sábado, 19 de julho de 2014

Avatares, Atlantis e Lemurianos


Considerações sobre nossa idiossincrasia e uma outra ótica acerca da liderança

Há um bom texto que fala sobre o apagão de líderes que dá conta da enorme ausência de líderes em nossa sociedade. Usam-se alguns exemplos de fora que passam a idéia de que todas as falhas ocorreram por falta de liderança.

Gostaria, contudo, de oferecer uma outra visão sobre esta problemática.
Até que ponto, de fato, inciaríamos uma grande guinada apenas por ação de um líder?

Se olharmos a etimologia da palavra, tão explorada na literatura corporativa, podemos verificar que líder tem origem em idioma saxão, to lead, ou seja, estar à frente.

O que isto pressupõe? Que os demais estão compartilhando o mesmo caminho. O papel do líder não é dizer a todos: Vejam, vocês estão no caminho errado. Este é o caminho certo. Não! Estar à frente significa que todos os demais estão na mesma direção, ou seja, todos os demais compartilham o mesmo caminho, a mesma visão e o mesmo entendimento.

Por que isto se dá? Porque há uma forte noção de pertinência do que fazer como certo, do caminho a ser seguido e, sobretudo, de pertencimento. Ou seja, o cidadão, liderado, tem a exata noção de pertencimento ao grupo que ele está seguindo.

E o que há por detrás desta noção de que o caminho que o líder está à frente é pertinente e pertence ao bem-comum do grupo que o segue: As referências, a noção internalizada por valores, crenças e sentimentos de que aquele caminho que todos seguem com o líder que vai à frente os conduzirá ao bem-comum.

Bem, de que forma se dá a consecução de que o bem é comum para todos que seguem o caminho atrás do líder?  A noção do que é melhor para todos é forte, internalizada no grupo e prevalente. Ele prevalece e se evidencia sobre todas as dúvidas, daí o líder liderar pelo convencimento e não imposição. Todos aceitam, acatam e estimulam aquele caminho.

Agora, o que fazer de nós, sociedade na qual não temos fixado a noção, sequer referenciais do que é certo, do que é o bem comum, a ser compartilhado por todos?
Se nas escolas, instituições, locais de trabalho há anos prevalece a noção do “esperto”, do “ta certo sim”, do “ta defendendo o dele” etc etc?

Como, sem referenciais sólidos, poderíamos convencer jovens ou outros seguidores de que se ele vier a abrir mão de alguns privilegias ou mesmo acudir à alguns sacrifícios o bem comum será atingido e toda a coletividade sairá ganhando?

Será que com a nossa Constituição de 1988, extremamente zelosa em promover e proteger os direitos e garantias individuais não abrimos mão, de vez, em se promover o bem comum, a preocupação com o “coletivo”.

Os exemplos práticos que vejo no dia-a-dia, de famílias comprando dvds piratas nos restaurantes, lanchonetes e barracas, dirigindo-se falando ao celular, estacionando-se em filas duplas, em vagas de idosos e deficientes, clonando-se celulares, cartões de crédito, andando-se na contra-mão, fazendo-se xixi nas calçadas, fazendo-se greves e deixando-se doentes e cidadãos desamparados estaríamos pensando no coletivo? Pensando no desenvolvimento social? Querendo-se ser uma economia de primeiro mundo em poucos anos?

Será que, ao invés do apagão dos líderes tivéssemos uma fosforescência dos mesmos os seguidores com esta postura ética e referenciais sociais, os renitentes em mal comportamentos seguiriam? Mudariam de postura em prol do bem-comum?

Acho que não, talvez em Atlantis, Lemúria, estas tidas como sociedades tão perfeitas que soçobraram, ou na Terra dos Avatares. Aqui, pensando e agindo assim...jamais!!
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3 comentários:

  1. Obrigado pelo envio desse material. Tenho para comigo que a problemática liderança reside no fato da liderança ser confundida com o poder de.
    O modus operandi é que se "cheguei a liderança é porque tenho condiçóes de guiar um grupo para as metas da empresa".
    Considero um ledo engano.
    Na realidade há um caminho seguro para a liderança obter resultdos positivos. É a liderança participativa. O lider se soma ao grupo e forma um todo. Esse todo é que ira vertebrar os bons resultados para a empresa. Mnha experiência profissional em empresas de grande e médio portes deram suporte a essa visão. Sem radicalizar náo vejo outra alternativa para formar um grupo produtivo e sem violentar os seus componentes.
    Liderança é somar,tao somente

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  2. Impossível não concordar com o comentário anterior. De fato, a liderança é muito confundida com o "alto" posto assumido, quando, na verdade, na maioria das vezes colocam pessoas extremamente mal-formadas intelectualmente e com pouca ou nenhuma habilidade no trato com pessoas. Tal cenário traz como atores um chefe individualista, querendo alcançar metas a todo e qualquer custo e uma equipe completamente indiferente aos "objetivos" do chefe.
    O bom funcionamento de uma organização coincide com a sensação de pertencimento de cada membro que nela trabalha.

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