terça-feira, 13 de julho de 2010

Dunga, Maradona e o degastado conceito de liderança



Encerrada a Copa do Mundo, os indefectíveis palpites acerca de liderança não tardarem em surgir, notadamente após a eliminação frente à Holanda.

Da farta quantidade de opiniões "tudaver" que delineam o desejado perfil do líder, chamou-me a atenção a comparação favorável do Maradona como líder pelo simples fato de ele, ao final do jogo onde sua seleção foi derrotada pela Alemanha, ter ido abraçar um a um dos jogadores.
Claro está que os consultores de plantão, com sua exímia capacidade de manter um farto banco de dados conceituando liderança escrito nos últimos trinta anos por outros, da mesma forma, consultores conseguem, deste simples ato, escrever densos e longos tratados de fazer inveja às bulas intercoeteras (por favor, pronuncia-se "intercéteras").

Esse é um dos riscos de se confundir empatia e paternalismo com liderança, erro muito comum nos inúmeros textos tipo  "grande sacada" de consultores que, pelo que escrevem, nunca passaram perto de desafios de chão-de-fábrica ou oficina, hangar de manutenção de aeronaves ou canteiro de obras.


Se fora situacional a comparação  até concordo, pois esta liderança adstringe-se ao campo de futebol e a uma partida, contudo será que dá para comparar e dar méritos a Maradona em relação a Dunga? Confundir empatia, popularidade com carisma e circunspecção é comum nessas análises apressadas.

Em se resgatando conceitos, também muito comuns, dir-se-ia sobre o exemplo, o indefectível, venerando e válido desde o início da humanidade, exemplo.

Será que em uma comparação mais ampla e profunda acerca de características e atributos de um líder Maradona daria exemplos melhores que Dunga?

Dunga teve que fazer tratamentos médicos contra dependência de drogas? Sendo até, referencial de mal exemplo para gerações mais novas?

Dunga saiu fugido da Itália para não ser preso por dever impostos?
Dunga já dormiu em delegacia por arruaça?

O problema que vejo no tema  liderança é que qualquer um usando uns argumentos situacionais bem escritos podem produzir textos que agradem, mas a liderança em si é mais complexa, mais profunda e vai muito além do que se pode inferir daqui, sem se conhecer todo o cenário de um campo de futebol onde muito há em jogo, baseando-se penas imagens televisivas.
 
O erro que percebo é que os consultores analistas não se preocuparam em analisar o cenário e a ambiência onde o fenômeno ocorre. Simplesmente escrevem o que a expectativa do mercado lhes orienta.
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