terça-feira, 6 de julho de 2010

Malandragem no Mercosul






Amigos, o tema é chato, não é de domínio da maioria contudo guarda uma enorme importância para nós e nossos vizinhos.


A questão está na ideologia e pragmatismo que sustenta a ação do mesmo grupo fechado em torno do presidente que o estimula a fazer negócios com o Irã. Também tem o indefectível alinhamento doutrinário com o FSP.

Uma vez mais mostra-se, evidencia-se, escancara-se que o Congresso Nacional, mais em particular, o Senado Federal abdicou de sua responsabilidade em função de algumas "trinta moedas" arremessadas pelo presidente para anuir com suas decisões em favor do grupo que lhe sustenta. Já foi assim com o ingresso da Venezuela no bloco. Tudo tudo sob o atento olhar do cochilante e politicamente esclarecido cidadão brasileiro agora embriagado pela copa do mundo.

Imagine vc pai de família, empregado em uma das várias empresas componentes da cadeia produtiva que atende a acordos do Mercosul. O que fazer com este "inesperado" surplus de produtos? Vende-se baratíssimo para ficar competitivo no mercado interno e deve rolar algumas demissões em função disso.

Amigos, fortalecer o Mercosul é prioritário para nosso futuro e desenvolvimento, bem como segurança pública. Pode-se esquecer de alguns eventos, mais a aliança do PCC com os guerrilheiros paraguaios que atacaram, meses atrás, um senador daquele país é apenas um dos resultados dessa lamentável política externa de partido, sequer pode-se dizer que seja de governo, muito menos de Estado.

Estamos indo mal neste mister.










Malandragem no Mercosul



Não haverá limites ao protecionismo argentino enquanto o governo brasileiro for omisso ou tolerante em relação aos desmandos praticados pelas autoridades de Buenos Aires. O Brasil é o maior comprador de produtos exportados pela Argentina. Se Brasília resolver agir em defesa não só dos exportadores nacionais, mas também do estropiado Mercosul, poderá restabelecer o mínimo indispensável de ordem e de respeito no funcionamento do bloco. Respeito é a palavra correta: a nova iniciativa da presidente Cristina Kirchner e de seu secretário de Comércio Interior, Guillermo Moreno, é um indisfarçável deboche.
Moreno simplesmente proibiu importadores e dirigentes de supermercados de comprar alimentos similares aos da produção local. Nenhuma ordem escrita foi emitida, mas houve ameaça de pressões da Receita contra os desobedientes. A presidente da República negou publicamente qualquer nova ação protecionista. O presidente Lula engoliu o desmentido, passivamente, durante encontro na recente cúpula América Latina-União Europeia, em Madri.
Só na semana passada, segundo informação levantada pela Agência Estado, empresários argentinos cancelaram 25% das encomendas a exportadores brasileiros. Produtos enviados do Brasil, do Uruguai, do Paraguai e do Chile continuavam barrados nas fronteiras e nos portos argentinos. O México também não escapou e os governos dos países afetados têm reagido, exceto, naturalmente, o brasileiro. A Fiesp já expressou sua preocupação diante da escalada protecionista do maior parceiro do Brasil no Mercosul, mas sem resultado perceptível até agora.
Os empresários brasileiros conhecem bem o protecionismo informal. Durante anos, a Carteira de Comércio Exterior do Banco do Brasil, a Cacex, controlou o ingresso de produtos estrangeiros com a emissão de licenças. Quando o interesse era restringir, os papéis eram simplesmente engavetados.
Processos desse tipo abrem espaço a arbitrariedades e à distribuição de vantagens setoriais e até individuais. Dificilmente se encontrará um empresário brasileiro disposto a defender esse controle sem regras e sem segurança, mesmo entre os menos favoráveis ao livre comércio.
Ao adotar esse recurso, o governo argentino dá um grande passo para trás em termos institucionais. Isso deveria ser suficiente para inquietar os empresários e, de modo geral, os cidadãos interessados na segurança legal e no aperfeiçoamento da democracia. Mas essa política é também um retrocesso no campo diplomático. Até agora, o governo da presidente Cristina Kirchner vinha recorrendo, embora de forma abusiva, a meios de proteção formalmente previstos em acordos internacionais.
Esse foi o caso das licenças não automáticas de importação, adotadas a partir de 2008. O recurso a esse instrumento ampliou as barreiras a produtos estrangeiros, com prejuízos especialmente para o Brasil.
Além de impor uma restrição comercial incompatível com os objetivos do Mercosul, o governo de Buenos Aires acabou violando normas da Organização Mundial do Comércio, ao demorar mais de 60 dias de fato, até mais de 180 para emitir as licenças. Mas pelo menos era explícita a exigência de licenciamento, ainda em vigor graças à passividade do governo brasileiro.
As novas barreiras foram justificadas por fontes do governo argentino, há algumas semanas, como defesa contra a desvalorização do euro. Ao mesmo tempo há ações contra a concorrência chinesa, classificada como desleal por industriais e autoridades da Argentina. Mas a maior parte das barreiras criadas pelo governo de Buenos Aires acaba afetando o Brasil, mesmo quando o objetivo alegado é a defesa contra competidores de fora do Mercosul ou da América Latina.
Nada pode justificar a tolerância do governo brasileiro ao protecionismo do governo argentino. Se a ideia é colaborar com o vizinho e sócio no Mercosul, há maneiras de agir mais eficientes e mais leais. A nova barreira imposta vai além da violação das boas normas de comércio e de integração econômica e resvala para a mais barata malandragem. É o Mercosul levado a seu nível mais baixo. 
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