sábado, 9 de junho de 2018

Mandos e desmandos

Julianna Sofia- Folha de S. Paulo

Erros do governo na paralisação dos caminhoneiros alimentaram nervosismo do mercado

A tragédia de erros do governo Michel Temer para pôr em prática o acordo que suspendeu a paralisação dos caminhoneiros agregou o ingrediente faltante ao clima volátil que, gradativamente, vinha se instalando no mercado financeiro dadas as incertezas no cenário externo e a indefinição do quadro eleitoral.

Não só o anacronismo das decisões —como o subsídio para o diesel e o tabelamento do frete—, mas os inúmeros mandos e desmandos sedimentaram a imagem de que o “piloto sumiu”, como bem classificou um gestor de investimentos.

Enquanto o ministro Eduardo Guardia (Fazenda) reiterava não haver espaço orçamentário para ampliar a subvenção federal à gasolina, o colega Moreira Franco (Minas e Energia) insistia na criação de um colchão tributário para amortecer altas nos preços dos combustíveis. O choque de versões foi aparentemente aplacado ao se jogar a batata quente nas mãos da ANP. A agência reguladora pretensamente quer discutir a periodicidade dos reajuste dos combustíveis, tirando o foco do governo e da Petrobras.

Com dificuldade de cumprir o tabelamento do frete, o governo vai para uma terceira versão da planilha de preços. Blairo Maggi (Agricultura) e o escudeiro de Temer, Eliseu Padilha, falam línguas diferentes. À ordem de rever a tabela por prejudicar o setor produtivo e gerar inflação, a contraordem para apenas retificar erros, sob a espreita de caminhoneiros ainda pintados para greve.

Em meio à histeria da banca financista, o Palácio do Planalto e o próprio presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, negaram boatos de que ele vá deixar o cargo. Chamuscado, o BC de Ilan está sendo testado pelo mercado, que age desconfiadamente em movimento de manada.

Foi já no ambiente crítico de bate-cabeça que Moreira respondeu em entrevista à Folha na semana passada sobre uma eventual saída do então presidente da Petrobras, Pedro Parente: “É como na música do Tim Maia: não há motivo”. Cinco dias depois, o executivo encontrou um.

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