Ações de diplomacia e de relações internacionais PERTENCEM a sociedade brasileira e o depositário fiel, constitucional, das decisões soberanas da sociedade é o Senado Federal.
O governo petista, ao se alinhar com a estapafúrdia vontade do governo de Cristina Kirshner, e não de toda a sociedade argentina, está se alinhando com ideologia notadamente por orientação doutrinária dos signatários do Foro de São Paulo.
Apoio pode, até, significar mobilização. Nesta hora quero ver...
Arquipélago da discórdia
EDITORIAL FOLHA DE SP
FOLHA DE SP
O marco de três décadas do início da Guerra das Malvinas ajuda a explicar, mas não justifica, a insensata escalada retórica e diplomática promovida pelos governos de Argentina e Reino Unido em torno do arquipélago do Atlântico Sul, alvo de disputa entre os dois países há 179 anos.
No início do mês, o Reino Unido deslocou um vaso de guerra para as Malvinas e enviou o príncipe William, herdeiro da Coroa, para participar de exercícios militares nas ilhas como piloto de helicóptero. A diplomacia argentina protestou nas Nações Unidas contra o que caracterizou como "militarização" da região.
Apoio popular é o que não falta, neste momento, à presidente Cristina Kirchner, recém-reeleita e aprovada por cerca de 70% da população. Já o primeiro-ministro britânico, David Cameron, enfrenta a pior crise econômica desde os anos 1930 e uma taxa de desemprego acima de 8%.
Apesar das diferenças, nenhum deles parece disposto a deixar passar a oportunidade de angariar simpatias das alas nacionalistas de seus respectivos eleitorados.
É verdade que a mordaz imagem do escritor Jorge Luis Borges para o conflito iniciado em 2 de abril de 1982 -"dois carecas brigando por um pente"- já não se aplica com a mesma precisão. Nos últimos anos, empresas petrolíferas britânicas descobriram óleo em alto-mar, próximo às ilhas.
Embora uma nova aventura militar por parte da Argentina seja impensável, a retórica da Casa Rosada dificulta a possibilidade de entendimento para uma eventual exploração conjunta das riquezas naturais da região. Um acordo de 1995, que previa o uso econômico compartilhado de uma faixa do Atlântico, foi abandonado pelos argentinos em 2007.
Algum senso de pragmatismo conviria ao governo do país vizinho. Embora seja compreensível sua reivindicação de posse do arquipélago, tomado pelo Reino Unido em 1833, não é possível ignorar o argumento de que os 3.000 habitantes das ilhas falam inglês, tomam chá às cinco da tarde e já manifestaram seu desejo de continuar súditos da rainha Elizabeth 2ª.
O Brasil aderiu recentemente ao bloqueio argentino a navios com bandeira das Falklands, nome britânico das ilhas. É de esperar-se que tal gesto não impeça o país de atuar em prol de uma distensão.
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