia.
Gostaria de ter mais esclarecimento acerca dessa dinâmica a fim de ter mais esclarecimentos. Deve haver uma explicação convincente pois quando estudei sobre bio-terrorismo fiquei perplexo com a facilidade com a qual tais epidemias podem ser inciadas e deflagradas (termo, aliás, bastante pertinente ao que ocorre).
A capacidade de proliferação, de fato, é alta, quase que exponencial - ainda que num sentido figurado, e os recursos que serão aportados para a produção da vacina maiores ainda.
Vale a pena refletir sobre isso.


Pandemia mostra necessidade de incentivos a farmacêuticas--OMS
http://br.noticias.yahoo.com/s/reuters/manchetes_gripe_patentes_chan

Sobre os meninos-lobo.

Em um texto muito bem escrito pelo economista especializado em Educação, Cláudio Moura e Castro (http://veja.abril.com.br/080709/meninos-lobo-p-024.shtml), uma sutil, porém pertinente, crítica à pouca leitura comum em nossa sociedade remete à reflexão acerca da pobreza de vocabulário que tenho observado recentemente.
Atribuo, ainda que de uma forma insipiente, que este fenômeno é causado por muitos fatores, quando destaco o hábito de se assistir, em demasia, televisão e acesso à internet em detrimento de leitura de bons livros ou de revistas e jornais de qualidade.
Essa questão vem sendo discutida há anos e parece não ter tido uma melhoria significativa ao ponto do especialista apontar o fato de 50% dos brasileiros, em amostragem estatística, ser analfabetos funcionais.
Se buscarmos ascender o país e a sociedade ao primeiro mundo, se quisermos estar à frente dentre os demais países que compõem os BRIC está na hora de considerarmos uma cobrança maior do Estado e da sociedade civil organizada, dentre estes, universidades, escola e veículos de comunicação.
Fala-se, demais, que falta educação no país, todavia já temos mais de dezesseis anos de gestões públicas que criticavam, historicamente, tal erro e parecem não saber como solucioná-lo. Os contumazes atiradores de pedras hoje, como donos do telhado parecem não encontrar uma boa saída para este histórico problema.
A propósito do uso exarcebado da internet de forma pouco adequada, sugiro a leitura de um bom livro, polêmico, mas com ótimas colocações que nos obrigam a refletir, denominado “ O culto do amador” de Andrew Keen, Ed Zahar.
Nesse particular concordo com ele quando exclama que a sociedade teve acesso a um enorme volume de informações mas não consegue fazer um adequado uso dela.

quarta-feira, 8 de julho de 2009

O papel dos noticiários na informação e no esclarecimento do cidadão

Sou apenas um cidadão tentando buscar esclarecimento acerca dos fatos da nossa atualidade, todavia deparo-me com fragmentos de notícias sem uma breve análise crítica que, pelo menos, permita uma melhor compreensão da notícia veiculada.

Percebo que os noticiários televisivos, principalmente os da noite, são teatralizados e, via de regra, com notícias negativas ou que não agregam valor. Pelo contrário, nos deixam mais angustiados e com uma sensação de impotência muito presente.

Vejo temas importantes tais como os resultados das rodadas de DOHA, matriz energética brasileira, crise na Bolívia que poderá afetar o fornecimento de gás para nossas regiões sul e sudeste, a exploração e comercialização do pré-sal sendo tratados de forma bastante superficial com análises muito herméticas ou para ciclos muito restritos nos jornais que se dignam a publicar tais opiniões.

Somos um país onde o número de televisores é maior do que o de geladeiras e fogões, e uma miríade de emissoras de rádio, ao lado de um fenomenal número de celulares com o significativo barateamento de linhas telefônicas (perto de 130 milhões). Temos veículos de informação em profusão e uma colossal quantidade de informações que não agregam valor nem esclarecem. Para completar as campanhas eleitorais exploram processos minemônicos para o eleitor se lembrar em gingles ou números fáceis, de votar.

Sinto ser este um problema que precisaria ser melhor discutido. Se os olhos e ouvidos de uma sociedade são os veículos de comunicação, estariam eles cumprindo seu papel? Qual seria, então, o papel a ser desempenhado? Estariam eles cumprindo sua responsabilidade social neste contexto? O cidadão sente-se informado e esclarecido o suficiente para se posicionar ou tomar decisões em sua vida privada ou no trabalho?

Minha impressão é que não e gostaria de conhecer outras opiniões.
Sds
Jefferson Santos

Enviado por JEFFERSON WANDERLEY DOS SANTOS às 21:43
http://www.administradores.com.br/home/jeffersonws/blog/o_papel_dos_noticiarios_na_informacao_e_no_esclarecimento_do_cidadao/1033/

SUGESTÕES DE LEITURA CORPORATIVA

Amigos, falarei sobre um tema que muito de apraz: Leitura. Gosto muito de ler, principalmente leitura que agregue valor.

Via de regra gosto de ler livros "biografias autorizadas" pois elas apresentam vários temas e pontos importantes. Assim, livros sobre o Starbuck cofee, Wallmart, IBM, Sears etc, nos mostram várias facetas interessantes, apesar do cenário ser nitidamente americano com uma orientação sócio-econômica distinta da nossa.

