domingo, 30 de agosto de 2009

Texto do Marcelo TAS: O ser petista


Boa noite amigos.
Normalmente procuro não falar ou comentar sobre partidos e suas ações. Todavia em função do texto do Marcelo TAS, colega de turma da EPCAR em Barbacena MG, envio este texto bem escrito.
Na foto, ele e o Arlindo Cruz estão "batendo uma continência padrão" após 34 anos, e não se esqueceram da maneira de fazer, em homenagem aos amigos que até hoje nos comunicamos diariamente.


O SER PETISTA

Texto de Marcelo Tas

Por não ser petista, sempre fui considerado "de direita" ou "tucano"
pelos meus amigos do falecido Partido dos Trabalhadores.

Vejam, nunca fui "contra" o PT. Antes dessa fase arrogante
mercadântica-genoínica, tinha respeito pelo partido e até cheguei a
votar nos "cumpanheiro". A produtora de televisão que ajudei a fundar
no início da década de 80, a Olhar Eletrônico, fez o primeiro programa
de TV do PT. Do qual aliás, eu não participei.

Desde o início, sempre tive diferenças intransponíveis com o Partido
dos Trabalhadores. Vou citar duas.

Primeira: nunca engoli o comportamento homossexual dos petistas.
Explico: assim como os viados, os petistas olham para quem não é
petista com desdém e falam: deixa pra lá, um dia você assume e vira um
dos nossos.

Segunda: o nome do partido. Por que "dos Trabalhadores"? Nunca
entendi. Qual a intenção?
Quem é ou não é "trabalhador"? Se o PT defende os interesses "dos
Trabalhadores", os demais partidos defendem o interesse de quem? Dos
vagabundos?

E o pior, em sua maioria, os dirigentes e fundadores do PT nunca
trabalharam. Pelo menos, quando eu os conheci, na década de 80,
ninguém trabalhava. Como não eram eleitos para nada, o trabalho dos
caras era ser "dirigentes do partido".. Isso mesmo, basta conferir o
currículum vitae deles.

Repare no choro do Zé Genoníno quando foi ejetado da presidência do
partido. Depois de confessar seus pecadinhos, fez beicinho para a
câmera e disse que no dia seguinte ia ter que descobrir quem era ele.
Ia ter "que sobreviver" sem o partido. Isso é: procurar emprego. São
palavras dele, não minhas.

Lula é outro que se perdeu por não pegar no batente por mais de 20,
talvez 30 anos... Digam-me, qual foi a última vez, antes de virar
presidente, que Luis Ignácio teve rotina de trabalhador? Só quando
metalúrgico em São Bernardo. Num breve mandato de deputado, ele fugiu
da raia. E voltou pro salarinho de dirigente de partido. Pra rotina
mole de atirar pedra em vidraça.

Meus amigos petistas espumavam quando eu apontava esse pequeno detalhe
no curriculum vitae do Lula. O herói-mor do Partido dos Trabalhadores
não trabalhava!!!

Peço muita calma nessa hora. Sem nenhum revanchismo, analisem a
enrascada em que nosso presidente se meteu e me respondam. Isso não é
sintoma de quem estava há muito tempo sem malhar, acordar cedo e ir
para o trabalho. Ou mesmo sem formar equipes e administrar os rumos de
um pequeno negócio, como uma padaria ou de um mísero botequim?

Para mim, os vastos anos de férias na oposição, movidos a cachaça e
conversa mole são a causa da presente crise. E não o cuecão cheio de
dólares ou o Marcos Valério. A preguiça histórica é o que justifica o
surto psicótico em que vive nosso presidente e seu partido. É o que
justifica essa ilusão em Paris.... misturando champanhe com churrasco
ao lado do presidente da França... outro que tá mais enrolado que
espaguete.

Eu não torço pelo pior. Apesar de tudo, respeito e até apoio o esforço
do Lula para passar isso tudo a limpo. Mesmo, de verdade.

Mas 'pelamordedeus', não me venham com essa história de que todo mundo
é bandido, todo mundo rouba, todo mundo sonega, todo mundo tem caixa
2...

Vocês, do PT, foram escolhidos justamente porque um dia conseguiram
convencer a maioria da população (eu sempre estive fora desse transe)
de que vocês eram diferentes. Não me venham agora querer recomeçar o
filme do início jogando todos na lama.

Eu trabalho desde os 15 anos. Nunca carreguei dinheiro em mala. Nunca
fui amigo dessa gente.
Pra terminar uma sugestão para tirar o PT da crise. Juntem todos os
"dirigentes", "tesoureiros", "intelectuais" e demais cargos de
palpiteiros da realidade numa grande plenária.

Juntos, todos, tomem um banho gelado, olhem-se no espelho, comprem o
jornal, peguem os classificados e vão procurar um emprego para sentir
a realidade brasileira.

Vai lhes fazer muito bem. E quem sabe depois de alguns anos pegando no
batente, vocês possam, finalmente, fundar de verdade um partido de
trabalhadores.

MARCELO TAS é jornalista, autor e diretor de TV. A ênfase de seu
trabalho está na criação de novas linguagens nas várias mídias onde
atua.
Entre suas obras destacam-se os videos do repórter ficcional Ernesto
Varela; participação na criação das séries "Rá-Tim-Bum", da TV Cultura
e o "Programa Legal", na TV Globo. Recentemente, Tas realizou o "Beco
das Palavras", um game interativo que ocupa uma das salas mais
concorridas do novo Museu da Lingua Portuguesa, na Estação da Luz, em
São Paulo.
E agora dirige o programa CQC na Bandeirantes.

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