Se, pela data, os problemas permanecem significa dizer que a reforma não é política e sim em nosso dna social, em nossa idiossincrasia.
Um Pacto Ético para o Brasil
Prof Luiz Marins
(escrito em novembro de 2003)
A crise brasileira não me parece ser estrutural e sim conjuntural. Temos todos os ingredientes básicos para o sucesso e no entanto não conseguimos fazer as coisas ocorrerem no trivial do dia-a-dia. A verdade verdadeira é que não somos um povo de segunda categoria, nem atávicos vagabundos, nem desprovidos de bom-senso. O que parece estar nos faltando é um PACTO ÉTICO, onde todas as pessoas se comprometessem a ser menos “espertas” e mais honestas e justas. Esse PACTO ÉTICO incluiria coisas muito simples a que todo povo brasileiro poderia se obrigar, tais como:
a) cumprir a palavra comprometida’;
b) cumprir os horários e prazos comprometidos;
c) não mentir;
d) ser honesto no trabalho e fora dele;
Não seria preciso nada mais complexo do que isso e o Brasil seria, sem dúvida o melhor País do mundo para se viver. Como todos queremos enganar a todos, todos somos enganados e não nos apercebemos disso. “Eu finjo que prometo e você finge que acredita na minha promessa...” disse-me uma vez um amigo ao fazermos um negócio !
Parar de enganar, de ludibriar, de “levar vantagem em tudo”, de prometer o que não poder-se-á cumprir é uma exigência que o Brasil como um todo está sentindo. A crise que estamos vivendo é uma crise ética. Ninguém mais acredita em ninguém e consequentemente em nada. Daí o desejo de ir embora do País, de emigrar. E seria tão simples se todos nós brasileiros em nosso próprio benefício decidíssemos mudar.
O encanador vai até sua casa consertar um vazamento e o cano continua vazando. Fingiu que consertou.... O mecânico ficou dois dias com o seu carro e tudo continua como antes... fingiu que consertou...A faxineira passou o dia na sua casa e apenas fingiu que limpou. O professor passou 50 minutos na sala de aula com os alunos e...fingiu que ensinou.
E hoje tudo está sendo justificado pelas chamadas “condições de trabalho. O Professor não ensina porque não tem “condições de trabalho”(sic) ganha pouco, etc. O encanador não conserta o cano porque os “materiais não prestam” (sic). A faxineira não limpa sua casa porque é oprimida e ganha pouco (sic). E assim todos justificamos tudo em função das chamadas “estruturas arcaicas” (sic) ou seja lá o nome que queiramos dar e ninguém cumpre nada totalmente.
Confesso que não sei como poderíamos chegar a um PACTO ÉTICO, mas tenho a certeza de que ele poderia resolver boa parte de nossos problemas cotidianos. Sem ele continuaremos nesta luta de “esperteza” onde todos sabem que estão perdendo mas fingem estar ganhando.
Muitos dirão que o PACTO ÉTICO deveria começar dos Governos. Também acredito. Mas esperar mais uma vez dos Governos significa também “fingir” que vá ocorrer alguma coisa. Todos sabemos que os governantes são os principais responsáveis pelo estado de animo e das coisas que estão a ocorrer. Porém se o povo, se nós, não assumirmos uma postura de mudança, independente dos governos, vamos outra vez fingir e acreditar na mentira.
Imagino que pudéssemos lançar uma CAMPANHA DO PACTO ÉTICO em algumas poucas cidades para começar. Mandaríamos confeccionar botões de lapela ou adesivos e as pessoas dispostas a começar a mudar usariam esses botões de lapela com os dizeres “PARTICIPO DO PACTO ÉTICO” e isso poderia significar que aquela pessoa está comprometida em mudar, em cumprir horários, em cumprir a palavra, em não mentir, em não trapacear, etc. Lojas poderiam ter adesivos do PACTO ÉTICO e isso significaria que elas cumprem a palavra com seus clientes, cumprem prazos de entrega, oferecem reais garantias aos produtos que vendem ou ao menos falam a verdade, isto é, se não tem garantia, dizem realmente que não tem ou que ela é duvidosa, etc.
Levanta Brasil!
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