terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

O DESAFIO DA SEGURANÇA




EDITORIAL
ZERO HORA (RS)



Na véspera da maior festa popular do mundo e na antevéspera da realização de eventos esportivos internacionais em nosso território, o país vê agigantar-se o desafio de todos os dias, que muitas vezes fica em segundo plano na visão das autoridades e governantes: a segurança pública. Bahia e Rio de Janeiro já tiveram que recorrer a tropas federais para garantir a segurança, depois que policiais militares e civis cruzaram os braços e, em alguns casos, promoveram desordens. Ainda que tais manifestações sejam condenáveis sob todos os aspectos, não se pode fugir do desafio maior, que é a remuneração adequada e a concessão de condições dignas de trabalho para os servidores que têm o dever de proteger a população da violência e da criminalidade.
Mas o desafio da segurança em nosso país não se limita a atendimento de demandas pontuais das corporações policiais nem pode ser direcionado apenas para os turistas esperados na Copa de 2014 e na Olimpíada de 2016. Precisamos de soluções para ontem – e que sejam duradouras. Se o ponto de referência é o Mundial de futebol, precisamos evoluir muito. De todos os países que já receberam a competição, apenas a África do Sul apresenta um índice de homicídios superior ao brasileiro. No país-sede do último campeonato promovido pela Fifa, registravam-se mais de 40 homicídios por 100 mil habitantes. A média brasileira é de 24 por 100 mil. A Organização das Nações Unidas considera aceitável uma média de 10 homicídios para cada grupo de 100 mil pessoas.
Estamos, portanto, longe do desejável. A preparação para a Copa, porém, pode ser uma grande oportunidade para este salto de qualidade na segurança pública do país. Os investimentos que o governo brasileiro se propôs a fazer nas cidades-sedes destinam-se a oferecer à população um sistema de segurança baseado no planejamento, em ações preventivas e de resposta imediata, e em equipamentos avançados para detectar armas de fogo. O Ministério da Justiça pretende colocar em prática metodologias de trabalho e ações nas áreas de operações, perícia, inteligência, logística e prevenção, baseadas em estudos técnicos feitos por servidores que acompanharam uma visita do Papa à Inglaterra e conheceram centros de controle de Washington e Nova York. A ideia é transformar os investimentos para o Mundial em legado permanente para a população.
A realidade atual, porém, é bem diferente. As polícias estaduais contam com equipamentos precários, viaturas sucateadas, insuficiência de pessoal e – a grande preocupação do momento – péssima remuneração, o que está na base do descontentamento das forças de segurança e de manifestações que beiram o amotinamento. A maior urgência, portanto, é a questão salarial, que precisa ser resolvida pontualmente, pois a controversa PEC 300 – que pretende fixar um piso nacional para os policiais – colide com as desigualdades econômicas dos Estados.
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