quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Números do Congresso Nacional


Amigos, boa tarde.
A figura anexa mostra o retrato de nosso país, de nosso cidadão, o quanto se chegou após vinte e cinco anos comemorando-se o fim de governos militares quando, enfim, um civil assumiu o poder.
Mas há que se ressaltar, que ainda no governo Figueiredo, em 1978, o Congresso, após anistia, se inchou, passou de dois partidos, ARENA e MDB, para quase vinte partidos, estava inaugurada a democracia do país no novo ciclo.
Aí, analfabetos, apedeutas, maiores de 16 anos e os demais obrigados em plena democracia, pois não votar além de transgressão da multa, e dizer ou estimular o voto em branco é crime, passamos a ter a sensação de que vivíamos em plena e pujante democracia.
Mas faltou se entender e contar com nossa idiossincrasia, aquela mesmo que nos caracteriza como omissos, Sísifos matreiros e felizes, bonachões, gentes boas, populares, democráticos, elegendo gente dessa estirpe e crente que estava abafando.
Relembrando, ainda, que na época dos governos militares, como o Congresso so queria aprovar medidas diante de fisoologismos sutis, os presidentes militares usavam da ferramenta do Decreto-Lei. O Congresso não queria votar então se passava por cima. Não se cooptava, não havia mensalões e isso incomodava a esquerda. Mas para se relembrar isto ou meus amigos ouvirem isto de um professor de faculdade é querer dançar com cinderela rodeado de duendes.
Sarney governou por cinco anos, encheu além de suas burras todos os congressistas possíveis e de tanto emperrar e deixar emperrar reformas importantes seu ocaso se deu com 83% de inflação ao mês, obrigando Collor a lançar seu plano de 50 reais somente para todos ficarem iguais...menos, claro está, os políticos e os de agora. Os amigos mais novos perguntem a seus pais ou professores.
Aí o Collor começou a dificultar a vida dos de sempre, não que eu esteja defendendo, apenas fazendo uma revisão histórica, aí o Ulisses falou alto e em bom tom na Rede Globo: O presidente está começando a tornar inviável seu governo. Foi falado no JN depois no Jornal da Globo e no outro dia no Bom dia Brasil. Falei com minha esposa: O Collor não dividiu o bolo, os cargos de autarquias, Petro, Elebro, Porto, todas as Brás possíveis ficaram na mão de poucos Sudene e SUDAM foram fechadas, outras minas de dinheiro. A INFRAERO, então da Aeronáutica, passou a ser acompanhada com mão de ferro. E por não dividir, logo logo veio o impeachment. Capitaneado, nunca, jamais nos esqueçamos, pelo PT e todos os partidos agregados a um futura teta.
Cumpre ressaltar que depois que foi extinto o Decreto Lei veio a Medida Provisória e qual não é o espanto, desde FHC, nos dois governos e os dois do atual, os recordes desses by passes do Congresso são editados sem nenhum pudor ou vergonha.
O gráfico, anexo, mostra o por quê.
Aos poucos fomos perdendo todas as ferramentas de atuação popular em um regime democrático. Hoje pouquíssimo além do voto mau usado, podemos fazer para corrigir erros ou projetos que não nos atende.
Necessariamente somos obrigados a lançar mão de entidades tais como OAB SP que, espantosamente, em um acesso claro de covardia, terceiriza para nós uma responsabilidade que é dela. A última para o dia 17 de agosto.

Somos uma sociedade de abúlicos felizes. somos tidos a nos mobilizar por movimentos de abraços cults na Lagoa, R Freitas ou Pampulha, o logradouro não vem ao caso pois a estupidez é absolutamente a mesma. Abraços no Corcovado, Ibirapuera enfim, em movimentos tipo cult tudaver, no mais nobre e essencial padrão "Tô putinho!!" que de nada, absolutamente nada, resolve. Mas que dá uma enorme sensação de estar e ser consciente e muito papo para as reuniões sociais, em barezinhos ou em piscinas ou em casa enquanto a galera ri da cara (não da minha, pois não voto em congressista por não acreditar que no atual sistema nem Jesus Cristo ou Madre Tereza de Calcutá, consertariam essa súcia) dos iludidos.

Amigos, enfim, taí o resultado de anos de cochilos.
Este gráfico não vem em jornais e periódicos de acesso popular, veio na Revista Exame cuja assinatura que pago é de quase quatrocentas pilas no afã de ler algo de útil já que o que se publica ultimamente é absolutamente controlado pelo governo.

Antes de encerrar, relembro que hoje, pelo IBGE, temos 98% de residências com rádios, 95% com televisões, somos 190 milhões de habitantes e 160 milhões de celulares, jornais chegam a custar 25 centavos em algumas cidades e o pacato cidadão, cochilante, noveleiro, BigBrotherBrasilzeiro não consegue enxergar como a omissão dos parlamentares custam em nossa conta de luz, na gasolina, no custo de transporte, telecomunicações dentre uma série de atividades econômicas que encarecem, sobremaneira, nosso dia a dia.
E sempre busca-se a culpa em algum marciano ou extra-terrestre.

Enfim, temos um governo e um congresso, com letra minúscula, suficiente para o que merecemos ou o que queremos.
Sds
Jefferson

Um comentário:

  1. Considerando os dados do IBGE acima, que demonstram praticamente a universalidade de acesso à informação, já é tempo de pensar na supressão dos partidos políticos como obrigatoriedade para postular cargos representativos.
    Digo isso baseado na gênese da democraia representativa moderna, quando surgiram as agremiações políticas - par e passo com o alargamento da franquia eleitoral - para que os eleitores que não pudessem conhecer as idéias dos candidatos, pudessem, pelo menos, saber o alinhamento ideológico da agremiação. Ou seja, era uma forma de garantir um mínimo de informação ao eleitor a respeito dos candidatos, devido principalmente ao custo de distribuição das informações. Coisa que hoje perdeu sua razão pela imensa permeabilidade, rapidez e ínfimo custo da circulação das informações. Ademais, mesmo com as estruturas partidárias rígidas, a idiossincrasia brasileira premia a individualidade na escolha eleitoral, tanto é que a troca de partido pelos candidatos (mesmo depois de eleitos) quase ou nenhum efeito tem sobre sua base eleitoral.
    A eliminação da obrigatoriedade de filiação a partidos políticos para acesso à representação popular além de democratizar mais o processo, pois diminui o engessamento de idéias e condutas, destrói o espírito de corpo, pernicioso à efetiva representatividade. É, de certa forma, trazer práticas de mercado ao seio político: maior concorrência, maior transparência e - quem sabe - maior eficiência, almejando de fato maior eficácia.
    Que as agremiações políticas persistam, mas no âmbito das idéias somente.

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