Da mesma forma nos orientam para a vida corporativa, sejamos chefes ou subordinados.

O interessante é que nesses livros há um padrão de infância difícil, condições pouco usuais para os demais cidadãos e uma série de eventos fortuitos ou não que permitem que os autores ou atores atinjam o topo.

Continuo achando que dois autores, em função do atual cenário, para mim continuam sendo muito importantes, quando não fundamentais para quem quer gerenciar grandes empreendimentos ou neles estar atuando.

O primeiro é o LÍDER de Rudy Giulliani, seguidos de "Jack Welch definitivo" e "Paixão de Vencer".

Apesar dos títulos serem elaborados para o mercado de consumo corporativo, há várias situações por eles descritas que vivenciamos no dia a dia, resguardadas as devidas diferenças e proporções entre mercado e atores americanos e brasileiros.

O processo decisório, lidar com a mídia, lidar com sindicatos, com crises, com concorrência, estão bem delineados e escritos de forma quase didática, mostrando por detrás, uma estrutura muito boa, não só para prender o leitor como para introduzí-lo a cenários complexos. Essas três obras indico todo tempo para gestores ou pessoas em nível de supervisão e controle.

E quanto ao nosso exemplo brasileiro? Cito, dos que já li, o autor Ozíres Silva, coronel da reserva da gloriosa Força Aérea Brasileira, secretário adjunto de Planejamento, Ministro da Produção do Governo Itamar Franco, presidente da VARIG, presidente-fundador da EMBRAER e meu guru, pois conversamos algumas vezes pessoalmente e por telefone.

Seu livro "A decolagem de um sonho" é de leitura fácil e agradável. Ensina e informa muito acerca da formação do parque industrial aeronáutico ainda nos governos militares e depois a preparação, não por sua mão, mais pela mão de Ozílio Silva para a privatização da EMBRAER, que não foi um processo repentino e sim cautelosamente estudado (ressalvando-se que há uma diferença entre quem estuda e quem decide e autoriza, no caso o presidente FHC - na época da privatização- e o Congresso Nacional).

Nessa obra alguns ingredientes apresentados nas anteriores fazem-se presentes, mas em menor intensidade em função do cenário na época, pois a imprensa não era tão arbitrária como hoje o é, arbitrários eram alguns, repito, alguns, na estrutura de poder vigente. O coronel Ozires, a quem sempre me dirijo como "meu comandante", não teve a mesma estrutura de apoio para a elaboração do livro. Em vista à Expo-Management de 2004 fiquei um tanto triste ao constatar uma procura enorme pelos livros de Welch, Argiris, e os demais palestrantes, enquanto a mesma livraria que promovia as vendas e autógrafos, havia reservado um "cantinho" muitíssimo discreto na estante para o livro do nosso CEO. É a força do mercado, o que ele determina sai como o que o público entende e apreende de imediato.

Enfim, concordo que parâmetros para qualificação de livros não é um assunto fácil, assim não fora, haveria mais críticos de literatura com visibilidade na mídia, o que vemos são pessoas que adquirem importância e visibilidade e que lêem "resumées" de livros e comentam em revistas de grande circulação.

Ressalto, contudo, que estas obras serão mais facilmente encontradas em sebos. Vale a leitura, sublinhar, anotar e guardar, pois logo logo o que eles escreveram ser-lhes-á de serventia.

MANÉS 2.0

Estava na fila esperando, pacientemente, minha vez de ser atendido.
Chegara cedo par evitar a dita fila. No mesmo intuito, para me antecipar, fiz a compra, a reserva de assentos e o check-in na webpage da empresa.

A opção por imprimir no espaço da empresa, no aeroporto, pareceu-me mais adequada e, até, segura. Estava evitando portar comprovantes desnecessariamente.

Em pleno fim da primeira década do século XXI, utilizei os recursos informacionais ao meu dispor, claro está que às minhas expensas: computador, softwares, conexão (lentium) e linha de celular para receber confirmações. Os meios causaram-me excelente impressão confirmando ser a informática uma elisão de informação automática...e rápida.

A chegado cedo ao aeroporto era para, exatamente, evitar a fila, ficar em pé olhando para o mural ou para outros sonolentos em uma modorrenta manhã de terça-feira.

Diriji-me, feliz e lampeiro, resoluto para um pod de layout simples e, ao mesmo tempo, sofisticado o suficiente para me proporcionar muitas informações a um simples toque digital.

Sinto um quê de orgulho e felicidade ao ver a tira longa e amarela ser expelida na parte baixa do pod. Atendendo à orientação da uma funcionária cujo posto de trabalho poderia ser reconsiderado com o uso de farta tecnologia (bem, se não diminuímos a quantidade de frentistas em postos de gasolina, em aviação, uma atividade considerada de parcela mais rica...nem pensar!!) prossigo para a fila.

Bem, uma fila. Esperava não encontra-la, principalmente por causa da quantidade de funcionários nos guichês de check-in.

