terça-feira, 29 de maio de 2012

Sisyfus na Cachoeira

Breves considerações sobre uma "masturbação" conceitual e inoportuna.


A fábula grega dá conta que o deus Sísifo, guardião dos portos, tentou dar "um golpe" em Zeus e este lhe impingiu um castigo: Sua eterna lide seria empurrar uma pesada pedra morro acima e depois deixá-la rolar abaixo para prosseguir, incessantemente, na tarefa.


Sim, claro, a fábula dá uma noção de suplício interminável. Há uma escultura famosa denominada "O suplício de Sisyphus" que retrata esta compulsão pelo repetido e interminável.

Assim, amigos, é que considero esta "masturbação conceitual" e ideológica o affair Cachoeira e Mensalão imposto, goela abaixo, pelo governo e mídia com o intuito de tergiversar sobre a incompetência em se gerir um país complexo como o Brasil.




Masturbação o nome e ato já dizem por si sós, o conceitual é em função de processos legais, previstos em Lei na na CRFB de 1988 que, no fim, acabarão por libertar os "criminosos". O ideológica é a eterna inocência do distraído cidadão brasileiro nada pragmático e sonhador esperando que uma comoção nacional (relembremos 83% e 77% de aprovação - até onde é comoção e se a "sociedade" com tais índices de aprovação está, de fato, se importando com o que ocorre).

Por fim é inútil, pois todos acabarão, de uma forma ou de outra, inocentados e os que, porventura, permanecerem inelegíveis o governo petista lhes arranjará cargos bem melhor remunerados e com capacidade de manipular a máquina pública, a exemplo do consultor José Dirceu.

Mesmo que uma horda de cidadãos revoltados subam no Ed Central do Brasil e do topo se joguem, ou mesmo se uma interminável fila se postar na rede de metrô paulista para ser atropelado, se os congressistas da CPI não quiserem, o processo ali não prossegue. Então, gastar o valioso tempo para quê, afinal.

Ah, mas pelo índice de audiências de novelas, Big Brother Brasil e programas de ratinhos e dantenas o governo manipula este lastimável show circense sob a batuta de marqueteiros profissionais das emissores de televisão.



Outros surgirão porque a causa está ligada a orçamento, tributos, leis, uma enorme quantidade de leis, de restrições de toda ordem que engessam a gestão pública. Também como causa a interminável carga tributária que sustenta uma verdadeira indústria cartorial, onde se postam dificuldades legais, estatutárias para, enfim, se vender "facilidades".

Mensalão tem forte conexão com Medidas Provisórias, com "by-pass" constitucionais para o Executivo poder executar as ações de gestão necessárias. Como, via de regra, as deliberações legais "demoravam"  na Casa Baixa do Legislativo enquanto "compensações" ou destaques orçamentários egoísticos eram exigidos por parlamentares em contra-partida das votações de caráter urgente ou urgentíssimo.

Cachoeira tem a ver com ONG e outras ferramentas de "governo informal e paralelo" para, também, "by-passar" impeditivos legais, Tribunais de Contas, Lei de Responsabilidade Fiscal e uma miríade legislativa típica de uma sociedade de idiossincrasia cartorial e centralizadora.

Enquanto não houver reformas Fiscais, Tributária e Política não acabar-se-ão Cachoeiras e Mensalões. Simples assim.

Ah, quanto a novela...

O cidadão que acompanha está esperando, triunfante, o momento final para estufar os peitos de dizer "É um absurdo, um bando de cabasafados" e vai ficar por isto mesmo. É só esperar. Aí, todos seguem felizes para seu canto esperando a pedra de Sisyphus rolar morro abaixo para iniciar outro affair circense televisivo.

Sisyphus poderia achar uma Cachoeira e derrubar, definitivamente, de lá, sua rocha, mas e os espectadores brasileiros? Como ficariam?!?!?
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