terça-feira, 30 de outubro de 2012

TRÂNSITO EXIGE SOLUÇÕES ESTRUTURAIS



O GLOBO


O Rio tem grandes desafios a enfrentar no sistema de trânsito. E não são apenas os relacionados aos compromissos do poder público com a Copa e as Olimpíadas. Estes ficam na rubrica das demandas de curto prazo, com respeito à mobilidade urbana dos turistas que virão para as duas competições. Seu alcance a longo prazo fica por conta, é o que se espera, de as intervenções urbanísticas permanecerem como legado para o município superar deficiências em sua estrutura de transportes.
A série de reportagens do GLOBO "Nós no trânsito" ajuda a projetar, para muito além dos próximos quatro anos, a necessidade de o Rio construir uma sólida saída para o caos das ruas. Além de problemas de gestão e de cultura (planejamento falho de equipes de orientadores de tráfego, pouca atenção de empresas de ônibus com a formação de bons profissionais ao volante etc.), há no horizonte uma questão que deve estar na base de qualquer proposta estrutural para melhorar o sistema: em 2016, a cidade alcançará a proporção de um carro para dois cariocas, segundo estimativa da Firjan. É receita certa para o colapso.
Não se pode perder o oportuno momento de dar passos essenciais para lançar bases de uma revolução no setor. Intervenções urbanísticas em curso deverão, sem dúvida, integrar-se a programas de otimização do sistema viário e de transporte de alta frequência. Mas outras necessidades certamente aparecerão, num cenário em que se assiste a um crescimento médio anual, nos últimos dez anos, de 4% da frota de automóveis em circulação.
Dentro de quatro anos, a quantidade de carros nas ruas do Rio tangenciará a casa dos três milhões. É duvidoso que a adoção de medidas pontuais de alívio da demanda venham a surtir efeitos permanentes. O rodízio de placas, por exemplo, tem resultados de curto prazo. Em São Paulo, onde é adotado, para fugir da rotatividade, motoristas passaram a usar um segundo automóvel, o que incrementou ainda mais a frota, numa perversa inversão da fórmula. Recorrer ao pedágio, em áreas limitadas, pressupõe oferecer alternativas de transporte público.
O desafio exige saídas estruturais. Caso da melhoria radical do sistema de transportes de alta capacidade, com obras de infraestrutura e melhoria de gestão. Triplicar o uso de trens, do metrô e das linhas de BRT, como prevê o prefeito Eduardo Paes, é providência que já deveria ter sido adotada - e não pode permanecer no rol das boas intenções. O sistema sobre trilhos, subaproveitado, é essencial para desafogar o trânsito nas ruas, com a otimização das linhas de ônibus, grandes responsáveis por cada vez mais constantes engarrafamentos.
O colapso do sistema de trânsito do Rio ainda é um fantasma do futuro; o problema é que ele se aproxima cada vez mais.
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