RUY CASTRO
FOLHA DE SP
RIO DE JANEIRO - Está bem, Amy Winehouse morreu com 27 anos, assim como Jimi Hendrix, Janis Joplin, Jim Morrison, Brian Jones, Kurt Cobain e outros que ficam na geladeira, todos por problemas relacionados ao uso de substâncias. Os 27 anos são coincidência. Mas há quem veja nisto um significado transcendental, como se esta fosse uma idade fatal para roqueiros.
Vejamos. Elvis Presley morreu aos 42, em 1977; Michael Jackson, aos 50, em 2009; Jerry Garcia, do Grateful Dead, aos 53, em 1995; John Phillips, do The Mamas and the Papas, aos 65, em 2001. E há outros que, com um inacreditável passado de drogas, estão milagrosamente vivos: Ron Wood, aos 64 anos; Eric Clapton, aos 66; Keith Richards, aos 67 -periga se tornarem bisavôs antes de morrer.
No jazz, a droga também ceifou gente de todas as idades. O trompetista Fats Navarro morreu aos 26 anos, em 1950; Charlie Parker, aos 34, em 1955; Billie Holiday, aos 44, em 1959. Mas Miles Davis, bem ou mal, conseguiu chegar aos 65 anos, em 1991, e Chet Baker, muito mal, aos 58, em 1988. Sem falar em Ray Charles, que usou heroína durante décadas e morreu aos 73, em 2004, de causas naturais.
No Brasil, Cazuza se foi aos 32 anos, em 1990; Elis Regina, aos 36, em 1982; Cássia Eller, aos 39, em 2001; Raul Seixas, aos 44, em 1989; e Carmen Miranda, aos 46, em 1955. Mas o incrível foi Garrincha ter chegado aos 49, em 1983, e Tim Maia, aos 55, em 1998, pelo que abusaram de si mesmos.
Todos os citados tiveram a vida ou a carreira alterada por álcool, maconha, cocaína, heroína, ácido ou remédios "controlados" -alguns, por uma dessas especialidades; outros, por várias; e ainda outros, por todas juntas. E isso não aconteceu por eles serem artistas, mais "rebeldes" ou "sensíveis" que a média. Mas por serem humanos, famosos, e por não faltar combustível para sua morte.
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