quarta-feira, 7 de outubro de 2009

A síndrome do "Procurador"

Em poucos dias já li cerca de trinta mensagens sobre as olimpíadas no Rio em 2016. Foram de tipos diferentes: artigos, blogs, mensagens repassadas por amigos e links. Todos, sem exceção, trazem uma característica: A terceirização da responsabilidade.

Em todas as mensagens os conteúdos trazem frases do tipo “a sociedade tem que estar atenta..”; “o Ministério Público tem que fiscalizar”; “a sociedade não pode cochilar” e por aí vai. Não encontrei em quase trinta distintas mensagens alguém falando: “Vou acompanhar de perto..”; “Vou escrever para o deputado/senador que elegi...”; “Vou ler atentamente o Diário Oficial da União, do Estado ou do Município do Rio de Janeiro..” etc.

É sempre alguém que tem que estar responsável para que a coisa pública funcione ou pelo menos não seja vítima de corrupção. É sempre o “outro”. O problema do Brasil está no “outro” que não faz o que deve. É o “outro” que comete os atos arbitrários ou anti-éticos ou se omite. Nossa capacidade de relativizar a responsabilidade e a ética é patológica, fica demonstrada em qualquer evento público que se avizinhe.

Da mesma forma na qual se vota e se esquece de acompanhar e cobrar responsabilidades dos políticos eleitos, os “politica e atenadamente corretos” acham que enviar mensagens ou postar blogs já é mais do que suficiente prova de que está engajado. Há bem mais o que se fazer, a começar por procurar entender a natureza e a origem dos recursos pois, principalmente, alguns artigos denotam desconhecer que nem todos os recursos sairão do Erário, há os que virão do COI e de investidores internacionais. Depois se procurar entender quais são os objetivos diretos e adjuntos das destinações orçamentárias específicas, pois por incrível que possa parecer, a gestão orçamentária no Brasil é extremamente rigorosa, haja visto o posicionamento do TCU em relação às obras do PAC.

Enfim, falta maturidade social para se lidar com eventos complexos dessa natureza. Enquanto estivermos acometidos da síndrome do “procurador” jamais atingiremos o patamar de sociedade amadurecida.

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