sábado, 17 de janeiro de 2015

O que esperar dos resultados do ENEM 2014?

A sociedade precisa encarar os fatos e assumir a falência da atual Educação no país. Não bastam os históricos fracassos representados por baixíssimos índices de aprovação nos exames da OAB ao longo do território nacional mas o constante, e quase motivo de piadas, resultados dos exames internacionais de conhecimentos em ciências exatas.

O fracasso da enorme e assustadora quantidade de notas "zero" obtidas por candidatos aspirantes ao ingresso nas universidades, centros históricos de produção de conhecimento em todos países do mundo, apenas representa, como o ápice de um enorme e desconhecido iceberg, as condições estruturais e, vergonhosamente, conjunturais que nossa sociedade, ao terceirizar sua responsabilidade direta a políticos e intelectuais, permitiu que chegasse.

O problema maior é que mais de quinhentos mil candidatos com notas zero significa dizer que a qualidade dos profissionais e cidadãos que irão gerenciar a sociedade daqui a vinte anos já está, inexoravelemente, comprometida, sobretudo em capacidade de enxergar, discernir e lidar com os crescentes desafios nos colocados pela constante e irreversível interação e integração pela globalização.

Quando verificamos o percentual vergonhosamente baixo da destinação orçamentária pela Lei do Orçamento Anual (LOA), que nos últimos quinze anos gira no entorno de apenas três por cento (3%) há que se considerar que a sociedade não está assumindo seu papel de uma madura e responsável governança social, posto que tais percentuais são avaliados e aprovados por políticos democraticamente eleitos.

Apagão de mão de obra, analfabetismo funcional, queda na produtividade industrial e, principalmente, queda da qualidade da produtividade individual do trabalhador brasileiro -medido por levantamento do Banco Mundial em 2014- fazem parte de nosso cotidiano que, de tão constantes, já não causam qualquer sobressalto no cidadão tampouco os impele a cobrar dos políticos eleitos e dos Conselhos de Ensino espalhados nos 26 estados da federação.

Se quisermos se um país que, de fato, quer reduzir a desigualdade social e ampliar sua capacidade de competitividade mundial a Educação levada a sério é o primeiro e fundamental item de uma extensiva pauta de correções e ajustas urgentes.
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