segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

VEJA: Educação de quarto mundo

A escritora Lya Luft faz um apanhado superficial dos problemas que hoje não só se evidenciam como, também, se avultam.

Tenho plena consciência de que somente a simpatia e o carisma de nosso presidente não permitirá uma mudança neste cenário se a sociedade não se envolver ao invés de delegar.

Apesar das destinações orçamentárias terem sido substanciais para a Educação nos últimos vinte anos, o que se vê, em primeira análise é o concurso de outros fatores intervenientes que não a ação direta do Estado via orçamento.

Se a sociedade não cobrar das escolas e professores, estes fortemente sindicalizados, não só objetivamente como também, ideologicamente, as mudanças não ocorrerão.

Infelizmente nossa mania de terceirizar a outrem a nossa responsabilidade faz com que este cenário não só se repita ao longo dos anos como também se enraíze cada vez mais profundamente.

A educação complementar, em meu entender, também tem uma densa parcela de culpa, principalmente a televisão e seus programas de qualidade duvidosa, como também o universalizado acesso á internet que, em nosso caso, tem produzido cada vez mais pessoas  em redes sociais do tipo orkut e twitter que não agregam valor algum.

Ressalto, contudo, que esta geração estará, nos próximos quinze anos, no comando da parcela economicamente ativa . Vejam a qualidade dos serviços que, daí, poderão advir.







Educação de quarto mundo

"Por que nos contentarmos com o pior, o medíocre, se podemos ter o melhor e não nos falta o recurso humano para isso?"


No meio da tragédia do Haiti, que comove até mesmo os calejados repórteres de guerra, levo um choque nacional. Não são horrores como os de lá, mas não deixa de ser um drama moral. O relatório "Educação para todos", da Unesco, pôs o Brasil na 88ª posição no ranking de desenvolvimento educacional. Estamos atrás dos países mais pobres da América Latina, como o Paraguai, o Equador e a Bolívia. Parece que em alfabetizar somos até bons, mas depois a coisa degringola: a repetência média na América Latina e no Caribe é de pouco mais de 4%. No Brasil, é de quase 19%.
No clima de ufanismo que anda reinando por aqui, talvez seja bom acalmar-se e parar para refletir. Pois, se nossa economia não ficou arruinada, a verdade é que nossas crianças brincam na lama do esgoto, nossas famílias são soterradas em casas cuja segurança ninguém controla, nossos jovens são assassinados nas esquinas, em favelas ou condomínios de luxo somos reféns da bandidagem geral, e os velhos morrem no chão dos corredores dos hospitais públicos. Nossos políticos continuam numa queda de braço para ver quem é o mais impune dos corruptos, a linguagem e a postura das campanhas eleitorais se delineiam nada elegantes, e agora está provado o que a gente já imaginava: somos péssimos em educação.
Pergunta básica: quanto de nosso orçamento nacional vai para educação e cultura? Quanto interesse temos num povo educado, isto é, consciente e informado - não só de seus deveres e direitos, mas dos deveres dos homens públicos e do que poderia facilmente ser muito melhor neste país, que não é só de sabiás e palmeiras, mas de esforço, luta, sofrimento e desilusão?
Precisamos muito de crianças que saibam ler e escrever no fim da 1ª série elementar; jovens que consigam raciocinar e tenham o hábito de ler pelo menos jornal no 2º grau; universitários que possam se expressar falando e escrevendo, em lugar de, às vezes com beneplácito dos professores, copiar trabalhos da internet. Qualidade e liberdade de expressão também são pilares da democracia. Só com empenho dos governos, com exigência e rigor razoáveis das escolas - o que significa respeito ao estudante, à família e ao professor - teremos profissionais de primeira em todas as áreas, de técnicos, pesquisadores, jornalistas e médicos a operários. Por que nos contentarmos com o pior, o medíocre, se podemos ter o melhor e não nos falta o recurso humano para isso? Quando empregarmos em educação uma boa parte dos nossos recursos, com professores valorizados, os alunos vendo que suas ações têm consequências, como a reprovação - palavra que assusta alguns moderníssimos pedagogos, palavra que em algumas escolas nem deve ser usada, quando o que prejudica não é o termo, mas a negligência. Tantos são os jeitos e os recursos favorecendo o aluno preguiçoso que alguns casos chegam a ser bizarros: reprovação, só com muito esforço. Trabalho ou relaxamento têm o mesmo valor e recompensa.
Sou de uma família de professores universitários. Exerci o duro ofício durante dez anos, nos quais me apaixonei por lidar com alunos, mas já questionava o nível de exigência que podia lhes fazer. Isso faz algumas décadas: quando éramos ingênuos, e não antecipávamos ter nosso país entre os piores em educação. Quando os alunos ainda não usavam celular e iPhone na sala de aula, não conversavam como se estivessem no bar nem copiavam seus trabalhos da internet - o que hoje começa a ser considerado normal. Em suma, quando escola e universidade eram lugares de compostura, trabalho e aprendizado. O relaxamento não é geral, mas preocupa quem deseja o melhor para esta terra.
Há gente que acha tudo ótimo como está: os que reclamam é que estão fora da moda ou da realidade. Preparar para as lidas da vida real seria incutir nos jovens uma resignação de usuários do SUS, ou deixar a meninada "aproveitar a vida": alguém pode me explicar o que seria isso?

3 comentários:

  1. Uma importante reflexão, Jefferson. Esse assunto é preocupante.

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  2. o meu professor mandou eu fazer um relatorio sobre isso adFDMNEKLFNEWLFNWL;lgbrjk.G

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  3. é muito triste verificar que não tem nada de errado na análise deste artigo. qual o futuro
    do nosso país? joel O.Jr.

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