terça-feira, 27 de março de 2012

Ruas na vertical





Antigamente, a maior quantidade de ruas tinha somente casas. Imagine, então, vinte casas para cada lado. Quarenta captadores de água, quarenta saídas de esgoto distribuídas horizontalmente, quarenta redutores de energia elétrica, do poste para a caixa de fusíveis doméstica. Hoje em dia, a exemplo de minha rua, há mais de vinte edifícios, todos com mais de vinte andares. Imagine, ainda, quarenta das unidades que falei, todas concorrendo para um único ponto externo: O captador de água que vem da rua, a entrada de energia elétrica (cada poste requer um transformador) e uma única saída de esgoto para, no mínimo, quarenta famílias.

Pois é, minha rua, pequena, até, entre casas tradicionais possui cerca de vinte "ruas na vertical". Seria bom se o sistema de captação de esgoto acompanhasse essa inovação. Só que não acompanhou.
Fico preocupado, ao invés de feliz, ao ler nos jornais de domingo, propagandas dando conta de vários lançamentos imobiliários. Só que mais complexos, dessa vez, condomínios. Qual o problema? O sistema de captação de esgoto doméstico.

Aliado a este cenário, há o mal-hábito do cidadão reforçado pela característica corrosiva dos catadores de rua: O lixo urbano. Sim, de acordo com o Anuário Sanitário do IBGE, 2011, o principal motivo das enchentes urbanas é entupimento de bueiros e bocas-de-lobo com lixo urbano. Para tornar mais grave, as manilhas continuam com a mesma bitola de quarenta centímetros onde competem lixo, folhas e galhos de árvores e dejetos orgânicos pessoas e alimentares.

Não há condições, mesmo e cidades grandes, de se debelar focos infecciosos e epidemiológicos. Se não houver investimentos em ampliação e criação de novos centros de tratamento de água potável e de esgotos as doenças não recrudeceram sem progressivo perfil. Não há sistema de Saúde pública e privada que consiga combater este problema.

O merecido acesso a bens de consumo duráveis (geladeiras, fogões, máquinas de lavar etc) também tem sua parcela de influência mais devido ao sofrível nível de estrutura sanitária atual. Ou seja, o cidadão ao usufruir de fatos e atores de qualquer nível de desenvolvimento econômico acaba contribuindo, sobremaneira, para a degradação ambiental e aumento da incidência de doenças.

Investimentos em Saúde sempre foram prioritários na Lei de Orçamento Anual, a LOA. Após vem o Ensino,e entretanto, nossa capacidade autofágica, de consumir recursos, no caso, é tão voraz devido ao cenário que falei e seus resultados que dá-se a impressão de que não há ações do Estado.

Insisto que é um problema maiúsculo onde os ambientalistas deveriam ser mais atuantes ao invés de se preocuparem com o dinheiro fácil das ONG para combate a qualquer ação na Amazônia. Nossa crise atual, nosso perigo real e imediato está nas grandes cidades.

O boom imobiliário trará mais problemas do que uma bolha fenomenal de crédito e valor agregado para as novas unidades habitacionais. A sociedade civil organizada precisa atuar, de forma incisiva e urgente.
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