domingo, 25 de julho de 2010

Construtivismo e destrutivismo






Vem, então a pergunta:  Isto é coerente? Tendo-se em consideração estarmos tendo dificuldades de formação de mão de obra a ponto de se importar cerca de 40 mil estrangeiros ao ano, de também termos dificuldades em produzir componentes de alta tecnologia nas platarformas marítimas em contra-partida    ao fato de termos um bom aumento percentual de titulações de quarto e quinto graus universitários nas áreas humanas  ao mesmo tempo que vivemos com as carências para o nosso desenvolvimento econômico e social, isto é ao menos lógico?



Será que com o nível de complexidade das tecnologias, comportamentos sociais, desenvolvimento econômico, confusão e quebra de valores sociais, valorização da banalidade e da violência, enfim... uma criança terá condições de, absorvendo de forma subliminar estes fatos em sua realidade diária, elaborar de forma autônoma conceitos para fomentar seu aprendizado?


Será que esta enorme quantidade de cursinhos para concurso de toda sorte não ressaltam esta carência na formação básica? E o que dizer de mais de 7000 estabelecimentos de ensino abaixo da média do Enem?


Será que estou ficando estúpido na medida que mais estudo?

Para mim a reportagem abaixo nos dá algumas pistas  sobre a estultíce coletiva que vivenciamos.






Construtivismo e destrutivismo

"O construtivismo é uma hipótese teórica atraente e que pode ser útil na sala de aula. Mas, nos seus desdobramentos espúrios, vira uma cruzada religiosa, claramente nefasta ao ensino"









Claudio de Moura Castro









Tinha missão é árdua: quero desvencilhar o construtivismo dos seus discípulos mais exaltados, culpados de transformar uma ideia interessante em seita fundamentalista. O construtivismo busca explicar como as pessoas aprendem. Prega que o processo educativo não é uma sequência de pílulas que os alunos engolem e decoram. É necessário que eles construam em suas mentes os arcabouços mentais que permitem entender o assunto em pauta. Essa visão leva à preocupação legítima de criar os contextos, metáforas, histórias e situações que facilitem aos alunos "construir" seu conhecimento. Infelizmente, o construtivismo borbulha com interpretações variadas, algumas espúrias e grosseiras. Vejo quatro tipos de equívoco.
O segundo erro é achar que todo o aprendizado requer os andaimes mentais descritos pelo construtivismo. Sem maiores elaborações intelectuais, aprendemos ortografia, tabuadas e o significado de palavras.O primeiro engano é pensar que teria o monopólio da verdade - aliás, qual das versões do construtivismo? As hipóteses de Piaget e Vigotsky coexistem com o pensamento criativo de muitos outros educadores e psicólogos. Dividir o mundo entre os iluminados e os infiéis jamais é uma boa ideia.
O terceiro é aceitar uma teoria científica como verdadeira por conta da palavra de algum guru. Em toda ciência respeitável, as teorias são apenas um ponto de partida, uma explicação possível para algum fenômeno do mundo real. Só passam a ser aceitas quando, ao cabo de observações rigorosas, encontram correspondência com os fatos. Einstein disse que a luz fazia curva. Bela e ambiciosa hipótese! Mas só virou teoria aceita quando um eclipse em Sobral, no Ceará, permitiu observar a curvatura de um facho luminoso. O construtivismo não escapa dessa sina. Ou passa no teste empírico ou vai para o cemitério da ciência - de resto, lotado de teorias lindas.
Não obstante, muitos construtivistas acham que a teoria se basta em si. De fato, não a defendem com números. Obviamente, nem tudo se mede com números. Mas, como na educação temos boas medidas do que os alunos aprenderam, não há desculpas para poupar essa teoria da tortura do teste empírico, imposto às demais. Por isso, temos o direito de duvidar do construtivismo, quando fica só na teoria. Mas o que é pior: outros testaram as ideias construtivistas, não encontrando uma correspondência robusta com os fatos. Por exemplo, orientações construtivistas de alfabetizar não obtiveram bons resultados em pesquisas metodologicamente à prova de bala.
O quarto erro, de graves consequências, é supor que, como cada um aprende do seu jeito, os materiais de ensino precisam se moldar infinitamente, segundo cada aluno e o seu mundinho. Portanto, o professor deve criar seus materiais, sendo rejeitados os livros e manuais padronizados e que explicam, passo a passo, o que aluno deve fazer.
Desde a Revolução Industrial, sabemos que cada tarefa deve ser distribuída a quem a pode fazer melhor. Assim é feito um automóvel e tudo o mais que sai das fábricas. Na educação, também é assim. Os materiais detalhados são amplamente superiores às improvisações de professores sem tempo e sem preparo.
De fato, centenas de pesquisas rigorosas mostram as vantagens dos materiais estruturados ou planificados no detalhe. Seus supostos males são pura invencionice de seitas locais. Quem nega essas conclusões precisa mostrar erros metodológicos nas pesquisas. Ou admitir que não acredita em ciência.
Aliás, nada há no construtivismo que se oponha a materiais detalhados. Entre os construtivistas americanos, muitos acreditam ser impossível aplicar o método sem manuais passo a passo.
Em suma, o construtivismo é uma hipótese teórica atraente e que pode ser útil na sala de aula. Mas, nos seus desdobramentos espúrios, vira uma cruzada religiosa, claramente nefasta ao ensino.
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3 comentários:

  1. Como convencer a educadores que esse nao é o caminho... Eis o problema... Alguns adotam o construtivismo cegamente sem conhecer a teoria e suas aplicações. Saem pregando e aplicando como se fosse a tábua da lei.
    Marise

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  2. Caro Amigo
    O construtivismo não é uma ideologia assim tão inocente e infantil. Ela perdura pela vida adentro e a sua vítima passa acreditar que basta "construir" uma vontade política para que um outro mundo possível aconteça.
    Hayek em seu livro - New Studies in Philosophy, Politics, - Economics and The History of Ideas,-
    faz uma análise perfeita sobre como que essa raiz educacional produziu tantas catástrofes humanas, vide Hitler, Stalin e Mao.
    Hayek considera que ao invés de os sábios da humanidade considerarem construir um mundo, o mundo, na realidade, se organiza segundo uma ordem espontânea desde que haja liberdade para os indivíduos.
    Popper vai na mesma linha e diz em "Sociedade Aberta e seus Inimigos" que modernamente as sociedade fechadas, intervencionista são moldadas por "engenheiros sociais" que acreditam que sabem construir o que é melhor para cada um.
    Por isso, quando ouço do primeiro escalão do Governo e da candidata que "precisamos construir um projeto; construímos a idéia de que tal coisa é boa...," eu me assusto, porque, como diz o ditado: o vício do cachimbo deixa a boca torta.
    Que Deus nos proteja dos engenheiros sociais que acham que sabem o que é bom para cada um.

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  3. o que é desrutivismo que eu não entendi até agora?

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