sexta-feira, 19 de julho de 2013

MAIS VERBA PARA A EDUCAÇÃO. AINDA?



Tive a honra de servir sob a égide deste intelectual e cientista social e político no entardecer de sua provecta carreira militar na Gloriosa Força Aérea Brasileira o Brig Ref Delano T Menezes.

"Cherchez la femme!!" diria Alexandres Dumas no épico social Les Mohicans de Paris, onde revisa de forma crítica, a rápida e estonteante evolução da sociedade francesa pós-napoleônica e vendo a influência nas artes e costumes estrangeiros sufocar, como se quisera extinguir, a francesa, sempre rebelde, que produziu gauleses e, por fim, Napoleão.

De minha parte insisto que a perda de referenciais éticos que a televisão e as artes, de uma forma geral, tem imposto a nossa família, notadamente sob a pressão desqualificatória da família, da escola e da igreja não nos permite ter mães de volta ao seio da célula máter da sociedade sem estar impregnada pelos baixos e sofríveis valores passados, de forma direta ou subliminar, por programas vespertinos, novelas, programas de auditório etc.



MAIS VERBA PARA A EDUCAÇÃO. AINDA?
Delano T Menezes

Desde o meu tempo de menino, e olha que já vai longe, ouço falar que os recursos para a educação não são suficientes para melhorar a qualidade do nosso povo. 
Parece-me que existe um conflito de interpretação que nos conduz a uma deformação endêmica nas tramas da nossa sociedade e o problema cria uma crescente sensação de piora na qualidade e capacitação dos cidadãos.
Educação é um ato que vai além do que um professor pode ensinar em uma sala de aula, é mais do que transmitir conhecimentos.
A escola transmite conhecimentos para instrumentalizar os cidadãos de forma a prepará-los para enfrentar os desafios de uma profissão e que, somados à educação que recebem em casa completam o indivíduo como um ser social. 
Os conhecimentos que a escola ensina devem ser considerados apenas ferramentas do processo. Educação é algo mais complexo que só os pais podem fazê-lo bem - quando a família esta na mesa de refeições, quando estão conversando sobre as relações familiares, quando a mãe ensina o filho a segurar o talher, como se comportar em público e como respeitar outras pessoas. Enfim, transforma-nos em indivíduos civilizados para conviver em sociedade e enfrentar os percalços da vida com dignidade. Dignidade! – a escola não ensina dignidade. 
Dos valores e princípios morais que norteiam a minha vida, não me lembro de nenhum que não me tenha sido ensinado pelos meus pais. Alguns foram reforçados na escola (bons tempos!), por que meus pais me ensinaram a respeitar as pessoas mais velhas e que a autoridade do professor era uma extensão da deles e ele, portanto, merecia o mesmo respeito. Hoje, a família, enfraquecida, abandonou esse papel e não há quem possa substituí-la, nem a escola.
Acontece que os pais estão terceirizando a educação e exigem da escola o que eles deveriam fazer. 
Não sei se isso começou quando a mulher resolveu mudar o seu papel na sociedade e saiu mundo a fora disputando espaço com o sexo oposto, chegando a supor que o homem é um ser dispensável e horrível para se ter em casa. A mulher não tem percebido a sua importância no equilíbrio da sociedade e da família - maior até que do homem, sem, no entanto, descartá-lo. 
A gestão do lar passou a ser objeto de discórdia do casal porque a mentalidade machista da sociedade não aceita que o homem divida esta tarefa com as mulheres. Com elas trabalhando em igualdade com eles essa discórdia não terá solução. Então parece melhor para elas dispensar logo a figura inútil do pai (do homem)! 
Impressiona-me hoje a quantidade de mães solteiras que estão criando sozinhas e precariamente os filhos. A ausência do pai em um lar gera um desequilíbrio no processo de educação. Normalmente a mãe passa uma visão afetiva do mundo e o pai, a objetividade necessária ao enfrentamento dos problemas da vida do jovem e futuro cidadão. Os dois juntos transmitem os valores éticos e morais que norteiam a sociedade e que a escola não consegue ministrar com a necessária eficiência.
Em resumo, a escola instrui, a família educa. De um modo geral, os jovens quando chegam à escola não estão preparados para receber nem instrução nem cultura. Sem os princípios que deveriam receber dos pais, as ferramentas que a escola oferece os deixam desnorteados, fazendo com que entrem em conflito com os professores ou com a disciplina, que não sabem bem para que serve, e se desmotivam. E, o pior, desmotivam os professores que se vêm desacreditado pelos alunos e não percebem o resultado daquilo que ensinam.
O descrédito e o desrespeito dos alunos pela escola, em função da má educação doméstica, se materializam na depredação das instalações dos prédios escolares.
Diante de tais distorções, os pais lavam as mãos porque não têm tempo, uma vez que estão metidos em uma luta profissional insana, e transferem para o governo um problema cuja solução começa com a participação deles.
Nesse quadro, fica evidente que o problema da educação no Brasil não é só falta de recursos, mas um problema social de difícil solução.

Delano Teixeira Menezes
Sociólogo
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