Mas ela estava lá. Parecia zombar de mim e, ao mesmo tempo, me sussurar: Mané!! Você esqueceu de um detalhe: A idiossincrasia!!

Ainda um tanto perplexo, observei uma boa quantidade de pessoas que não usaram os mesmos meios que eu havia usado. Também havia eles...eles mesmos, os de sempre...os retardatários. Toda a atenção e vez no balcão dada a eles para que os vôos não saíssem atrasados.

Ao longo de mais de vinte minutos, em meio a usuários, como eu, atualizados, conscientes e absolutamente sintonizados com os meios da modernidade, absolutamente inseridos na “sociedade em rede” (Castells..exelente livro, vale e pena a leitura), na empresa 2.0, dentre vários atributos “tudaver” dado pela literatura corporativa mas que, no fundo, se comparados aos demais já citados, seríamos nada mais nada menos que: Manés!!

Nos posts que tenho lido e acompanhado, as críticas recaem sobre as empresas que não estão preparadas para a web 2.0 por não tratarem bem seus empregados (aliás...colaboradores!!) Fico imaginando quando começarão a avaliar o comportamento de indivíduo como usuário, cliente, que não está pronto (talvez) para tanta tecnologia.

Confesso que em meus devaneios comecei a pensar no que fazer com toda a tecnologia sobre a qual me debrucei e mergulhei.

Enfim, percebi que a caminhada será longa.

terça-feira, 7 de julho de 2009

Vivas ao "empregado"!

Certo dia, adentrei em uma loja de departamentos de uma grande cadeia varejista. O aroma agradável inebriou meu olfato. O cenário composto de estantes e cabides rigorosamente dispostos, segundo a competente orientação de algum designe,? trazia-me uma mistura de prazer e de poder. Poder de gastar mediante as generosas e as atrativas ofertas.

O sistema de som, cadenciando uma voz macia e melodiosa e, ao mesmo tempo, automatizada pela repetição, penetrava em meus ouvidos de forma imperceptível, em meio aquele fascinante cenário enquanto, paradoxalmente, mostrava-me uma parcela da "politicamente-correta" gestão estratégica de Recursos Humanos: -"Colaboradora Grace, comparecer ao atendimento ao cliente!".

A frase era simples, objetiva e também comum em outras lojas do mesmo perfil. Todavia, algo de errado ela mostrava em meio àquela fulgurante imagem e ambiente como um todo.

Tive a forte impressão que ali, naquele contexto, a palavra "colaboradora" era inadequada. Uma breve seqüência de perguntas a funcionários diferentes mostrou-me que para o "colaborador" aquela organização não estava, pelo menos para os que perguntei, atendendo aos seus anseios.

Entendo tal termo como alguém que labora (trabalha) junto, todavia, sem a posição igual ao que dirige e orienta. O termo trás o significado de alguém que participa da construção de algo tendo, ou não, a responsabilidade com o produto final.

Olhando por outra perspectiva, o termo "empregado" não tem nada de pejorativo. Sequer, o termo funcionário é "desqualificante", pois a pessoa está sendo utilizada em uma função, numa razão de estar em um meio produtivo. Enfim, há uma propriedade e pertinência do empregado ou funcionário em um contexto mais amplo. Sem a pessoa nele "empregada" o objetivo não é atingido.

Acredito ter havido uma conjunção inoportuna de eventos em um mesmo período de nossa história econômica. O boom de especialistas em qualidade no trabalho e qualidade de vida no trabalho aliado à nossa indefectível visão sócio-religiosa do trabalho como atividade em si mesmo contribuíram, sobremaneira, para o desgaste da palavra como ferramenta de qualificação profissional. O trabalho sendo destino (ou sina) dos menos qualificados, dos não pertencentes às cortes ou castas. O trabalho visto com castigo, peso, ultraje.

Dignificar uma pessoa pelo trabalho, por seu valor, pela expertise e excelência que ela aplica em uma determinada tarefa, ou função, é essencial nas relações humanas. Assim, colaborador, empregado e funcionário são termos que guardam similaridades, estando todos em um mesmo plano como coadjuvantes dentro de um significado organizacional maior.

Os empresários ou os empregadores aplicam (empregam) a competência e a expertise de um profissional para atingir um determinado objetivo organizacional. O que há de errado nisto? Por que é menos dignificante chamar um profissional de "empregado"?

Costumo dizer aos meus subordinados, este outro termo que não considero pejorativo, nem quando os meus chefes assim me qualificam, que o respeito é uma dimensão extrínseca em sua dinâmica. É verdade que adaptei o conceito de "extrínseco" em si, mas era importante para a mensagem. A pessoa projeta no outro, através de suas atitudes posturais (e também intelectuais, se me permitem!) o respeito que lhe é devido. Ela influencia, no outro, a percepção da reverência silente, do respeito, da aceitação, da pertinência que lhe são devidos.

