EDITORIAL
JORNAL DO COMMERCIO (PE)
O desenvolvimento nacional está encontrando um reequilíbrio em sua distribuição regional, possibilitado pela estabilização seguida de crescimento econômico contínuo nos últimos quinze anos. É o que indica o relatório Deslocamentos Populacionais do Brasil, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cuja principal conclusão foi a de que, neste período, o número de pessoas que saem de seus Estados caiu, enquanto a quantidade daquelas que retornaram ao local de origem aumentou.
Quem está tomando o caminho de volta o faz, na maior parte, devido à oferta de oportunidades de trabalho. Se existem empregos e boas perspectivas de novas vagas criadas, é natural que a emigração diminua. Por outro lado, o sonhado regresso à terra natal deixa de ser utópico e se mostra, ao contrário, quase como necessário, quando a chance de melhorar de vida está em casa, junto aos familiares. Dados recentes do Ministério do Trabalho revelam que, no mês de junho, o Nordeste foi a segunda região do País em geração de empregos formais, atrás apenas do Sudeste. É graças a esta recuperação que a imagem do pau de arara deixando as cidades nordestinas lotado de retirantes é cada vez mais uma imagem do passado. Agora o que se faz é o trajeto inverso. Na região Nordeste, os Estados de Sergipe, Rio Grande do Norte e Paraíba também registraram altos índices de retorno dos migrantes. Mas não apenas no Nordeste. Entre os três Estados com maiores taxas de retorno populacional, figuram o Rio Grande do Sul (em primeiro) e o Paraná (em terceiro). Gaúchos e paranaenses tinham saído aos montes em busca de trabalho agrícola no Centro-Oeste ou das oportunidades industriais e de serviços no Sudeste – que por sinal, segundo o estudo, teve mais gente partindo do que chegando entre 2004 e 2009, último ano de referência do trabalho, baseado na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad) desde 1994. No Nordeste tal realidade ainda se verifica: para cada 100 que chegaram, 134 saíram da região. O mais relevante da pesquisa do IBGE para nós é saber que Pernambuco é o segundo Estado no Brasil em taxa de retorno. Fato que se explica, nos últimos anos, pela reversão das expectativas negativas e a explosão na oferta de mão de obra, inclusive qualificada. A análise demográfica, contudo, não para por aí. De acordo com uma das autoras do relatório, Leda Ervatti, os deslocamentos de grande distância estão sendo substituídos por outros, de curta distância. Isso nos diz respeito diretamente, na medida em que um dos desafios do novo ciclo de desenvolvimento pernambucano é justamente não sobrecarregar determinadas áreas – como o entorno de Suape – em detrimento de outras. A migração interna é uma questão que não pode ser posta em segundo plano, seja pelos gestores de grandes empreendimentos, pelos governos ou pelos empresários de qualquer porte de olho no futuro de seus negócios. A população – migrante ou não – deseja a melhoria da qualidade de vida, e é neste sentido que o mapa demográfico brasileiro do IBGE deve ser observado com atenção.
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O maior problema dessa avaliação é não levar em consideração os seguintes fatores:
ResponderExcluir1) O governo federal alimenta o sonho do bolsa-família. Em conversa com o porteiro do meu prédio, fiquei sabendo que 4 colegas dele voltaram para a Paraíba somente para receber a "bolsa".
2) O retorno de gaúchos e paranaenses, estados com sociedades notadamente avançadas, representa que aqueles que buscaram oportunidades no centro-oeste, pelas notícias, passaram a ter dificuldades em manter as condições favoráveis de lucro, seja pela isenção de impostos locais, seja pela exploração de mão-de-obra.
3) Não é de hoje que Pernambuco é um estado provilegiado, com uma produção intelectual invejável. Basta ver o Projeto CESAR. A área de TI em Recife, por exemplo, apresenta oportunidades bem interessantes...