Victor Cândido - Economista -
06/06/2018
O PIB de 2018 será uma das maiores frustrações dos últimos anos. O “pibão” de 3% era aguardado ansiosamente ainda no começo de 2018. O mercado financeiro chegou a apostar, no começo do ano, em 2,92% de crescimento para 2018 e o governo em 3%. Este ano seria aquele que o país finalmente iria engatar a segunda marcha e acelerar rumo a um crescimento maior. Porém, a realidade bateu e as expectativas começam a se frustrar.
O PIB do primeiro trimestre foi fraco, o número do segundo trimestre (que estamos vivendo hoje) irá refletir a greve dos caminhoneiros em toda a sua glória e deverá vir próximo de zero ou até mesmo negativo. O terceiro tri será o da eleição com muita incerteza no ar, e o último trimestre, já será tarde demais para salvar o ano. Sem dizer, que as chances de uma reforma fiscal, com ajustes na previdência, já se frustraram e estão completamente fora do radar.
Por que tão frustrante? A economia não está crescendo na velocidade que se imaginava, mesmo estando com a taxa de juros nominal (a Selic) próxima de seu nível mínimo, o investimento não volta, o consumo ainda patina, logo o crédito não cresce, e de nada adianta uma Selic tão baixa. Neste primeiro trimestre a economia cresceu 0,4% do lado da oferta, a indústria e o setor de serviços, que juntos correspondem por mais de 80% de toda a atividade econômica do país, cresceram apenas 0,1%, quase um suspiro ao invés de uma respirada pós-crise.
O consumo e o investimento, ambas classes também importantes, vem avançando, mas ainda de forma tímida. O desemprego ainda é muito elevado, rodando na casa de 12% ao ano, e uma parte relevante desses empregos são do setor informal, o que impede os consumidores de tomarem crédito para comprar um imóvel, eletrodomésticos ou até mesmo um novo carro.
Os investimentos também crescem a passo de espera, empresários estão na expectativa sobre quem irá vencer a peleja eleitoral em outubro e dependem do resultado para saber se haverá um ambiente econômico mínimo para o prosseguimento da retomada da economia e das reformas necessárias.
Quais os cenários possíveis?
Olhando o relatório focus, onde estão condensadas as expectativas dos agentes do mercado financeiro, na mediana o mercado acredita que o país ainda possa crescer algo em torno de 2,18%, um número excelente e muito esperançoso, dado o cenário que temos desenhado agora.
Se a economia repetisse nos próximos 3 trimestres o resultado do primeiro (0,4%) a economia terminaria o ano crescendo 1,5%. Esse é um cenário base, e não seria tão ruim. Se o segundo trimestre tiver um crescimento zero, a economia voltar aos 0,4% de velocidade no terceiro e quarto tri, cresceremos apenas 1,2%!
Sonhando com otimismo, se, nos próximos 3 trimestres a taxa dobrasse, isto é, crescer 0,8% por trimestre, nos levaria a 2,1% de crescimento no final do ano, mas é uma hipótese quase heroica, uma vez que os indicadores de atividade mensais não mostram esse fôlego, sem contar o efeito da greve que pode até zerar o crescimento do segundo trimestre.
Crescer mais que 1,5% em 2018, está complicado. O país vai perder mais um ano.
Reduzir em 50% as expectativas em 6 meses, é algo assustador. Se a economia não cresce, o desemprego não cai, o consumo não retorna e o país continua a se afundar na lama.
2018 ainda mal chegou à metade e o PIB já se acabou.
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