Como exemplo do que disse, cito minha ex-empregada doméstica que contratei, por telefone, antes de me mudar para uma outra capital. Após uma densa negociação ela se manteve firme em sua qualificação salarial e me garantiu que o montante que ela pedia valeria pelo seu trabalho. Após o terceiro mês passei a lhe conceder bônus de produtividade. Em sua simplicidade e competência ela se impôs e eu me curvei frente à sua excelência. Seria tão demeritório chamá-la de empregada? Ela, por sua vez, tinha orgulho de sua carteira profissional. Ela sabia do porque de lhe chamar de empregada, pois ela detinha (só dela) aquele emprego, aquela ocupação profissional especializada e passou a ser insubstituível para nossa família.

Ao longo de minha carreia deparei-me com excelentes profissionais que me impuseram o respeito ao seu trabalho, antes e após este boom de termos de consultorias. Fazia questão de numerar referências para outras empresas no momento em que se desligavam da organização. Um merecido tributo. Era obrigatório sob o ponto de vista moral.

Por que manter esta figuração do empregado explorado e "subvalorizado"? O que, de fato, a troca de termos mudaria nesta perspectiva social? O empregado aumentaria sua produtividade se chamado de colaborador? Faria ele corpo mole ou processaria por danos morais quem viesse a lhe chamar de funcionário ou empregado?

Quais são os espaços físicos e conceituais que as organizações dão aos seus colaboradores? Qual é a dimensão dos alojamentos? Como é o conforto os refeitórios? O lay out e a ambiência lhes são propícias a aplicar toda a sua energia e expertise no trabalho? Você, colaborador que está lendo este artigo, tem suas opiniões consideradas e aplicadas em um processo decisório da organização que trabalha? Em caso afirmativo, qual seria o problema de chamá-lo de empregado? Em que você se sentiria diminuído?

Acredito, por fim, que os neologismos não modificam culturas por si sós. As iniciativas e as atitudes patronais que vêm agregadas ao termo é que são mais importantes. Valorizar a pessoa pelo que ela produz, não só nos salários e benefícios, mas também nas ações simples e subliminares exercem um efeito mais positivo.

ISANDLWANA

Considerações sobre a síndrome da ausência de nação, despercebida.

Numa linda manhã de janeiro de 1898, em ravinas verdejantes na escaldante África Central pairava sobre soldados ingleses uma forte sensação de confiança.

O exército real estava muito bem equipado. Aplicaria uma inédita tecnologia de tiro de mosquetão à distância de cinqüenta e cem jardas.

Marcadas com bandeiras carregadas por alferes, tais distâncias permitiriam a separação suficiente entre os "agressores" e a real coluna bélica, cuja principal missão seria extirpar qualquer foco ou vontade de resistência ao avanço em uma área crucial de escoamento e de controle de riquezas minerais subtraídas das sub-raças, que sob a ótica dos britânicos, ungidos por Deus, eram óbices circunstanciais à ampliação do “reino onde o sol nunca se põe!”.

O sistema de ressuprimento logístico não daria oportunidade para o inimigo respirar ou recompor-se, posto o cuidadoso planejamento armamentista e tático emprestado por mentes brilhantes, consultoras do monarca londrino.

Do outro lado, no cume de uma ampla e baixa cordilheira estava o inimigo, dividido por suas próprias diferenças, que dificilmente se recomporia para fazer número em oposição suficiente às fileiras de sua majestade.

A nação Zumbi, com pensamentos e políticas díspares, quando não excludentes entre si, estava, aos poucos, se reunindo, aparvalhada diante de colunas britânicas tão organizadas.

O sistema de inteligência dos líderes tribais não conseguiu informar nada além de um tipo de lança, rústica, de madeira que, eventualmente portada e apontada para um dado alvo, produzia uma densa fumaça branca acompanhada de um ensurdecedor barulho. Tais eram aqueles os elementos decisórios da cadeia de Comando e Controle que os negros líderes dispunham.

Havia, entretanto, um sentimento comum e subliminar de medo do desconhecido. Porém, não havia no coração daqueles nativos o medo consumado. Definitivamente estavam acostumados às agruras daquelas terras.

O rei Zulu percebia que os sentimentos separatistas das várias tribos, da mesma nação, poderiam por a perder toda a batalha com a conseqüente perda da região tão cobiçada e necessária. Em demorada reunião com os demais chefes das tribos emergiu a necessidade do ataque em massa, sem medo, com determinação contra tal deletério invasor.

Como que entoando um mantra, começou o rei a balbuciar, ritmadamente, palavras acompanhadas com um suave balançar do corpo, de fundamental serventia para o aquecimento dos músculos da batalha como também para a circulação entorpecedora do fluido vital nas mentes daqueles incipientes guerreiros.

Armados somente de escudos de vime e longas lanças, desceram a encosta em uma enorme, densa e letal mancha negra e colorida por suas vestes guerreiras que, frente ao pavor dos jovens milicianos britânicos, não se detinha frente aos certeiros tiros da armada que, com precisão, empregava as inovadoras técnicas de tiro.

Isandlswana representa, até hoje, mais que um local remoto no continente africano, mas um marco, ainda que negativo, no desenvolvimento das ineficazes estratégias belicistas dos ingleses. Ter um exército dizimado por semi-primatas jogou por terra toda a exaustivamente trabalhada tecnologia de combate. A guerra Zulu registrou o seu legado.

