quarta-feira, 2 de maio de 2012

O peso dos estudos


O peso dos estudos
CAROLINA MANSUR e MARINELLA CASTRO
Correio Braziliense






Especialistas estimam que, na próxima década, a abertura de vagas no mercado de trabalho deve consolidar a realidade atual, com metade das oportunidades concentrada em comércio e serviços, seguidos por indústria e agricultura. Setores como energias limpas, tecnologia da informação e mineração ganharão, por sua vez, novo destaque em geração de empregos e a construção civil deve se estabilizar.

Nesse novo cenário, deve ganhar força até 2020 o chamado "setor dois e meio", entre o público e o privado. Nele estão organizações não governamentais (ONGs) e organizações civis de interesse público (Oscips), além de entidades que lidam com negócios ambientais, explica João Bonomo, professor do Ibmec-BH. Negócios sociais com fins lucrativos estão entre as apostas do especialista.

Ele sublinha que, apesar do crescimento de áreas industriais como petróleo e gás, impulsionadas pelo pré-sal, o grande salto deverá ser dado mesmo pelos serviços, repetindo o movimento experimentado nos países industrializados. Com o crescimento da renda e da escolaridade da população, especialistas são otimistas quanto à formação de novo perfil de trabalhador, que estará mais bem educado ao término da próxima década.

Essa toada dará também novo fôlego para "velhas profissões": pedagogos e professores de matemática, geografia e português. "À medida que as famílias ganham mais, investem nos filhos, que, mais educados, têm mais oportunidades", comenta João Andrade, coordenador do curso de tecnologia em gestão do Centro Universitário Newton Paiva.

Segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), um ano a mais de estudo, independentemente do nível de escolaridade, garante de 5% a 6% a mais no salário do trabalhador. A favor disso, empresas e especialistas em recursos humanos tornaram qualificação palavra de ordem, para espantar o chamado apagão de mão de obra. "Há grande deficit de pessoal desde a base até o comando", comenta Sara Rios, consultora da Lead Empresarial. Para ela, quem tem mais estudo tente a preencher mais rápido qualquer vaga.

O presidente do Conselho de Relações do Trabalho da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), Osmani Teixeira de Abreu, afirma que o trabalhador precisa ficar atento aos requisitos exigidos pela empresa, sobretudo no que se refere à escolaridade. Ele lembra que com a automação, o trabalhador precisa ter conhecimento técnico para sua área de atuação. "É preciso que todos entendam o quanto o estudo permanente é importante para fazer carreira. Sem conhecimento é muito difícil ter boa colocação no mercado", reforça.
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