quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

COMÉRCIO VAREJISTA SOFRE INFLUÊNCIA DA IMPORTAÇÃO

Quanto menor for nossa capacidade de melhorar a Educação maior será nossa dependência de investimentos externos que nos obriga, também, a adquirir, como  forma de pagamento, produtos industrializados de países onde investidores também tem recursos. 

A notícia abaixo dá uma radiografia instantânea de como fica difícil aumentar o emprego por postos de trabalho em nossa indústria, inviabilizando, também, mais recolhimentos de impostos para melhorias na Saúde, Educação, Saneamento, Segurança etc etc.
O círculo vicioso parece não parar.


COMÉRCIO VAREJISTA SOFRE INFLUÊNCIA DA IMPORTAÇÃO 
EDITORIAL
O ESTADO DE S. PAULO


A produção industrial, dessazonalizada, cresceu o,3% em 2011, mas pelos mesmos parâmetros as vendas no varejo aumentaram 6,7%, ou 4,5%, se considerado o comércio ampliado, que inclui veículos e material de construção. Os dados mostram o descompasso entre a evolução da produção de manufaturados e o seu consumo interno. Poderia ter criado uma inflação bem significativa, o que não ocorreu porque a demanda interna tem sido atendida por uma importação crescente.

Isso não significa que não houve inflação: esta aparece quando se compara o crescimento das vendas com o do faturamento, que, no ano, aumentou 11,5%. A importância das importações se revela comparando a evolução do volume físico vendido com o do faturamento. De modo geral, pode-se considerar que, quando o volume de bens vendidos no varejo apresenta grande diferença em relação ao faturamento, estamos diante de um setor em que houve grande importação - o caso extremo é o de têxteis e vestuário, onde o volume de vendas cresceu 3,6%, enquanto o faturamento aumentava 11,8%. Há setores em que o faturamento cresceu muito abaixo do volume das vendas no varejo. Dois deles se destacam nesse aspecto: a Informática, onde o volume de vendas experimentou o maior crescimento, de 19,5%, enquanto o faturamento aumentava apenas 3,4%; e o setor de móveis e aparelhos eletrodomésticos, em que o volume das vendas aumentou 16,6% e o faturamento, 13,7%. Neste caso pode ser que a diferença se explique pelos incentivos fiscais concedidos justamente para aumentar as vendas. Ainda nessa categoria se poderiam incluir os veículos, cujo volume de venda cresceu 6,7% e o faturamento, 4,6%.

É importante notar que a questão do preço pode afetar as importações em detrimento da produção interna e que um alívio fiscal favorece as vendas, o que justificaria que o governo passasse a fazer bom uso da sua política fiscal, não para favorecer as importações, mas o volume das vendas de bens produzidos no Brasil e com valor adicionado importante.

O consumo doméstico teve bom desempenho no ano passado, porém bem abaixo do do ano anterior, em que apresentou crescimento de 10,9% em volume e de 14,6% no faturamento. Pode-se concluir que houve uma queda dos rendimentos da população, mas é uma conclusão que não nos parece aceitável. O que houve foi um endividamento maior em razão dos compromissos para a compra de uma casa própria, devendo se acrescentar a restrição ao crédito no 3.º trimestre e um forte aumento dos preços da alimentação.
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