Restou como fulcro da filosofia a determinação, a ausência de medo, da coesão entre desiguais e a decisão de se expulsar qualquer vontade estrangeira de adentrar em solo sagrado, visceralmente defendido por simplórios guerreiros, nobres porém, frente à tal insensata decisão de avançar contra uma exército poderoso de simplórios e inocentes guerreiros.

Hoje parece-me estarmos bem aquém daquelas primatas africanos. Eles tiveram o tônus, o tino e a determinação de sair da zona de conforto, de pensar no coletivo e lutar, coesos, contra o inimigo. E nós? E quanto a nós, parvos e aparvalhados, confusos e claudicantes contra o inimigo moral que se avizinha e nos envolve. Paira o sentimento de impotência, de desilusão, quase desespero, de ver uma miríade de inteligências múltiplas mas perdidas em profundas considerações acerca do nada, no mais profundo exercício de niilismo que não nos trará propostas consistentes para recolocar nossa sociedade no prumo.

Para nós falta-nos, de fato, o impávido sentimento de corpo, de sociedade única, de tribo "brasilis" unificada. Ausenta em nossa percepção de realidade claudicante a necessária noção da coesão contra o perigo, real e imediato, que ronda nosso seio, nossa tênue sensação de pertinência, de povo, de pátria.

Queira Deus que possamos descobrir em nós mesmos o messias prometido, e saiamos, a partir dessa inércia, desse mar de lassidão moral e ética.

Bem, se junto ao mal que se avizinha, nada mais restar, estou em busca de Isandlwana. De fato espero que não esteja longe....

segunda-feira, 6 de julho de 2009

HOMO HOMINI LUPUS

Breves considerações sobre a perversidade humana.

“O homem é um lobo para seu semelhante.”
César em discurso no Senado Romano.

