sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Barbosa, futebol e "coitadismo"





Por que tanta exultação pelo fato do primeiro negro a assumir a presidência do STF? Por que tanta e contumaz imaturidade social? Em que isto nos fará pessoas ou cidadãos melhores? 

Pelé foi famoso no mundo inteiro, declarou que brasileiro não sabia (não sabe, aliás) votar. Em que isto nos  mobilizou para melhorarmos? 

Quando a primeira mulher ministra -Maria Esther de Figueiredo Ferraz-, logo da educação, pedagoga logo em governo de presidente militar (os presidentes militares primavam pelo especialista no executivo e não por distribuição partidária), assumiu, houve uma quase comoção social nos dizendo que chegara o momento de crescermos pela Educação. Crescemos? 

Alguém acredita que somos cidadãos melhores? É só dar uma olhada a sua volta, enquanto a rua está seca e vc pode sair de casa, de dia, claro. Só pioramos, apesar de bons exemplos públicos e de antigos referenciais sociais sérios e éticos, em termos de agressão ao meio-ambiente, em termos de cidadania (ocupação de vagas de deficientes e idosos, etc), violência no trânsito, violência gratuita urbana, etc.

Em que melhoramos, de lá para cá? O apagão de mão-de-obra é, por acaso, um exemplo dessa melhora iniciada trinta anos atrás? 

Tivemos senadores que foram despachantes, presidentes da república agricultor rural, outro filho de operários que jogou futebol em rua sem calçamento, finalmente um  legítimo (??) operário, em que isto serviu de exemplo para nos tornar cidadãos melhores? Nosso apego ao trabalho aumentou? E a exultação por feriados imprensados? Representa esta melhora ou o fato de termos trabalhadores como presidentes? 

Nos últimos dez anos as mulheres estão em posições chaves na Adm federal, estadual e municipal. Em que isto serviu de exemplo social? 

Contudo, este eterno e contumaz espírito carnavalesco de comemorar efemérides tolas e pueris é que não sinaliza, nem de longe, o alcance de nossa maturidade social. Aliás, exportamos tal exultação com a eleição e reeleição de Obama, nos EUA. O curioso é que não houve o mesmo por Cristina Kirshner, na Argentina, tampouco Angela Merkel, na Alemanha. Deve ser o nosso inexorável "coitadismo", grave acometimento moral e intelectual que este vencedor não tem, o que, por si só, já o torna louvável, reverenciável.

Em nenhum momento o vi abraçado a estapafúrdia tese e movimento do "coitadismo" de gênero, contra Monteiro Lobato, tampouco o vi defendendo a comissão que quer nos expropriar em QUATRO trilhões de reais de nossa sociedade (vale ressaltar que no nosso PIB, aos trancos e barrancos beira pouco mais de um trilhão de reais - querem apenas, quatro vezes este valor- para indenizar todo e qualquer descendente de escravos. 

Aliás, este fato que deixei por último, é o que mais corrobora o que escrevo, pois um lídimo exemplo de raça e cor chegou lá, venceu, mas esta súcia de "excluídos sociais por serem negros injustiçados pela sociedade ao longo da História" quer nos sugar, sem o suor do rosto e da tez de ébano, justificados, apenas, pelo coitadismo em meio a uma sociedade de politicamente corretos estúpidos.

Enfim, espero que haja, ao menos, bom-senso para entender que, como os demais, estou feliz por este cidadão normal, por acaso negro, tenha atingido o ápice de sua vida, não por sua cor, mas por seus atributos.  Todavia, ícones e referenciais sociais tem sua serventia. Este, para nossa incipiente sociedade, terá uma ribalta fátua.


Ele será mais um cujo exemplo de esforço ético e responsável para vencer na vida de nada servirá a  nossa sociedade. Ele é bom de bola, joga muito bem futebol, pois já o vi algumas vezes no campo no anexo do prédio da presidência da república jogando. Mas cometeu o grave pecado de não ser jogador de futebol. Não fora pelo julgamento do mensalão ele seria um presidente do STF, ilustre desconhecido da sociedade. Este cidadão é o que de mais puro e genuíno em que a meritocracia se faz representar, todavia o desesperado apego aos "todos são iguais perante a lei" na Constituição Federal faz com que muitos pleteiem, via de regra por intermédio de greves, os mesmos direitos que os mais esforçados e destacados obtém por esforço próprio.


O que nos afasta da maturidade social e política é que queremos tapar o sol com a peneira. O problema não está nas circunstâncias sociais, está em nós, simplesmente em nós e não enxergamos.
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