Os argumentos da jornalista esclarecem o que ocorre quando a sociedade se omite ou se aglutina em agendas controladas pelo governo.
Um ponto também a se ressaltar é que, além do desinteresse da sociedade já mapeado metodologicamente pelo PT (Pesquisa Econômico-Social Brasileira) é que os parlamentares com formação educacional incipiente são manipulados pelo governo e acabam por produzir tais barbaridades.
Rolo compressor
ELIANE CANTANHÊDE
FOLHA DE SP
Olho vivo, porque estão votando restrições ao partido de Marina Silva e duas emendas constitucionais intrigantes. Uma retira o papel de investigação do Ministério Público e outra dá poderes ao Congresso para vetar algumas decisões do Supremo Tribunal Federal!
Quem são "eles", o sujeito oculto da frase --ou os sujeitos mesmo-- no parágrafo anterior? Deduza o que quiser. O fato é que o Congresso, onde o governo, o PT e o PMDB têm imensa maioria, dá corda a projetos que prejudicam adversários ou têm caráter óbvio de retaliação.
Procuradores reagem à mudança no Ministério Público e os ministros Gilmar Mendes e Marco Aurélio reagiram duramente à proposta, aprovada na CCJ da Câmara, de submeter ao Legislativo as súmulas vinculantes e as ações de inconstitucionalidade da corte.
Marco Aurélio classificou de "retaliação" e não é exagero, depois do mensalão e da impressão digital do projeto: o autor é o deputado Nazareno Fontes, do PT do Piauí. Só não se sabe se é coisa da cabeça dele ou se ele só deu o nome a uma emenda feita pelo partido ou por partidários. De toda forma, é uma guerra inglória.
Sem oposição e alternância de poder, a democracia esmaece.
Sem a mídia, a sociedade brasileira não ficaria sabendo desde mensalão (revelado pelaFolha) a salários de R$ 15 mil de garçons apadrinhados no Senado ("O Globo" de ontem).
Sem os procuradores, o senhor e a senhora não teriam ideia do que ocorre por aí, desde a denúncia do mensalão à mais alta corte até as contas atribuídas a Maluf em paraísos fiscais.
Sem o Supremo, não haveria a condenação de reluzentes mensaleiros do Executivo, do Legislativo e do setor privado, num enredo, aliás, que ainda não está concluído.
O ex-presidente Lula, a presidente Dilma, o PT, principalmente, e o PMDB, acessoriamente, devem ser mais cautelosos e evitar essa sofreguidão contra adversários e críticos. A ideia que fica é de desespero.
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