Os dias atuais têm mostrado à nossa sociedade níveis assustadores de violência. Esteja ela nos presídios, ruas, vizinhanças ou mesmo lares, se apresenta de forma aterradora e desconcertante, dado, muitas vezes, os motivos fúteis que a desencadearam.
Talvez a mídia, no afã de produzir uma estrela... nova estrela, para essa peça danteana sobre a condição humana... ou melhor, sobre a “divina comédia humana” - dada a nossa pretensa semelhança com Deus- esteja avultando uma realidade que faz parte do dia-a-dia das sociedades ao longo da história das civilizações.
Barbar Tuchman, historiadora americana, em seus fascinante livro sobre as decisões insensatas de governantes e generais do passado, questiona a perversidade desnecessária dos conquistadores sobre as populações subjugadas. Inclui também as expedições sob o manto da Inquisição, onde pessoas pereceram à guisa de uma clarificação espiritual e religiosa.
A compensação das tropas recrutadas pela coroa espanhola, em apoio às expedições dos papas e cardeais, nas Cruzadas, no intuito de levar o evangelhos aos novos e ignóbeis povos, incluía o domínio total sobre pequenos povoados, permitindo-se a escravidão, o estupro e a morte. Têm-se aí o extermínio de mais de 20.000 pessoas no sul da França, sob a égide do papa Inocêncio III. Haveria necessidade?
Um jornalista americano, ao fazer um levantamento sobre a Segunda Guerra, escreveu um livro, próximo a 1958, chamado “The evil inside us.” – A maldade dentro de nós-. Naquela oportunidade ele discorre sobre a virulenta modificação de comportamento dos soldados alemães, e também cidadãos, a maioria de formação luterana, sobre soldados e populações dos países, fossem eles capturados ou capitulados. Haveria necessidade de carnificina sobre desarmados?
James Bacque, jornalista canadense, por outro lado, aponta a mesma violência, em seus livros “Other Losses”- Outras Perdas- e “Crimes and Mercies”- Crimes e Perdões- dessa vez por parte de tropas americanas e cidadãos franceses, sobre os civis e soldados alemães, presos nos campos de concentração ou retirados das caravanas quando em transferência entre campos, e linchados, havendo a conivente aquiescência de generais americanos e aliados, que fechavam os olhos e comemoravam a “justiça” feita fora dos campos de batalha, bem como a economia de recursos para a manutenção dos prisioneiros.
Henry Morgenteau, secretário do Tesouro Americano, desenvolveu um plano, ainda em 1944, que tornaria o solo da Alemanha estéril e aniquilaria a indústria daquele país. De acordo com relatórios arquivados na Biblioteca do Congresso, mais de cinco milhões de pessoas pereceram de fome nos anos de 45, após o armistício, até 1950. O plano Morgenteau teve a aquiescência de Franklin Delano Roosvelt e Henry Truman, dois ícones de retidão e defesa da democracia e igualdade dos povos. Haveria necessidade de se exterminar também velhos, mulheres e crianças?
Maquiavel alertava o príncipe para não utilizar-se de violência desnecessária sobre os povos conquistados, a fim de não gerar a ira, permitindo-lhe uma dominação até “desejada” por parte daqueles de menor desenvolvimento econômico e bélico.
A violência vem coexistindo entre populações israelenses e palestinas desde a formação do Estado de Israel, para se considerar apenas o momento contemporâneo. Os motivos para alguns podem ser fúteis, para aqueles é religioso e étnico. A prevalência da raça e da crença individualizada em Deus está acima da cidadania, da cortesia, do perdão.
Livres da ameaça alemã e da tirania do jugo comunista, o mundo assistiu, estarrecido, na guerra da Bósnia civis maltratarem, estuprarem, cegarem e martirizarem cidadãos muçulmanos e croatas, em nome da limpeza étnica. Isso deu-se em contrapartida aos mesmos sofrimentos aplicados, no passado, aos “justiceiros” pelos, agora, sofredores.
Serra Leoa, Timor Leste e Caximira, região disputada entre Índia e Paquistão, são exemplos recentes de como o homem pode massacrar o semelhante, ainda por motivo fútil para nós, “desenvolvidos” e justificáveis para eles.
Buscamos a razão do ódio dentro do comportamento aceitável de uma conjunção social, mesmo que efêmera, que ampara os atos brutais contra as ameaças ao nosso credo ou ponto de vista.
Muitos mártires sucumbiram na mãos de assassinos que acreditavam estar causando um bem, uma justiça. Gandhi, Martin Luther King, Indira Gandhi, dentre muitos são remarcáveis exemplos.
O povo americano foi privado de seu maior pacificador, que conseguiu unificar uma nação dividida pela guerra de secessão, que tinha como mote, até reconhecido pelo Congresso, o direito à posse de homens como escravos, com toda a justificável violência conseqüente. Lincohn sucumbiu a um tiro, dado pelas costas, por um “agente da liberdade” que correu, feliz e regozijado, após o feito, entre as cadeiras do teatro, bradando: “Sic semper tiranus!!!”- Abaixo a tirania!!!... De quem?!
Para o homem de moral e espírito fraco, a distância entre a retidão e tirania era ditada pela oportunidade. Um ditado popular nos diz que a “oportunidade faz o ladrão”, enfim, faz-nos sucumbir a maldade.
Estamos, então, lidando com o homem, o ser humano, o racional, superior aos demais seres vivos na Terra. Ele produz a violência desnecessária.
A percepção de que a violência é fruto, somente, de falta de educação e desemprego cai por terra nos exemplos de crimes recentes e também do passado, mostrando-nos que o agressor surge das mais variadas castas sociais, matizes ideológicas e níveis econômicos.
Temos, também, que aceitar a dimensão da nossa falha “humanidade”, que se escora na vertente racional de nosso ser, que nada mais faz do que desenvolver métodos sofisticados de sofrimento alheio.
Temos que perceber que somos humanos, falíveis, tentáveis e efêmeros.
Temos, então, que rogar por força nas orações para impedir a fraqueza de nosso espírito, quando tivermos a prevalência sobre o semelhante, a fim de coibir que a vilania aflore, e venha a ser justificada pela justiça humana.
A busca da razão da violência não se encerra no elemento externo à nossa vontade. Também não reside nas aludidas entidades espirituais maléficas que nos dominam em momentos de fraqueza espiritual, ou quando nossa “razão” é entorpecida por qualquer agente estranho, seja ele a bebida ou o ritual de cânticos ensandecidos, verificados em gangues de ruas ou torcidas organizadas.
Motivos existirão lá fora e coexistirão em nosso espírito...sem luz e enfraquecido, não importando o nível intelectual que tenhamos atingido. Devemos vigiar e orar para que não nos tornemos presas da oportunidade justificável.
César, em discurso no plenário do Senado Romano, fazia um balanço das conquistas de seus exércitos ao mesmo tempo em que relatava os costumes sociais e religiosos com os quais se deparavam. Terminou sua preleção com uma frase que se tornou provérbio: “Homo Homini Lupus”, o homem é um lobo para seu semelhante.
Ao perceber, em outra ocasião, a iminente morte vinda pelas mãos de seu fiel lugar-tenente Brutus, divaga sobre a existência do ódio e violência entre os seres humanos ao responder ao seu algoz numa pergunta dissuasiva sobre a dita revolta dos súditos:
“A maldade, caro Brutus, não está nas estrelas, mas em nós, simples lacaios.”

A IMAGEM

Em uma próspera e antiga vila, a beira de um grande e caudaloso rio, havia uma loja de antiguidades que possuía uma acervo invejável de pinturas e esculturas da época medieval.

Dentre elas a imagem de uma santa, protetora dos doentes e guia dos caminhos dos moribundos. Àquela santa os padres entregavam os enfermos na extrema unção.

Na mesma vila havia uma senhora, muito debilitada em seu leito de morte. Ela tinha filhos pequenos. Pequeninos, quase desnutridos devido a constante pobreza que se encontravam desde a morte do pai.

O alimento faltava-lhes com frequência. O filho mais velho, responsável pelos demais e pela casa, olhava triste a figura da mãe, com pouca força até para falar.

