Para uma sociedade se credenciar a ser desenvolvida e reduzir sua desigualdade faz-se necessário que, a partir de seus cidadãos comuns, as condições sejam construídas e estabelecidas.
A tola impressão que ao ter o direito de se eleger seu candidato o cidadão desfruta da mais pura e genuína democracia participativa leva, toda sociedade, ao colapso social em poucas décadas principalmente pelo fato do cidadão não querer participar e, em nosso caso, de alimentar o paradigma e a “verdade absoluta” de não gostar de falar de política.
Essa omissão irresponsável e criminosa cobra sua fatura em pouquíssimo tempo. Como exemplo cito a mais natural despreocupação com uma peça administrativa que é o orçamento publico. O ano se encerra e o atual não foi executado e a sociedade pouco se importa com isto, sequer acompanha sequer se interessa em conhecer. É uma preguiça injustificável. Injustificável no sentido de acompanhar lentas, morosas e redundantes seções de deliberação no STF sobre o julgamento do mensalão. Embargos infringentes passou a ser um termo falado por todos, do catador de lixo, taxista, trocador de ônibus, camelo, etc, até os níveis de educação superior. Ou seja, acompanhou-se um tema banal, apesar de emblemático, cujo resultado não irá melhorar, objetivamente, a vida de ninguém.
Por outro lado, houve a omissão e preguiça em procurar conhecer os meandros da execução orçamentária, saber a influência da Lei de Responsabilidade Fiscal (ampla e fartamente comentada e destrinchada, mais até que os embargos infringentes) ou, ainda, procurar saber como ocorre uma licitação publica e procurar saber os motivos de seu encarecimento, os “aditivos contratuais”. Apesar dos termos, são conceitos simples, sobretudo em uma sociedade que passou mais de trinta anos mergulhada na inflação onde surgiu o complicado mecanismo da correção monetária, URV´s e outros mecanismos. Se não gostam de falar disso por ser política, qual o motivo, então, de se interessar por seções do STF e se aprofundar nos embargos infringentes?
Enfim, o ano de 2014 será caótico, pois os cofres federais irão ser abertos para apoios para a reeleição, o fato do orçamento não ter sido bem executado impedirá reformas estruturais e de infra-estrutura, notadamente nas áreas de saneamento, saúde, mobilidade urbana, energia elétrica, telecomunicações etc. A inflação voltará com força e será maquiada. Haverá mais alagamentos, deslizamentos, não haverá remédios, vacinas, equipamentos etc para lotar hospitais e postos de saúde, as pessoas com seus poderes aquisitivos elevados gastarão mais em remédios, em deslocamentos para seu trabalho e lar, em alimentos, em vestuário, em educação, moradia etc etc etc.
Quando chegar os meses próximos à eleição, a sociedade personificará Sisifo em seu suplício, -talvez fosse oportuno conhecer a estória dessa figura mitológica e perceber a similaridade com o eleitor brasileiro- uma vez mais elegendo e virados as costas para o processo democrático enquanto a rocha rola ladeira abaixo lhe esmagando.
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