quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Na indústria, o pleno emprego está ameaçado






Na indústria, o pleno emprego está ameaçado
O Estado de S.Paulo

Os relatos sobre a extrema dificuldade de contratar - e de manter - empregados poderão se tornar ultrapassados, pelo menos em segmentos da indústria. É o que sugere a leitura da Pesquisa Industrial Mensal de Emprego e Salário (Pimes), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE): entre 2011 e 2012, houve queda de 1,4% no pessoal assalariado e, entre novembro e dezembro de 2012, esse recuo foi de 0,2%, nas séries com ajustes sazonais. O estado de "pleno emprego" aplica-se ao conjunto da economia e continua sendo enfatizado por muitos analistas, mas já não parece efetivo em algumas áreas industriais.

Na comparação entre dezembro de 2011 e dezembro de 2012, houve queda no emprego industrial em 13 dos 14 locais pesquisados. Setorialmente, a queda ocorreu em 13 dos 18 ramos analisados, sendo substancial nas áreas de vestuário (-8,6%), têxtil (-7,4%), calçados e couro (-5,4%) e madeira (-7,7%). Como houve aumento da importação de vestuário, utensílios domésticos e bens de consumo não duráveis em geral, pode-se concluir que os trabalhadores locais continuam a conviver com o fortalecimento do emprego nas indústrias do exterior.

Quedas porcentualmente menos expressivas ocorreram no emprego industrial em meios de transporte, outros produtos da indústria de transformação, metalurgia básica, máquinas e aparelhos eletroeletrônicos e de comunicações e papel e gráfica. Mas, segundo o IBGE, o forte impacto positivo do emprego limitou-se ao setor de alimentos e bebidas. O que confirma que a vitalidade industrial está mais restrita a segmentos de consumo de massa ou àqueles que mais conseguem se beneficiar dos incentivos tributários.

O emprego industrial declinou, em especial, no Estado mais industrializado, São Paulo, com recuo de 2,6% no ano passado, seguindo-se a Região Nordeste (-2,7%). O número de horas pagas em 2012 reduziu-se 1,9%, em relação a 2011, e a folha de pagamento real registrou grandes variações, com forte alta em novembro e uma queda de 2,3% em dezembro.

Os números da indústria confirmam, ainda, que os baixos índices de desemprego do País decorrem, cada vez mais, da demanda do setor de serviços, onde os salários costumam ser menores. O crescimento de 8% reais da folha de pagamento da indústria, em 2012, é um indicador de que aqueles que estão trabalhando tendem a receber aumentos reais de salário. Mas, se a indústria não se recuperar, em 2013 poderá ser mais difícil manter a evolução real da folha.
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