Sabendo que a morte dela se aproximava, o filho perguntou-lhe o que mais ela gostaria de ter em seus últimos dias. Sorridente, apesar de combalida, a mãe, emocionada com o gesto do filho brincou: “A imagem da santa para iluminar meus caminhos e dar-me forças para proteger vocês após minha morte.”

Pensando estar brincando com o filho, não deu muita importância para o fato e voltou a dormir. O menino procurou sua melhor roupa, reuniu coragem com uns poucos trocados e foi a loja em busca de seu intento.

“Senhor! Gostaria de comprar aquela imagem! “Quanto tens aí, meu jovem?” , com desdém respondeu o velho. “Uns poucos trocados.” , sem demonstrar auto comiseração ou infortúnio.

“Não vês que é muito pouco para esta rara imagem?” “Vá, não desperdice meu tempo!” “Quanto ela vale?” insistiu o menino. “Muito mais do que tens aí e podes pagar.” “Muitas pessoas estão atrás dela mas não me dão o preço que quero. Vê, ela é antiga, rara e dizem até ser milagrosa.’

Sem falar de sua necessidade, nem fazer-se sentir pena, o menino retornou ao lar, trocou de roupa e seguiu para a feira, próxima ao comércio, no cais do porto. Trabalhou todo o dia atrás de trocados.

Carregou sacos pesados, lavou latrinas, empilhou caixas, arrumou artigos despojados de todos os feirantes que, em parca retribuição lhes jogavam moedas de pouco valor. Ele as catava, fechava os olhos, orava, e as punha no bolso.

Curioso, da porta de seu estabelecimento, o sisudo e antipático proprietário observava o pequenino em sua perversa faina. Espantado com sua determinação passou a apostar com os demais comerciantes quando ele desfaleceria.

A noite veio e, vencido pelo cansaço, o jovem voltou para casa. Tal rotina prosseguiu por alguns dias.

Certo dia, ao abrir, muito cedo, seu estabelecimento, o velho, a fim de atender os primeiros passageiros que desembarcavam de um luxuoso navio, não deixou de perceber o jovem que, ao invés de pedir esmola para os viajantes, oferecia seus préstimos para carregar pesadas malas.

Logo depois, o menino prosseguiu na mesma rotina dos dias anteriores. No fim da tarde, enquanto atendia aos apressados passageiros, atrasados para o reembarque, o velho declinava ofertas sobre sua santa. Talvez ele nem quisesse vendê-la aos imponentes viajantes.

Eis que adentra na loja o pequenino, esquálido e quase sem energia para falar. O velho finalmente reconheceu nele o filho da antiga funcionária, que ele também já sabia estar no leito da morte.

Espantado ao perceber que em nenhum momento o jovem mencionou tal fato para ele, passou a olhar o menino não com pena, mas com profunda admiração e respeito por sua contumácia e bravura. “Senhor, eis tudo o que tenho. Posso comprar a santa?” “É tudo o que realmente tens meu jovem?”

Envergonhado ao lembrar da aposta contra o bravo menino. “Sim, é tudo o que possuo, e preciso muito desta santa, agora.” Ele estava a caminho da igreja para pedir ao padre o ofício dos moribundos. Estendendo a mão em concha o velho lhe disse: “Dê-me tudo o que tens e leve com Deus esta santa, meu pequeno homem!”

Ante ao olhar indignado dos pretensos compradores, ao ver um monte de moedas e notas sujas na mão do vendedor, a reclamação foi imediata. “Como pode o senhor vender esta rara imagem a este desgraçado por míseros trocados?"

Feliz por finalmente encontrar uma pessoa digna de possuir a imagem o velho, esperando o radiante jovem sair de seu estabelecimento, simplesmente retrucou: “Ele deu o máximo de suas energias para ter aquela imagem, sem reclamar nem mostrar ser miserável. “ “ELE DEU O MELHOR DE SI, e por isso mereceu comprar a imagem.

Jefferson Santos jeffersonwsantos@gmail.com
Postado originalmente em 21 de outubro de 2004 às 14:39
http://www.administradores.com.br/artigos/a_imagem/10214/

