segunda-feira, 15 de março de 2010

O custo de Belo Monte

Outra notícia importantíssima perdida em uma página de editorial facilmente ignorada na passagem d'olhos de quem, pelo menos, tem condições de ler jornal impresso ou via web.

Mostra-se, claramente, a impossibilidade de se atingir a posição de quinta economia em 2016 pois sem energia elétrica de qualidade e sustentável não se tem desenvolvimento, ao mesmo tempo que se continua a estimular a migração de pequenas cidades para grandes centros o que amplia-se, cada vez mais, os bolsões marginais de núcleos populacionais (violência urbana, enchentes, incêndios por uso inadequado de energia, focos de virus, fungos, bactérias etc etc).

Ressalto, ainda, que é fruto da decisão onipresente e onipotente do governo federal que sustenta a tese do Estado Forte, totalitário quase.

Isto é resultado simples e direto da omissão do cidadão nas suas obrigações democráticas de votar e além de votar, acompanhar a administração pública.


O custo de Belo Monte



http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20100315/not_imp524304,0.php

Faltando pouco mais de um mês para o leilão da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, previsto para abril, a Empresa de Pesquisa Energética (EPE) reviu os estudos do projeto e elevou de R$ 68,00 para R$ 83,00 o preço máximo por MWh que poderá ser cobrado dos consumidores pelos vencedores da licitação. Trata-se de uma mudança significativa (22% a mais do que indicavam os cálculos anteriores), deixando evidente que não só os órgãos ambientais retardam projetos de longo prazo, sujeitando-os a incertezas, mas também autoridades do núcleo do governo, entre as quais os executivos da EPE.
Belo Monte é um projeto hidrelétrico com capacidade nominal de geração de 11,2 mil MW, inferior apenas à de Itaipu, mas que deverá gerar uma energia média de apenas 40% da capacidade, o que eleva o custo do investimento por MWh.
Antes de a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) lançar o edital de licitação, a EPE tem de mandar um estudo ao Tribunal de Contas da União (TCU), informando os preços máximos admitidos. Dá-se como certo que o TCU não fará objeções aos novos preços da energia de Belo Monte, mas, ainda assim, está havendo atraso nas providências necessárias à realização do leilão.
Desde o ano passado, os investidores já alertavam as autoridades para o risco de fixar um preço máximo muito baixo para a energia. Chegaram a estimar em cerca de R$ 30 bilhões o custo total da obra, mas a EPE pretendia, inicialmente, fixar esse valor em R$ 16 bilhões, montante que agora passou para R$ 19,6 bilhões. "A tarifa-teto é mais razoável do que a anterior", admitiu o presidente da Associação Brasileira dos Produtores Independentes de Energia Elétrica (Apine), Luiz Fernando Vianna. Mas para o diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (Cbie), Adriano Pires, "o governo faz populismo ao definir um valor baixo para o preço-teto da tarifa".
O Ministério de Minas e Energia (MME) e a EPE atribuíram a elevação do preço do MWh aos custos adicionais decorrentes de dezenas de condicionantes ambientais, construção de canteiro de obras e de casas para os trabalhadores e transporte do pessoal. Há ainda, segundo o consultor Afonso Henriques, ex-secretário de Energia do MME, riscos geológicos elevados, por exemplo, na construção de um canal de desvio do Rio Xingu.
O ministro Edison Lobão afirma que o governo não cedeu aos empresários. Mas, mais importante do que discutir a quem interessa a fixação de um preço irreal, é saber se o projeto será concluído dentro dos parâmetros da licitação. E, se estes forem inviáveis, a obra atrasará e exigirá financiamentos adicionais. Por enquanto, calcula-se que o BNDES financiará 70% dos investimentos na usina.
Os investimentos em hidrelétricas atrasaram tanto no governo Fernando Henrique como no de Lula, neste caso, pelo retardamento da reforma do setor encabeçada pela então ministra do MME e hoje ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, que junto com o PMDB controla politicamente o setor elétrico.
O atraso nos investimentos em energia hidrelétrica explica, em parte, as altas tarifas pagas pelos consumidores. Usinas a óleo diesel, óleo combustível e carvão, que geram energia cara e poluidora, estão em funcionamento para evitar a sobrecarga de Itaipu, que opera com restrições, a um custo adicional estimado em R$ 8 bilhões por ano.
Incorrer nesse custo seria, aparentemente, desnecessário, pois o regime pluviométrico favorece a geração de energia. Ressalvados colapsos por prazos curtos, como no Sudeste e no Nordeste, o parque hidrelétrico tem atendido satisfatoriamente à demanda.
Em fevereiro, segundo dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico, a carga de energia no Sistema Interligado Nacional aumentou 4,9% em relação a janeiro e 11,8% em relação a fevereiro de 2009. O aumento da carga é um indicador prévio de aumento do consumo, que cresceu devido às altas temperaturas que exigiram o funcionamento intensivo de aparelhos de ar-condicionado e de refrigeração, mas também da aceleração da atividade econômica.
Mantido o ritmo de crescimento, a demanda continuará crescente e a energia de Belo Monte será indispensável.

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