terça-feira, 15 de setembro de 2009

O Rafale, os trinta dinheiros e o inimigo íntimo.

Guerras são fenômenos naturais que ocorrem entre sociedades. Uma dinâmica difícil de se entender. É imprevisível e não tem apelo ao bom senso da convivência. Guerras existem na humanidade em função do poder.

Por ser imprevisível ela não é desejada, pois empobrece todos os lados, em vidas e patrimônio. Ela é uma ação continuada a partir do momento em que a diplomacia se esgota. Atente-se, contudo, que diplomacia não significa cortesia ou fidalguia. A diplomacia é a fina e sutil arte de se impor o poder.

Muito se considera antes de se prosseguir na ultrapassagem da linha final onde a seara da diplomacia já não cabe mais no contexto estratégico.

Como a guerra, as batalhas e embates entre infantarias são imprevisíveis. Meteorologia, logística, religiões, crenças, fundamentalismos, dentre outros, são fatores que, ao longo dos tempos, preocupavam, sobremaneira, generais e cortes antes de determinarem a eclosão dos confrontos.

Essa interface entre a diplomacia e a guerra era trabalhada à exaustão, durava até anos. Esse era o período das ações sub-reptícias. Esgotavam-se opções e propostas feitas por embaixadores, emissários e arautos no intuito de se fazer uma propaganda convincente sobre as competências e poder do invasor. Procurava-se tornar, até, a invasão desejável. A dominação viria sem se disparar um petardo sequer.

Nem sempre, contudo, a sociedade a ser subjugada dobrava-se ante aqueles contumazes argumentos. Nesse impasse entrava em cena, então, outros atores mais discretos que se misturavam entre os cidadãos comuns iniciando um sutil, demorado e eficiente trabalho de descrédito e desqualificação dos governantes e seus prepostos. A diplomacia desnudava, assim, seu perfil de vilania, pois operava nos estratos mais baixos da sociedade, nas vilas, povoados e guetos.

De forma ardilosa e eficiente identificavam artistas, poetas, trovadores, pintores e mestres das letras e com fartos recursos à sua disposição, começavam a cooptação dessa plêiade privilegiada que, por sua penetração nas camadas da sociedade, minavam o apoio popular para o embate bélico possibilitando a conquista por imposição de termos em favor do invasor. Nenhuma flecha, nenhum petardo ou tiro era disparado e a conquista se dava em curso natural dos fatos.

Avançando no tempo recordo-me de minha juventude quando a Transamazônica tinha a alcunha de ser “megalomania dos militares”. Ouvia isso em entrevistas, programas de rádio e peças teatrais. Pois é, isso era liberdade de expressão naquela época, caso contrário como saberia disso, não é verdade?

Tendo seus projetos de mídia financiados por prepostos da Fundação Rockfeller, artistas e atores, embalados pelos ventos da Revolução Cultural de 1968, criticavam publicamente um importantíssimo projeto de integração e de desenvolvimento social e econômico.

As críticas vindas dessas pessoas do gênero não permitiam que a sociedade compreendesse um projeto concebido por cientistas e especialistas de alto nível, todos civis, e executado, apenas executado por militares.

Perdeu a Nação o momento oportuno de integrar o país. Imaginem-se hoje, as regiões nordeste, centro-oeste e norte desenvolvidas e interligadas ao país pela Transamazônica? Já poderíamos, há mais de trinta anos, estar participando do mercado asiático. Novamente ganharam os artistas, atores, cidadãos politicamente corretos e gente do gênero, perderam a sociedade e o país.

Não bastasse esta derrota sutil sem batalha, as táticas avançaram no tempo e na sofisticação. Os prepostos do conquistador evoluíram de companhia de evangelização indígena e fundações de apoio à cultura, integradas à Fundação Rockfeller, até ganharem um nome pomposo: Organização Não Governamental.

Sob bandeiras ideológicas e funcionais diversas tais emissários atuaram com sutileza e eficiência ao mobilizar pessoas do gênero para se inviabilizar a ferrovia Norte-Sul que colocaria, de forma competitiva, nossa soja, feijão, trigo, milho e outros produtos agrícolas para o Mercado do Caribe –CARICOM- e asiático, este através do Canal do Panamá.

Para serem aceitos os motivos para tal ação têm que estar na zona de conforto do cidadão e mobilizá-lo para empatar grandes projetos: meio-ambiente, direitos humanos, sustentabilidade, direitos indígenas etc.

Nesse propósito, o imbróglio da Raposa da Serra do Sol tirou das gerações futuras a capacidade de usufruir as riquezas naturais e minerais. A partida dali, o acesso e o controle estrangeiros de fartas parcelas da água da Bacia Amazônica será uma questão de tempo. Novamente, por intermédio de pessoas de densidade social fizeram um trabalho primoroso.

Não bastasse a ajuda de cidadãos nacionais em interesses externos em nossa Amazônia, nossa matriz energética sofreu alguns percalços ainda sob a égide do meio-ambiente ao se ter, novamente, ONG’s e seus prepostos brasileiros impedindo, via judicial, a construção das usinas no Rio Juruá. O risco do apagão elétrico e o alto custo da energia elétrica paga pelos demais para compensar a insipiência do setor nas regiões mais distantes ganhou novo fôlego com tais ações politicamente corretas. O alto custo dos serviços e produtos oriundos das regiões sul e sudeste, vértices de nossa matriz produtiva, dependente, sobremaneira, dessa cara energia será mantido por muito tempo até que tais amarras jurídicas permitam um projeto de médio e longo prazo tenha consecução sem sobressaltos.

Por fim, o caminho para sufocar nosso avanço tecnológico em telecomunicações e transmissão de dados surgiu de forma muito discreta em meio à dissimulação de uma pretensa crise no Senado. O principal especialista da Agência Espacial Brasileira foi exonerado. Não se tem idéia ainda se sob influência de ONG’s, todavia o risco está nelas entenderem que os quilombolas têm direito ao acesso à natureza intocável ao redor do Centro de Lançamento de Alcântara. Perderemos, se nisso também cochilarmos, a capacidade de ampliar e baratear, sobremaneira, nosso acesso à telefonia e telecomunicações com lançamento ao espaço de foguetes e satélites domésticos. Poderíamos, até, em médio prazo, deixar de ser dependentes de tecnologias de sistemas de posicionamento de superfície.

Novamente a ideologia funcional e objetiva pode encontrar em nossos cidadãos, por intermédio da gente do gênero, ecos e estofo para empatar nosso avanço rumo ao desenvolvimento.

Passam-se anos, séculos, sociedades evoluem mas as estratégias de dominação ensejada em essência, continua a mesma: A cooptação, irresistível e desejada.

As ONG ao longo dos anos vêm acenando, como Pilatus, para nossos escariotes com trinta moedas de outro. Nosso sentimento de nação em busca do desenvolvimento -uma já difícil visão compartilhada- fez o papel do nazareno, entregue em julgamento público para que a ignara escolher se o Barrabás, aquele que personifica nosso “probrismo”, nosso autofágico sentimento de inferioridade, deveria viver em detrimento de um ícone, de um pensamento comum. Vencem, uma vez mais, a acomodação e a omissão.

Fala-se, ultimamente, na aquisição de um avião de superioridade aérea para defender nossa soberania, quem sabe um Rafale. Talvez, até, nem precisasse tanto, bastaria um monomotor “papatango”, pois o nosso verdadeiro inimigo não está além fronteiras. Ele é íntimo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

GEOMAPS


celulares

ClustMaps