sábado, 21 de julho de 2012

A CIDADE DOS FLANELINHAS

Retalhos de um câncer alimentado pelo populismo e a imposição do "tadinho desamparado social" alimentado pela esquerda para galgar o poder no país. 


A CIDADE DOS FLANELINHAS 
JORNAL DO COMMERCIO (PE)


Já alertamos várias vezes para a ação predatória dos chamados flanelinhas, que se tornaram donos das ruas do Recife, “gerenciando” até mesmo áreas classificadas como “zonas azuis”. Eles ameaçam, chantageiam, cobram preços extorsivos de motoristas indefesos e, se a vítima é do sexo feminino, usam da agressividade, intimidação, para receber o que consideram o pagamento obrigatório por uma prestação de serviço. Na semana passada, essa atividade extravagante chegou ao seu limite: num estacionamento em frente ao Imip, um desses flanelinhas esfaqueou um senhor que se recusou a pagar a extorsão. Como ele, são muitos os que apelam para a violência se não são prontamente atendidos nessa cobrança ilegal e inaceitável. 
O problema que se coloca, então, é o seguinte: se o clamor das vítimas não sensibiliza, se as reiteradas denúncias que são feitas através dos meios de comunicação de nada servem, está a população do Recife entregue à própria sorte? Onde estão os agentes públicos remunerados pelos tributos que todos pagamos – inclusive, naturalmente, as vítimas desse agenciamento informal do espaço público – que não fazem valer as normas mais elementares de segurança da população? Se não há como nem a quem recorrer, o que fazer? É mais que evidente que não cabe ao cidadão, à cidadã, reagir nos moldes dos flanelinhas, porque correm o risco fatal que correu e do qual foi vítima aquele cidadão teoricamente seguro, porque no espaço comum de uma instituição de saúde.
Dessa forma, o problema persiste e nos parece que na ausência de políticas públicas que eliminem essa fonte de renda perniciosa será preciso recorrer ao Ministério Público para que se façam cumprir todas as leis que podem ser invocadas no caso. Do direito constitucional de ir e vir, passando por todos os princípios de direitos humanos, ao direito à segurança fundado na contrapartida a que todos pagamos como impostos, dando-se a estes a mesma fundamentação de uma outra espécie de tributo – a taxa –, até, por desespero extremo diante da impotência a que estamos entregues, um ajustamento de conduta com os órgãos de defesa social, pelo qual teriam um prazo para convencer os flanelinhas a buscarem outras fontes de sobrevivência, ou usar os meios legais de repressão.
Esse é o ponto mais delicado da questão: a fonte de sobrevivência. Cabe, sim, aos poderes públicos, encontrarem os meios, os caminhos, as saídas, a solução, enfim, porque é para isso que a sociedade delega poderes a determinadas pessoas, remunerando-as muito bem. Quem sabe não seja esta a hora ideal para entidades da sociedade civil advertirem os candidatos para assumirem uma atitude propositiva diante de um problema que se agrava na mesma proporção do agravamento do trânsito, da imobilidade que faz os motoristas lutarem desesperadamente por um espaço, muitas vezes sucumbindo às regras extraoficiais dos flanelinhas, realimentando e legitimando a pretensão que eles têm de serem os donos das ruas.
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