terça-feira, 1 de setembro de 2009

Sobre Pré-Sal, camas King Size e novelas.


Observamos nos últimos anos uma projeção muito incidente da Venezuela no cenário internacional.
Com forte base ideológica o presidente daquele país que se projetar como líder de uma linha alternativa de desenvolvimento econômico. Não é mais capitalismo, nem socialismo sequer a já esquecida terceira via defendida por Tony Blair. Agora a vez é do socialismo bolivariano.
Apesar de estar sentado sobre um manancial de petróleo aquela república não consegue avançar, com estabilidade e consistência, nas escalas que medem tanto o desenvolvimento social como o econômico.
A atual crise econômica demonstrou que o petróleo tem a propriedade de variar, em preço, em prazos significativamente curtos. Dessa forma a capacidade de se gerar riqueza e bem-estar para a sociedade venezuelana fica, sobremaneira, prejudicada. Não havendo, também, estabilidade, os planejamentos de longo prazo ficam prejudicados.
Os demais países signatários da OPEP que usaram nos últimos trinta anos os recursos da majoração do petróleo em investimentos internos, principalmente em infra-estrutura e aquisição de bens em países do exterior, a maioria com forte potencial de capitalização. É grande a quantidade de grandes empreendimentos financeiros, de infra-estrutura, de telecomunicações e, até, de arte nos EUA, todos os países da União Européia e orientais. Tais investimentos auxiliaram os tigres asiáticos a promoverem um “boom” vinte anos atrás que permitem exercer forte influência na ONU e em todos os mais importantes comissariados internacionais. Ao longo de dois anos tive a oportunidade de assistir palestras e seminários proferidos por profissionais do Banco Mundial e do Banco Interamericano de Desenvolvimento quando verifiquei, para meu espanto, a grande presença de países do Oriente Médio e asiáticos como doadores. A Venezuela não registra presença significativa naquelas entidades financeiras. Até na OEA esses países aparecem como observadores disponíveis para investir enquanto membros do chavismo procuram dificultar algumas deliberações naquele fórum diplomático.
As posições adotadas pelo executivo venezuelano têm sugerido certa reticência de investidores internacionais que buscam países com menor tendência a, de uma hora para outra, estabelecer restrições para remessas de divisas. Enquanto isso a dificuldade que aquele país encontra em ampliar sua capacidade de infra-estrutura, notadamente a malha rodo-ferroviária e a rede de energia impedem a promoção do desenvolvimento econômico que beneficiaria seus cidadãos. Até o escoamento de produção petrolífera na bacia do rio Orinoco, zona de interior, poderia ser mais eficiente sob estas melhorias.
Durante suas campanhas eleitorais o atual presidente se referia às gestões anteriores como grandes usurpadoras do patrimônio do povo venezuelano. Contudo a postura do atual presidente em investir em países com participação discretíssima na economia mundial, quando não sem esta densidade sugere que agora, mercê de seu afã em promover bem-estar pela via do assistencialismo está, de fato, desperdiçando aquela riqueza.
Esse, por fim, é um bom exemplo para nós. Lá eles também estão deitados em berço esplendido e patinam, de foram contumaz, na escala de desenvolvimento humano. Lá a necessária liberdade de expressão que viabiliza a participação da sociedade nos seus destinos está muito cerceada e os recentes episódios de agressão contra jornalistas diante de um surpreendente mutismo internacional salvo honrosas, apesar de discretas, exceções denota que uma mudança no cenário é improvável em médio prazo.
Com o pré-sal o nosso berço tornou-se, repentinamente, uma cama de casal “king-size”, todavia a decisão de permitir noventa dias para importantes deliberações parlamentares sem estimular amplo debate social sugere que o propalado governo de consenso era pura balela.
Bem, pelo menos ainda podemos ler e ouvir alguns especialistas sobre fundamental assunto e refletir sobre ele...antes que as novelas comecem.

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