quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Sobre arautos incautos e um réquiem ao bom senso.

R$ 380,00. Espero que seja um marco, talvez o último da vã esperança para se apelar ao bom senso.
É bem verdade que nossa sociedade, de tanto cochilar em sua aversão a gostar de política, entreteu-se em coisas fúteis e que jamais agregam qualquer valor para a construção de uma cidadania madura e responsável e, agora, diante do medo da mera ação de sair de casa e não ser surpreendido pela violência gratuita impune, passa a apelar para o primeiro modelo ou movimento que lhe dê a risível sensação de se consertar o caótico país no qual usa contumaz omissão ajudou a mergulhar nos últimos trinta anos.

De fato, as meras 380 pilas também ajudam a consolidar a tese de que o Brasil é um país, por demais, complexo para ser entendido nos intervalos de novelas, futebol, MMA e agressões ao bom senso que o valham.

A recente explosão nas mídias sociais do movimento dos UM MILHÃO de caminhoneiros em Brasília, não só denuncia a pueril inocência dos que apóiam, bem como descortina o mais dos flagrantes assintes à coerência, posto que acretidar em tal movimento na cifra propalada, agride a física, a geografia e a aritimética em função da quantidade de pessoas e caminhões pretendentes a estarem presentes na esplanada dos Ministérios, ou no Plano Piloto, ou quem sabe, na área de todo o DF.

O desconfiômetro poderia, também, ser acionado ao se perceber ser um movimento de caminhoneiros, uma das classes de mais duvidosa ética que pude perceber nas últimas décadas. A começar pelos seis últimos meses do governo FHC onde bloquearam pedágios de estradas de mobilidade estratégicas bem como as entradas e saídas dos principais portos nacionais.

Agora querem se reunir em Brasília em nome do resgate da ética, da ética...vejam bem.
Cabe, por oportuno, relembrar alguns detalhes anotados por um cidadão qualquer só que, absolutamente atento, nos últimos vinte e cinco anos, sobre o que ocorre em nossa sorry sociedade.

Um dos motivos de base é a negação da presidente, representando o Estado, denegando o direito aos cadastros livres. Neste particular, gostaria de relembrar aos que não gostam de nossa história, que muitas famílias que hoje detém, sobejas fortunas, ao controlar o transporte público nas grandes cidades, originaram-se de caminhoneiros nos sítios de construção de Brasília, sublocando alguns donos de veículos de carga menores, até carroças, para "entrar e sair" com tijolos, areia, vergalhões e mais uma miríade de ítens sendo, sobejamente, remunerados por aquela gritante falta de controle financeiro, claro está que os "anotadores" dos movimentos ganhavam um "por fora". Assim, sem querer me aprofundar na questão, ainda que não goste da presidente, ela está cumprindo seu papel, preservando o Erário e o contribuinte.

Ressalta-se, de chofre, que tais práticas sobrevivem de forma menos descarada, nas grandes construções a cargo do governo federal posta a dificuldade de fiscalização efetiva.

O outro ponto a ressaltar, a sublinhar, a arregaçar a embocadura moral dos caminhoneiros, ressalvadas as éticas exceções que acredito não serem muitas, os R$ 380,00 representam o valor médio que uma oficina paulista cobra para suspender a parte traseira da corroceria para se transportar mais carga com o rabo do caminhão levantado, ou seja, o engodo e a burla, sinal do dna social de nossa morena idiossincrasia, presente, uma vez mais, na equação ética.

Por fim, e não menos importante, ainda há o ranço contra a proibição da presidente na liberdade da jornada do transportador de carga. Uma vez mais, ela representando o Estado resguardou incautas, serelepes e felizes famílias de serem abordadas, de frente, por um caminhão cujo condutor resolveu "fazer sua hora" e dormiu ao volante apresentando, antes da hora, ao paraíso, mais um elenco de desafortunados Santos ou Silvas.

De sorte que estas não tão breves linhas servem de um réquiem ao bom senso abandonado, de pronto, por arautos incautos, simpatizantes e propagadores de tal escrescência moral, ao aceno e curvar da esquina de um "parachoque duuuuro" paladinos da luta contra a corrupção federal, perfazendo a mais barata performance teatral da mais descarada ideologia gramscista do caos, para o renascimento da nova ordem.

Espero ser meu último arroubo de apelo ao bom senso dos amigos que, nos intervalos das novelas e futebol, querem olhar e entender o Brasil e agarram e desfraldam a primeira bandeira "politicamente correta" que lhes permitam ficar bem na foto, dando tiros desesperados para todo o lado sem, sequer, saber de onde vem o canto do galo, denunciando esgoelado, uma alvorada na qual os incautos passaram da hora no cama.
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