quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

SINAIS PREOCUPANTES





EDITORIAL
ZERO HORA (RS)

Dados do Tesouro Nacional e do Ministério do Planejamento, divulgados em recente reportagem da revista Veja, demonstram que o primeiro ano do governo Dilma Rousseff registrou uma situação diversa da pretendida pela própria presidente em seu discurso de posse: queda nos investimentos públicos, incluindo os das estatais, e aumento dos dispêndios com a folha dos servidores e com a Previdência. A situação preocupa particularmente pelo fato de que os investimentos vinham se ampliando anual- mente, tendência rompida com a redução no ano passado.
Verbas oficiais têm uma importância fundamental na indução da atividade econômica, ainda mais em países como o Brasil, devido à forte presença do governo no mercado. A força dessas ações ficou mais evidente no auge da crise global. O país demorou a ser afetado e foi um dos primeiros a se livrar das consequências justamente por ter apostado no mercado interno e reforçado os investimentos. Ainda assim, tanto naquela época quanto agora, o setor público não se preocupou o suficiente em reduzir os gastos de custeio, dando margem a uma situação que tende a preocupar mais daqui para a frente.
No ano passado, tanto os investimentos do governo federal quanto os das estatais, incluindo a Petrobras, tiveram uma redução considerável em relação a 2010. No total, os recursos federais aplicados em infraestrutura e na capacidade produtiva caíram de R$ 49,5 bilhões para R$ 47,5 bilhões. No mesmo período, as despesas com funcionalismo cresceram de R$ 175 bilhões para R$ 179 bilhões, ao mesmo tempo em que as da Previdência passaram de R$ 268 bilhões para R$ 281 bilhões. Queda nos investimentos produtivos aliada a um aumento nos gastos de custeio, como ocorre agora, é uma combinação perversa, e o governo federal precisa se empenhar para evitar sua continuidade.
Entre as razões de a Petrobras investir menos, está o fato de o governo ter privilegiado os fornecedores nacionais, nem sempre em condições de cumprir prazos à risca e de oferecer os melhores preços. No caso dos aeroportos, a pressão da proximidade da Copa do Mundo levou o poder público a se convencer de suas limitações financeiras, apostando nas concessões como alternativa para a realização das obras necessárias. A queda da capacidade de investir poderá trazer um aspecto favorável, se as barreiras ideológicas forem vencidas: a parceria com a iniciativa privada em setores que precisam se desenvolver e que não são atribuições específicas do governo. Esse avanço, porém, precisa ser associado a uma preocupação permanente com a necessidade de redução nos gastos com custeio.
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