O VELHO RELOJOEIRO

Em um subúrbio londrino existia um relojoeiro, já com idade avançada. Trabalhar, para ele, era a razão de sua vida. Ensinar seu ofício era um prazer constante.
Poucos, entretanto, tinham a paciência com a qual ele se dedicava aos relógios de todo o tipo. Seus aprendizes não tinham a mesma abnegação e logo desistiam. Ele já havia consertado muitos relógios ao longo de sua vida.
Certa feita, um rico senhor apareceu em sua modesta lojinha. Com desdém, quase sem disfarçar a repugnância por aquele estabelecimento tão diferente das lojas que ele frequentava, abordou o humilde artesão. “Meu caro senhor! Aqui tenho um relógio muito raro. Ele está com um defeito que, até agora, nenhum especialista, nesta ilha ou fora dela, conseguiu descobrir.” “O que podes fazer?!” “Quanto tempo levarás para consertá-lo?!”
Sem disfarçar sua descrença naquela simplória figura, muito distante de sua casta, o empinado senhor, suavemente, pousou o relógio na mesa da oficina. Já em retirada exclamou: “Outros especialistas levaram muito tempo com ele e nada consertaram! “Espero que não tome muitos dias para descobrir!” “Cuidado!! É uma peça rara!”
Sem nada dizer o velho, calmamente, pegou sua lente monocular, buscou em uma caixa de ferramentas uma haste muito fina e longa. Abriu a raridade e detidamente analisou seu interior. Com firmeza, adentrou a ferramenta por trás das engrenagens antigas e robustas. Alcançou uma haste muito delicada, quase invisível. Recolocou-a no lugar e devolveu o relógio para o impávido aristocrata. “Aí o tens funcionando perfeitamente!”
Ainda sem acreditar no que via, o elegante senhor perdeu a rigidez e quase curvando-se em gratidão exclamou: “Como pode?! Tão rápido!!! Quanto custa?”
Sem titubear o velho respondeu: “São duas mil libras, caro senhor!”
Sem acreditar no que ouvia o petulante cliente exclamou: “Que ultraje!! Tal preço por um trabalho que não durou um minuto!!!”
Sem querelas, o velho tomou delicadamente o relógio do nobre, introduziu a pinça e retirou a haste de seu recanto.
Devolveu a relíquia para o espantado homem: “Toma! Vai procurar quem te faça mais barato!”

Essa estória nos ilustra a segurança e a competência geradas pelo conhecimento agregado com trabalho diligente. O valor cobrado recompensava anos de experiência e dedicação, que permitiram ao mestre corrigir tão rapidamente o defeito.

Ao colocar o relógio na condição original, ele impôs o devido respeito que sua excelência reclamava... Pois sabia que poucos, ou mesmo ninguém, poderia resolver o problema sem danificar a raridade.

Como toda fábula, essa traduz-nos verdades simples, colhidas de experiências vivenciadas. Quantos relógios você já consertou em sua carreira?!?! Quais deles eram raridades?!?! Pense sempre nessa fábula!!!

Jefferson Santos jeffersonwsantos@gmail.com
Postado originalmente em 04 de outubro de 2004 às 13:19
http://www.administradores.com.br/artigos/o_velho_relojoeiro/10187/

ZEUS E ATENAS

Breves considerações acerca da ação e do conhecimento agregado.

A sabedoria dos anciãos gregos era retratada em lendas, que representavam fatos sociais e ensinavam aos cidadãos preciosas lições de vida.
Conta uma das lendas mitológicas que Zeus, senhor do Universo, estava preocupado com o futuro dos homens na Terra, pois eles estavam se afastando de valores básicos de doutrina e cidadania e poderiam, até, perecer frente a um povo belicosamente mais estruturado que viesse dominá-los.
Certa manhã a divindade acordou com uma forte dor de cabeça. Passou o dia sem dela se livrar. A contemplação dos homens na Terra aumentava mais ainda seu martírio.
Ao cair da noite, tomou uma espada e em um só golpe abriu a própria cabeça. Dela tirou Atenas (Minerva), a deusa da Guerra, da Ação e das Artes. De imediato, com outro golpe abriu a sua coxa direita e nela guardou a pequenina divindade.
Ao amanhecer, retirou a deusa, já madura, e a enviou à Terra para liderar os gregos em sua resistência à invasão das colunas romanas.

Desenhei esta interpretação da fábula anos atrás quando chefiei pessoas de grande potencial e talento todavia, bastante dependentes de opiniões superiores para dar consecução às suas idéias.

A presente fábula nos dá uma importante lição: Idéias sem ação morrem antes de nascer. Atenas era, naquele contexto, uma idéia gerada pela agonia de ver os gregos em completa abulia e ostracismo, amparados em constantes conflitos internos entre as cidades-estado. A gestação da deusa na coxa, que sustenta o movimento da perna, que faz o homem andar, retrata a ação, o movimento para a frente.

A solução do problema para Zeus surgiu da contemplação profunda de um problema. A criatividade foi gerada pelo conhecimento do ambiente analisado. Há ainda um aspecto importante a ser considerado: O conhecimento. A criatividade, o “estalo” ou o “insight” só surgem quando adquirimos o conhecimento acerca da situação.

O ambiente propício para o surgimento de grandes idéias é o conhecimento agregado, seja ele empírico ou científico. Não há como termos um “estalo” que nos traga a solução de um problema se não tivermos conhecimento acerca de meandros. Sequer descobriremos a melhor receita de um bolo se não soubermos cozinhar. Ademais é puro palpite.

O conhecimento, com embasamento científico, é o suporte para grandes descobertas. Portanto, crie condições para que grandes soluções criativas sejam comuns em seu dia-a-dia. Amplie seu auto-desenvolvimento, procure se atualizar que as idéias virão... e como virão. Acredite!!

Mas não se esqueça de ousar e colocá-las, com ponderação e maturidade, em prática, para tanto, não se esqueça de avaliar o contexto e o ambiente nos quais elas reverberarão.

Jefferson Santos jeffersonwsantos@gmail.com

Postado originalmente em 30 de setembro de 2004 às 10:54
http://www.administradores.com.br/artigos/zeus_e_atenas/10182/

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